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João Rebello

Ator mirim que apanhava em Bebê a Bordo deixa novelas e dirige clipes de funk

Divulgação

Após fazer novelas na infância, João Rebello hoje trabalha como diretor, produtor e DJ - Divulgação

Após fazer novelas na infância, João Rebello hoje trabalha como diretor, produtor e DJ

FERNANDA LOPES

Publicado em 18/5/2018 - 5h20

João Rebello teve uma bem-sucedida carreira como ator mirim na Globo, com dez novelas em 11 anos. Uma delas foi Bebê a Bordo (1988), no ar no canal Viva, em que interpretou um filho maltratado pela mãe. Ao crescer na televisão, ele se interessou também pelos bastidores e pela parte técnica e mudou de carreira. Aos 39 anos, deixou as novelas de lado, é sócio de uma produtora no Rio e virou referência na realização de clipes de funk.

"Sempre tive interesse por todas as áreas da produção. A Globo é uma escola, uma fábrica, eu sempre fui interessado em mexer nas câmeras, ia no switcher em que o diretor fica fazendo os cortes. Achava demais as máquinas", conta.

Divulgação

Rebello ao lado de Ludmilla: dirigiu dois clipes dela

"A produtora tem dez anos, fazemos clipe, vídeo publicitário, efeitos. A gente faz clipes que são referência [no funk], sempre pensamos em ideias criativas. Eles ficam eternos no YouTube, queremos fazer clipes elaborados, com ideias que fujam um pouco da fórmula", explica. Rebello tem no portfolio clipes de Ludmilla e MC Duduzinho.

Ele também atua como DJ (sob o codinome de João Woo) e diz que a empresa foi pioneira na mixagem de funk com música eletrônica. O diretor está tão envolvido com o gênero musical que seu maior projeto hoje é um documentário sobre a história e as influências do funk.

"Se chama Pontos de Funk, é sobre produtores e de onde eles tiram as ideias dos samples [trechos ou elementos sonoros de uma música que são cortados e utilizados em outra canção, de outra maneira]. [Abordamos] A influência da macumba, do samba, dos atabaques da África. Mas documentário tem que fazer com calma, leva um tempo pra entrevistar todo mundo, deixar do jeito que a gente quer. Planejamos lançar no ano que vem", promete.

divulgação/tv Globo

Glória Menezes ao lado de João Rebello durante as gravações de Deus nos Acuda (1992)

Faz-tudo
Para Rebello, a transição de ator para DJ, produtor e diretor aconteceu tão naturalmente quanto sua entrada na TV. Sobrinho do diretor Jorge Fernando, ele atuou "de brincadeira" em dez novelas da Globo, como Vamp (1991), Deus nos Acuda (1992), Cambalacho (1986) e Bebê a Bordo.

Na trama de Carlos Lombardi, reprisada desde janeiro deste ano, Rebello interpretou Juninho, garoto que apanhava da mãe. Nos bastidores, o ator mirim não ligava para as agressões. Pelo contrário, até se divertia.

"[Os telespectadores] Achavam muito engraçada a maneira como eu tratava meu filho. Eu empurrava, chamava de garoto cansativo, chato. Tem uma cena em que eu penso que devia estar possuída pra fazer, saio arrastando o menino pela beira da piscina. Hoje, isso ia dar problema, imagina. Mas as pessoas gostavam, e o menino amava. Tinha dia que eu estava cansada, e ele falava: 'Você não vai me bater hoje, não?'", lembrou a atriz Inês Galvão em entrevista ao Notícias da TV. 

Reprodução/TV Globo

João Rebello caracterizado como o Sig, de Vamp

"O clima era bem familiar na Globo, era sempre um conforto fazer [novelas]. Eu gosto de rever, acho muito legal ter os registros. É muito maneiro ver como as novelas eram loucas, até a tecnologia, a montagem", reflete.

A última novela de Rebello foi Zazá, em 1997. Aos 18 anos, ele foi estudar na Inglaterra e se afastou da TV brasileira. Também passou a ficar cada vez mais atrás das câmeras e parou de pensar em uma possível carreira de ator.

"A profissão de ator necessita que você acredite muito na sua arte. Tem que estar sempre preparado, fazer testes, se dedicar ao personagem, é uma vocação. Tirei um tempo da minha vida em que fui morar fora, aí fui perdendo o ritmo de novelas, que têm uma jornada muito grande", confessa.

Há cinco anos, Rebello voltou a aparecer na TV, discretamente: a convite do tio, ele foi DJ no Divertics (2013) e até participou de alguns esquetes.

O diretor trabalha hoje no piloto de um programa sobre esportes e vida fitness (ainda sem canal definido) e acredita que a tendência atual entre os artistas é ser multitalentos.

"Acho que cada vez mais as pessoas estão muito multitarefas na área criativa. Escrevem, têm capacidade de produzir algo, ficam na frente das câmeras e atrás. O trabalho artístico não é tão sedimentado como já foi. Existe um renascimento, as pessoas desenvolvem várias técnicas dentro das artes. Dá vontade de ter várias profissões em vez de uma só", conclui.

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