ENGAJAMENTO É TUDO!
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Tiago Leifert comemora entrada do programa no Guinness World por recorde de votação
O BBB21 fez --e ainda faz-- o Brasil parar. Enquanto participantes desta edição acumulam milhões de seguidores nas redes sociais, na versão dos Estados Unidos o engajamento é quase insignificante. E algumas diferenças nas regras e no formato do jogo ajudam a explicar esse fenômeno.
O número de fãs dos brothers na versão brasileira do reality cresce exponencialmente. Juliette Freire, por exemplo, ainda nem saiu da casa e já ocupa o terceiro lugar no ranking de popularidade de ex-BBBs, com mais de 21,8 milhões de seguidores no Instagram.
Já na edição americana, o participante mais seguido é Frankie Grande, que conta com pouco mais de 2 milhões --e isso só porque é irmão da cantora Ariana Grande. Segundo um levantamento do site Screen Rant, a segunda gringa mais seguida é Nicole Franzel, que já participou do programa três vezes e tem "apenas" 735 mil fãs --até Kerline Cardoso, a primeira (e inexpressiva) eliminada do BBB21, está à frente da americana nesse quesito.
No Big Brother Brasil, o público tem o poder de decidir o futuro dos jogadores e fazer justiça com as próprias mãos. Esse aspecto faz com que todos queiram acompanhar a trajetória de seus favoritos e vilões a cada passo e definir o final preferido de suas "novelas da vida real".
Já no programa norte-americano, ao chegar em determinado ponto do jogo, os participantes eliminados passam a morar em outra casa e formam o júri. Eles é que ficam responsáveis por escolher, entre os dois últimos competidores, o grande campeão.
Na versão nacional, é comum que o espectador selecione seu favorito rapidamente. O fato de o público acompanhar diariamente as atitudes de cada um dos jogadores contribui para a compreensão de "quem é quem" e qual o lado "certo" da disputa.
No Big Brother EUA, não funciona bem assim. O foco dos participantes é o jogo, e a convivência fica em segundo plano. É comum ver amigos se traírem ou estratégias malucas serem criadas em momentos de desespero pré-eliminação. E se engana quem pensa que as armações não dão frutos; muitas vezes, os próprios inimigos votam para o estrategista ser o campeão.
DIVULGAÇÃO/CBS
Julie Chen, apresentadora do Big Brother EUA
No BBB21, alguns assuntos sociais entraram em cena, como no caso do comentário do Rodolffo sobre o cabelo do professor João Luiz. Isso contribui para que a população se envolva e discuta questões relevantes que não estão presentes apenas no universo do entretenimento.
No programa dos Estados Unidos, questões polêmicas costumam ser varridas para baixo do tapete. A escolha do elenco também interfere nesse aspecto, os personagens selecionados são americanos que reforçam alguns padrões. Mas os telespectadores se posicionaram a favor da diversidade, e a emissora CBS concordou que 50% dos elencos dos realities teriam de ser formados por minorias a partir de 2021.
"Nos Estados Unidos, a emissora ignorava as bandeiras levantadas pelo público. Em uma determinada época, passaram a colocar avisos de conteúdo inapropriado quando o episódio tocava em questões de preconceito mas, na prática, não tinha muita conversa", explica Victor Cavalcanti, advogado e que acompanha edições do Big Brother em vários países diferentes.
Também por causa das discussões sociais, o público do reality brasileiro passou a conversar sobre o programa em casa, na escola e nos encontros de bar. A atração deixou de carregar a faixa de "entretenimento burro" e passou a interferir no modo como enxergam determinadas pautas.
O Big Brother EUA, entretanto, é visto como um besteirol americano, e o povo não costuma transformar espaços de convivência em grandes rodas de debate sobre o programa. Além disso, é difícil se posicionar a favor de um ou outro jogador, já que qualquer um deles está predisposto a falar alguma barbaridade.
Cavalcanti explica que o medo do cancelamento é menos presente no reality americano. "Os participantes não têm papas na língua. Alguns chegaram a perder seus empregos do lado de fora mas, lá dentro, a produção só chamou para uma conversa, que não mudou nada."
É comum que a produção escolha seguir uma linha de raciocínio sobre a história que deseja contar ao longo da edição. Entretanto, no Brasil, essa prática foi completamente modificada quando as redes sociais explodiram. Hoje em dia, o público acompanha o programa por todas as plataformas e a qualquer hora. Por isso, se qualquer fala for omitida, a direção será cobrada por isso.
"O público acompanha no Twitter ou no Instagram e consome o conteúdo o dia inteiro, isso faz com que eles escolham até a narrativa da edição. Quando o Boninho não exibe algo, eles sobem hashtags e vídeos daquele determinado trecho", opina Cavalcanti.
A história é diferente no que se refere ao reality gringo. O programa tem uma periodicidade diferente, ou seja, não é transmitido diariamente para quem está no sofá. Em função disso, é possível montar uma narrativa com o elenco, mesmo que seja escondendo determinadas conversas.
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