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FEBRE ENTRE FAMOSAS

Uso de filtros nas redes sociais pode viciar e causar transtornos gravíssimos

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Beatriz Reis e Matteus Amaral posam para foto numa praia

Bia Reis e Matteus Amaral em foto que viralizou por erro na edição: gaúcho ficou 'sem orelha'

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 29/6/2024 - 14h00

É cada vez mais difícil entrar nas redes sociais e encontrar as famigeradas "fotos sem filtro". Fica complicado aceitar as próprias imperfeições quando até famosas recorrem aos retoques com frequência. Porém, é necessário estabelecer um limite nas edições --afinal, o uso do conhecido Photoshop pode viciar e desencadear transtornos de autoimagem.

Beatriz Reis, a Bia do Brás do BBB 24, recentemente admitiu que exagerou tanto no Photoshop que afetou Matteus Amaral num registro. "Cortou minha orelha, guria", reclamou o rapaz nos comentários.

"Meu cabelo estava muito levantado, eu falei: 'Vou dar uma mexidinha aqui só no cabelo', mas pesei a mão e foi para a orelha do Matteus. Eu editei correndo, com a pressa das coisas", explicou a ex-camelô em entrevista à Quem.

Erros assim não são tão raros. Kim Kardashian, por exemplo, já ficou sem mamilo ao retocar uma imagem. Grazi Massafera não percebeu que entortou uma cadeira ao deixar a cintura mais fina. Nomes como Angélica, Flavia Pavanelli e Camila Queiroz também foram acusadas de abusar do Photoshop.

Zilu Godoi já se irritou com as críticas por retocar as fotos, mas agora assumiu as edições. "O Photoshop foi feito para quê? Pra usar! Agora consegui fazer um Photoshop mais sutil. A televisão não usa lá, edita a imagem, tira as manchas? Por que eu não posso usar? Ninguém quer ver nada feio, quer?", disparou em entrevista ao jornalista Leo Dias.

A psicóloga Anne Crunfli faz um alerta sobre o uso excessivo dos filtros e edições. "Isso pode gerar uma perda de identidade. O tempo todo a pessoa está na falta, tentando ser aquilo que ela não é. Uma idealização que só gera frustração, porque, na comparação com o ideal, a pessoa sempre estará em desvantagem. Se o valor que a pessoa se credita ficar associado a um padrão inatingível, sua autoestima sempre estará comprometida", analisa.

Algumas pessoas podem desenvolver quadros depressivos e de Transtorno Dismórfico Corporal, que se caracteriza pela percepção distorcida da própria imagem e pode causar prejuízos à vida da pessoa como um todo. Essa busca incansável pela perfeição estética pode gerar despersonalização e perda de identidade, culminando em psicopatologias como bulimia e anorexia.

A especialista em Terapia Cognitivo Comportamental também explica que o uso frequente de filtros pode ser considerado um vício: "A pessoa se vicia naquilo que ela gostaria de ser. É uma eterna projeção, nunca uma aceitação de si".

"É natural querer melhorar algo em sua aparência, mas é importante que isso aconteça de forma saudável. A pessoa precisa respeitar a sua própria natureza. Há pessoas que se viciam na juventude e colocam filtros que magicamente retiram 20 anos de sua aparência. Com isso, vive uma idealização e acaba fazendo uma ruptura com a realidade", detalha.

Anne Crunfli estabelece o bom senso como limite para as edições. "Teve uma noite ruim de sono, acordou com olheiras, vai fazer uma live na internet? Coloca um filtro para amenizar o cansaço. Ou está atrasada e coloca um filtro com um rímel, um batom. Isso faz parte de uma utilização funcional, o filtro cumpre a sua função de ser uma ferramenta", exemplifica.

Agora, quando a utilização do filtro descaracteriza a pessoa, a torna décadas mais jovem, muda a cor dos olhos, aumenta os lábios, muda o formato do rosto... Isso gera uma descaracterização tamanha que, se a pessoa não ficar atenta, pode perder-se de si, rompendo com a realidade.

Em casos extremos, pode ser necessário até procurar ajuda médica. "A palavra-chave é comparação. Se a pessoa está o tempo todo no externo, se comparando de maneira contínua, e sua autoavaliação está sempre na falta, a pessoa se enxerga 'falha', acaba por desenvolver baixos níveis de autoestima e sentimento de insegurança em relação a si mesmo."

Anne recomenda o auxílio de profissionais da área da saúde mental, como psiquiatras e psicólogos. "No caso de a pessoa desenvolver anorexia, por exemplo, uma equipe multidisciplinar se fará necessária", completa.

Por fim, a psicóloga valoriza o posicionamento de famosas como Paolla Oliveira --a atriz tem expressado cada vez mais seu descontentamento com os retoques nas suas fotos.

"É importantíssimo, porque essas celebridades são exatamente com quem o público se compara. Se a pessoa se vê nessa comparação entendendo que é normal ter celulite, estrias, uma gordurinha, uma ruga... Isso gera um alívio e um senso de pertencimento", explica.

"É importante lembrar que as pessoas vão sempre em busca de padrões estéticos, para se sentirem aceitas, amadas, pertencentes. Se o padrão passa a ser a aceitação de quem se é, o ganho para a saúde mental passa a ser gigante", arremata.


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