DURANTE FILMAGENS
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Cacau Protásio durante filmagens de Juntos e Enrolados em quarto do Corpo de Bombeiros do Rio
REDAÇÃO
Publicado em 26/12/2023 - 16h30
Cacau Protásio vai ser indenizada em R$ 80 mil por causa de áudios e vídeos com ofensas racistas e gordofóbicas atribuídas a bombeiros do Rio de Janeiro. A atriz foi discriminada após as filmagens do longa-metragem Juntos e Enrolados (2022) em um quartel no centro da capital fluminense.
A comediante havia recorrido da primeira decisão do caso, em que a Justiça determinou o pagamento de indenização de R$ 30 mil. O valor vai ser pago pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. As informações são do G1.
Durante as gravações em 2019, Cacau foi surpreendida pelos áudios e os vídeos com comentários racistas, homofóbicos e gordofóbicos em relação a ela e ao elenco. A comediante contou que o choque foi ainda maior porque, durante as filmagens, não havia notado qualquer hostilidade --e, pelo contrário, havia sido bem tratada pelos profissionais.
Na ocasião, a corporação lamentou o caso e disse que não compactuava com qualquer ato discriminatório. Dois agentes responsáveis pela gravação com as ofensas foram punidos. Um deles ficou preso por três dias; e o outro, por dez.
Na decisão em segunda instância, a desembargadora Ana Cristina Nacif Dib Miguel afirmou que o Estado é responsável pelas ações de seus funcionários. A magistrada ainda ressaltou a gravidade das ofensas e a ampla repercussão do caso.
Cacau Protásio usou seu Instagram para desabafar sobre preconceito. Aos prantos, a atriz mostrou sua indignação quanto às ofensas que sofreu durante a gravação da cena de um filme, que aconteceu no Batalhão do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. "Eu conto história, conto ficção. Eu não mereço ser agredida. Assim como ninguém merece", disse ela, chorando.
O caso aconteceu em 2019, quando a atriz esteve no Batalhão dos Bombeiros para realizar a gravação do filme Juntos e Enrolados. Na cena, a personagem sargento Diana vai falar com seu superior, que é apaixonado por ela. No meio da conversa, ele terá uma alucinação e a verá dançando no meio do pátio.
Essa sequência foi filmada por um dos bombeiros do batalhão, que divulgou as imagens nas redes sociais e fez ofensas à atriz. "Para gravar no Batalhão tínhamos todas as autorizações necessárias, inclusive com a assessoria do próprio Corpo de Bombeiro", esclareceu Cacau no vídeo que publicou para explicar a situação.
Visivelmente abalada, ela explicou que teve ajuda de várias pessoas durante a gravação, inclusive bombeiros. Porém, depois ela começou a ser ofendida. "Existem pessoas que estão me agredindo, me xingando. Eu sou negra, gorda, sou atriz e tenho orgulho de tudo isso. Agradeço a Deus todos os dias, quem me conhece sabe, mas eu acho isso uma falta de respeito", desabafou ela.
Na gravação feita pelo profissional e divulgada na internet, o homem profere palavras racistas, gordofóbicas e homofóbicas. "Ele espalhou o vídeo com o pedaço de uma única cena, me xingando, falando: 'aquela negra, gorda, filha da puta, com aquela cambada de viado'. Racismo é preconceito se ele não sabe. Isso é muito triste, não sei porque tanto ódio", disse ela.
Em nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro informou que não compactua com qualquer ato discriminatório e abriu um procedimento interno para identificar os militares envolvidos.
"A corporação se solidariza com a atriz Cacau Protásio. O CBMERJ reforça o seu compromisso com a população de Vida Alheia e Riquezas Salvar independente de cor, gênero, raça ou qualquer outra distinção. Os atos divulgados não representam a corporação centenária que, por anos seguidos, é considerada a instituição mais confiável do Brasil", afirmou a corporação.
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