PADRÃO INALCANÇÁVEL
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Paolla Oliveira nas Maldivas em foto publicada no Instagram; atriz expõe ataques ao seu corpo
Aos 41 anos, Paolla Oliveira virou uma voz ativa contra o uso de filtros nas redes sociais e chamou a atenção por rebater constantes ataques à sua aparência. A atriz, porém, está ciente de que tem um corpo dentro do padrão socialmente mais aceito. Ver uma mulher magra e famosa como ela ser alvo de críticas desse tipo causa uma espécie de revolta inquietante. Afinal, se nem Paolla Oliveira escapa da pressão estética, o que será de nós, meras mortais?
Tem sido cada vez mais desafiador trabalhar a aceitação de corpos reais --seja pela volta bizarra da exaltação à magreza extrema ou pela representatividade ainda escassa de pessoas fora do padrão na mídia. O uso excessivo de Photoshop e filtros no Instagram também contribuiu para a distorção da imagem de corpos acima dos tamanhos 36/38.
Por isso, não é de se estranhar o fato de até mulheres magras começarem a ser alvo de ataques pela aparência. "Eu não acordei um dia e falei assim: 'Ah, minha pauta da vida vai ser corpo', do nada. Eu fui provocada, estou sendo provocada há anos. É o tempo inteiro, só que a gente se cala. Eu tô falando do alto do meu privilégio. Uma mulher branca, padrão, bem-sucedida. Eles não me deixam em paz", desabafou Paolla em entrevista ao Fantástico.
As cobranças atingem principalmente aquelas que passaram dos 30 anos --como se envelhecer também fosse um crime pelo qual só mulheres ocupam a posição de ré. Exemplo claro foram as críticas absurdas ao corpo de Yasmin Brunet no BBB 24. Magra, a modelo de 35 anos foi chamada de "velha" e viu até sua compulsão alimentar virar piada.
Não há para onde correr. Se a mulher decide fazer procedimentos estéticos para se adequar ao padrão (cada vez mais inalcançável), também é criticada. E não adianta alertar que essa pressão estética faz vítimas o tempo todo, já que os ataques não cessam nem após a morte.
A influenciadora Luana Andrade (1994-2023), por exemplo, não resistiu às complicações de uma lipoaspiração no joelho. No dia em que a notícia foi veiculada, houve quem detonasse a jovem e a julgasse por fazer o procedimento numa parte do corpo tão incomum. Só que a ex-Power Couple se sentia insegura com a gordura na região justamente por ler críticas constantes. De quem é a culpa, afinal?
Nesse cenário desolador, é urgente que mulheres fora desse padrão estético surreal ocupem mais espaços na TV, na publicidade, no esporte, em cargos de liderança... Lugar de mulher gorda também é onde ela quiser.
É por isso que acompanhar o crescimento de figuras como Tati Machado na Globo traz um certo alívio --mas ainda muito distante do ideal.
"Não vemos muitas pessoas com meu biotipo na TV e, quando vemos, muitas vezes é para falar de pautas sobre aceitação, saúde, gordofobia. Temas importantes, claro, mas não queremos ser só isso. Hoje uso meu espaço na TV para comprovar que esse não é o único tema de que sabemos falar. Eu estou onde mereço estar", já valorizou Tati em conversa com o Notícias da TV.
A jornalista também dá um chega para lá no preconceito com suas dancinhas no Encontro e, agora, promete ser um destaque da nova temporada da Dança dos Famosos. Que surjam mais exemplos de mulheres fora do padrão bem-sucedidas para que possamos nos livrar cada vez mais das amarras dessa pressão estética e realmente comemorarmos o tal Dia da Mulher.
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