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SEM JULGAMENTOS

Klara Castanho expõe importância de acolhimento: como ajudar vítima de abuso?

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Klara Castanho em selfie; ela usa uma blusa branca de gola alta

Klara Castanho em foto do Instagram; vítima de um estupro, ela agradeceu por ter rede de apoio

ANA BARDELLA

anabardella@noticiasdatv.com

Publicado em 8/3/2023 - 6h35

Vítima de violência sexual, Klara Castanho agradeceu o apoio que recebeu de pessoas próximas depois do crime. Oito meses após denunciar publicamente o estupro que viveu, a atriz retomou o assunto pela primeira vez e reforçou o papel da sua rede de apoio no processo de recuperação emocional: "Recebi muito acolhimento, as pessoas foram muito gentis", declarou. Em entrevista ao Notícias da TV, a psicanalista Andrea Ladislau explica como é possível ajudar quem passou por uma experiência semelhante.

Ao participar do Altas Horas no último sábado (4), Klara explicou os meses que passou em silêncio: "Foi um período de recolhimento voluntário, depois de tudo o que aconteceu no ano passado", pontuou.

Em junho de 2022, a atriz denunciou que sofreu um estupro e que a violência resultou em uma gravidez. A gestação só foi descoberta nas últimas semanas e por isso não pôde ser interrompida --assim, a solução encontrada foi encaminhar o bebê para adoção logo após o parto.   

Eu nunca imaginei que eu teria que falar e lidar com isso fora do grupo das pessoas que foram involuntariamente incluídas, minha família. Recebi muito acolhimento, as pessoas foram muito gentis. Tenho uma rede de apoio maravilhosa.

Consultada pela reportagem, a psicanalista Andrea Ladislau elenca quais consequências negativas uma vítima de violência sexual pode desenvolver. "O sentimento de vulnerabilidade pode fazer a pessoa perder o sorriso, se fechar para o mundo e até desenvolver sintomas de doenças psíquicas, como fobia de se expor, pânico, agressividade, alterações de sono e de apetite, tiques nervosos e baixa autoestima", lista. 

O tipo da violência vivida por Klara é comum no Brasil. Um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no início deste mês aponta que o número estimado de casos de estupro no país por ano é de 822 mil, o equivalente a dois por minuto. Para ajudar quem já passou por isso, a especialista ressalta um ponto essencial: contribuir para que a vítima não se sinta culpada. 

Como apoiar uma vítima de abuso sexual

A postura de familiares, colegas e amigos influencia no processo de recuperação das vítimas. "É importante respeitar o limite da pessoa: deixar que ela verbalize o que tiver vontade, chore e extravase seus sentimentos, sem diminuir e nem julgar a sua dor", indica a psicanalista.

Outra recomendação é incentivar aqueles que passaram por esse tipo de crime a manter a vida social ativa --mas fazer isso respeitando seu tempo, com empatia e respeito. "A retomada das atividades corriqueiras faz total diferença para aliviar a dor e ressignificar o trauma", aponta Andrea. 

Por fim, a profissional recomenda sempre encaminhar as vítimas para um atendimento especializado, com um psicoterapeuta. "Este é um dos principais caminhos para que elas consigam se fortalecer e denunciar, sem se sentirem culpadas e nem diminuírem a si mesmas", conclui. 

O que não dizer a uma vítima de violência sexual

Ter uma postura curiosa ou indelicada pode atrapalhar no processo de recuperação de uma vítima de estupro. "Culpar, julgar ou ignorar o sentimento da pessoa é o pior que pode ser feito", alerta Andrea. O ideal é ouvir com atenção e evitar fazer muitas perguntas. 

"Não cabe especulação, mas sim acolhimento e compaixão. Por isso, frases como: 'Você tem certeza de que aconteceu assim, não se enganou?', 'Você estava bêbada?', 'Tem certeza de que não deu nenhum sinal de que queria?', 'Que tipo de roupa estava usando?' ou 'O que você foi fazer lá?' devem ser completamente abolidas", alerta.  

Relembre o caso de Klara Castanho

A atriz não pretendia tornar o crime público, mas suas informações --que eram sigilosas-- vazaram para a imprensa. Por causa disso, o boato se espalhou e ela precisou esclarecer o que aconteceu por meio das próprias redes sociais.

Leo Dias foi o primeiro a tocar no assunto, sem citar nomes, ao participar do The Noite, do SBT, em junho do ano passado. Ele afirmou que havia uma história que estava "doido para contar", mas não podia. "Envolve uma atriz, é muito pesado. É muito denso. O carma vai ser grande", disse o jornalista.

Dias depois, Antonia Fontenelle realizou uma transmissão ao vivo nas redes sociais e alegou: "Essa menina engravidou, escondeu a gravidez, inclusive trabalhou durante a gravidez, pariu o filho dela e, segundo informações que ele [Leo Dias] tem, pediu para o hospital apagar a entrada dela no hospital e [disse] que nem queria ver o filho. Mandou dar o filho". Ela também não citou o nome de Klara.

Estes acontecimentos levaram a atriz a expor a situação para o público por meio de uma carta aberta publicada no Instagram no final do mês de junho.

Ela explicou todos os detalhes envolvendo o crime: foi vítima de violência sexual durante uma viagem e, enquanto ainda se recuperava do trauma, descobriu que estava grávida. Quando recebeu a notícia dos médicos, já era tarde para fazer a interrupção da gestação.

Dessa forma, seguiu com a gravidez até o momento do parto. "Eu procurei uma advogada e, conhecendo o processo, tomei a decisão de fazer uma entrega [do recém-nascido] direta para a adoção", disse na época.

Depois disso, Leo Dias se desculpou publicamente. Entretanto, a atriz decidiu mover uma ação contra ambos, pelos crimes de difamação, calúnia e injúria. A YouTuber Adriana Kappaz, que também fez uma citação indireta do caso nas redes, foi processada pelo mesmo motivo. 

Uma sindicância foi aberta pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), mas foi arquivada em janeiro de 2023. O órgão encerrou as investigações sem apontar culpados pelo vazamento de dados da atriz. 


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