'DOR NÃO ACABA'
REPRODUÇÃO/YOUTUBE
Marcius Melhem em vídeo de seu canal no YouTube; ele voltou a comentar denúncias de assédio
[Alerta de gatilho: este texto contém informações que podem ser sensíveis a pessoas com depressão ou tendências suicidas]
Marcius Melhem já é considerado réu por assédio sexual --afinal, a Justiça acatou a denúncia do Ministério Público em agosto--, mas insiste em dizer que não tem medo de ser preso. Até porque, segundo ele, seria um "absurdo completo" se isso acontecesse. Mas a certeza não blindou a mente do humorista, que admitiu ter pensado em suicídio devido ao linchamento público.
"É uma dor que não passa. Você quer gritar para o mundo que não é aquela pessoa, que não fez aquilo, que tem provas. Mas ninguém quer te ouvir", desabafou ele, em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. O humorista afirmou que, desde que esses pensamentos vieram à tona, optou por fazer psicoterapia todos os dias. Psiquiatras receitam tratamentos mais densos dia sim, dia não.
Segundo o ex-diretor, a grande questão é que a denúncia balançou a fé que ele tinha ao buscar a Justiça. Ele se sente impotente, considerando que se diz responsável por judicializar o caso. De fato, ele foi à Justiça contra Dani Calabresa em janeiro de 2021, após as acusações contra ele chegarem à imprensa no final de 2020. Em dezembro anterior, contudo, oito mulheres já haviam buscado o Ministério Público para oficializar suas denúncias.
A Justiça só tornou o humorista réu em agosto desde ano, e apenas sob a acusação de três mulheres: as atrizes Carol Portes e Georgiana Góes, e uma editora da TV Globo. A promotoria, que inicialmente citava 11 vítimas, afirmou que as outras acusações --inclusive a de Dani Calabresa-- prescreveram.
Ainda assim, Melhem torce para conseguir provar sua inocência nos três casos. Mas afirma saber que o simples arquivamento das denúncias não vai resolver sua questão diante da opinião público. "É por isso que me dá desespero. Eu vejo que a coisa não para. Quantas mentiras eu tenho que provar para encerrar esse caso?", argumentou ele.
As oito que me acusam são amigas, se conhecem, são de um mesmo grupo. Fica escancarado que houve uma combinação. Em crimes sexuais, lutou-se muito para que a palavra da mulher tivesse força de prova. Por isso você não pode mentir.
O acusado definiu o processo como "junção de ressentimentos e de vinganças". Até porque, segundo ele, "não era proibido, e até hoje não é, que as pessoas tenham relacionamentos amorosos dentro da empresa, independentemente da hierarquia entre elas" --ele teve um caso com Veronica Debom, uma das denunciantes. Aliás, o ator disse ter sido demitido sob um acordo justamente porque a Globo não comprovou assédio.
Mesmo numa guerra, há regras de humanidade. O que fizeram comigo foi desumano. Uma execração pública sem nenhuma prova, sem nenhum nome. É uma covardia muito cruel. Eu provo que a Dani Calabresa mente, e ninguém nunca vai perguntar para ela por que ela mentiu. Você [a colunista] está aqui me perguntando milhões de coisas. Mas ninguém nunca pergunta nada a elas.
Aliás, Melhem acredita que só virou réu mês passado por causa da atual promotora do caso no Supremo Tribunal Federal. "Antes de ela vir, quatro delegadas e cinco promotoras analisaram esse caso. E eu não fui indiciado nem denunciado por nenhuma elas", disse.
Mas ele também admitiu não guardar ressentimentos, nem mesmo das denunciantes. "Isso é o que é o mais doido: eu ainda tenho, por algumas, o sentimento de que elas estão sendo profundamente manipuladas e enganadas. Às vezes eu ainda sonho que estamos trabalhando juntos."
Ele, no entanto, definiu que o mais importante de tudo é que as filhas, Nina e Manuella, acreditem nele; que "tenham a convicção de que o pai delas lutou até o fim para que a verdade aparecesse".
"A Joana [Rosenfeld, ex-mulher e mãe das filhas de Melhem] tem a terapeuta dela, e cada uma das meninas tem a sua. Tudo é muito conversado. Joana fala para mim, e eu falo para ela: "Vamos, porque a vida é maior", contou ele, emocionado. "Com tudo o que aconteceu, ela está do meu lado. Porque ela viveu isso. Ela viu essas pessoas na minha casa. Ela sabe das mentiras", concluiu o diretor.
Se você está atravessando um momento difícil e precisa de ajuda, ligue para o CVV (Centro de Valorização a Vida), no número 188, e receba apoio emocional e prevenção do suicídio. A ligação é sigilosa e gratuita para todo o território nacional.
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