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LIÇÃO DE AMOR PRÓPRIO

'Gordos devem ocupar qualquer lugar', defende Amanda após Casamento às Cegas

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Amanda Souza, do Casamento às Cegas Brasil, em post no Intagram

Amanda Souza está na segunda temporada de Casamento às Cegas Brasil: lição sobre amor próprio

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 30/12/2022 - 6h40

Amanda Souza sofreu um episódio de gordofobia na segunda temporada de Casamento às Cegas Brasil, quando Paulo Simi decidiu não subir mais ao altar logo depois de vê-la frente a frente pela primeira vez --e perceber que conversou durante dias às escuras com uma mulher "fora do padrão".

Mas a consultora de imagem acabou entendendo que aquela era mais uma oportunidade de mostrar que ela merece, sim, amor e respeito independentemente do físico. "Corpos gordos podem ocupar qualquer lugar e devem ocupar qualquer lugar", defende ela em entrevista ao Notícias da TV.

Apesar de o reality da Netflix ter sido gravado há alguns meses, Amanda confessa que não foi fácil assistir à cena em que foi rejeitada pelo homem que havia pedido em casamento.

"Eu já tinha processado... Achei, na verdade, que eu tinha processado bastante coisa. Mas, é lógico que a hora que eu assisti, inevitavelmente meu gatilhos também se acionaram. Na hora não foi muito fácil, mas eu tô 'terapeutizada'. Já trabalhei isso bastante, então foi [difícil] por um momento enquanto eu estava assistindo, durou ali mais algumas horas e, depois, eu me restabeleci."

A consultora de imagem diz ter se surpreendido com a repercussão da sua história e tem recebido muito apoio nas redes sociais: "É surreal, um negócio que eu não imaginava. Eu esperava que a bolha do universo gordo, da qual eu faço parte, fosse impactada, lógico, porque era o objetivo".

Quando eu decidi estar lá era justamente porque corpos gordos podem ocupar qualquer lugar e devem ocupar qualquer lugar. Não tinha uma mulher gorda nesses lugares. E por que não eu, já que tinha essa oportunidade? Eu fui lá primeiro por que o meu trabalho há muitos anos é sobre a autoestima independentemente do seu corpo.

Amanda dá cursos para mulheres gordas e para consultoras atenderem mulheres gordas. "Eu vivo por isso, é o meu propósito de vida, não é só dinheiro. Eu sou meu corpo, é o meu instrumento. Estar lá para mim é a minha militância, é estar e ocupar e mostrar que eu também amo, que eu também me visto bem, que eu me respeito. E isso é possível para qualquer uma de nós, com 100, 200, 30 quilos", dispara ela.

"Lógico que eu vivi um romance, obviamente é um programa para isso. Eu me joguei, me entreguei de verdade. Mas, independentemente do que aconteça, eu me respeito. Eu me amo, eu não vou emagrecer porque para ele a minha imagem é inadequada. Se não for esse motivo, não for por causa da minha saúde ou só por causa de mim", continua.

Exemplo de autoestima

Amanda também diz ter atingido o objetivo de inspirar mulheres a se amarem como são com a participação no reality:

Eu queria que as mulheres olhassem para mim, já que essa história para mim é muito mais resolvida, eu busco isso. Eu me respeito de verdade para que elas olhassem e falassem: 'poxa é possível, eu não preciso toda hora olhar para o espelho e falar que eu não tô certa. Eu não tô adequada'. Eu mereço, só que eu mereço primeiro gostar de mim. O motivo todo era esse. Infelizmente, o amor ali não foi cego, mas o meu não depende disso.

"Meu sonho sempre foi que minha voz ecoasse cada vez mais alto. Por isso que eu escrevo o curso, escrevo artigo, posto a minha vida nos Stories. A minha roupa é uma forma política, sempre que possível estou de barriga fora. Eu não uso mais sutiã há anos, porque eu não gosto e está tudo bem", explica ela.

"Para mim meu guarda-roupa me faz muito bem. Ele sempre foi político, desde que eu entendi isso. Eu me sinto tão livre, tão bem dentro do meu corpo, eu sei qual é a sensação disso. E meu objetivo sempre foi que as mulheres pudessem se olhar, me questionar mesmo. Eu posso, eu também posso", argumenta.

REPRODUÇÃO/NETFLIX

Amanda Souza no Casamento às Cegas, da Neflix

Amanda Souza no Casamento às Cegas

A consultora de imagem também vibra por ter atingido pessoas fora da bolha e conseguir fazê-las refletir: "Se a voz tá maior, as pessoas que estão no padrão que pensem sobre essa desconstrução. Eu não tenho que desconstruir ele. É uma decisão dele. Eu vou levar a minha desconstrução, porque é assim que eu crio a minha filha, é assim que eu falo com as mulheres há anos".

Meu propósito é que as mulheres se entendam melhor, que elas se respeitem mais. Todo dia a gente está recebendo informação na mídia de que 'precisa perder uns quilinhos', 'já fez um botox aqui'. 'e esse cabelo branco? Você não vai pintar?', 'vai engravidar quando?', 'mas você não vai namorar ninguém?'. É difícil ser mulher.

"Se o mundo já faz isso com a gente o tempo todo, a gente faz pior. A gente para no espelho e se odeia. É muito maior do que não ser amada por um cara por causa do meu corpo", defende ela.

Aceitação

Amanda assegura que está bem resolvida com os acontecimentos do reality, mas ainda tenta assimilar o alcance que ganhou com a participação: "Eu tô emocionada, tô meio zonza. Parece que perdi o controle da minha vida, de repente parece que todo mundo sabe quem eu sou. É muito estranho".

Agora, ela enxerga a oportunidade de virar uma referência para mulheres como ela: "Eu já penei muito. Eu sempre fui uma mulher gorda. Eu adolescente ia na banca comprar revistas, onde tinham meninas brancas, eu não sou branca. Tinham meninas magras, eu nunca fui magra. Tinham meninas de cabelo liso, eu levei anos para alisar o meu cabelo. Passei anos olhando todas essas imagens e não cabendo em absolutamente nenhum lugar. Hoje eu criei o meu próprio lugar".

Amanda começou a trabalhar com o universo plus size em 2008, quando as referências eram praticamente inexistentes. "Eu tive que criar sozinha a minha inspiração. Eu tive que virar a minha inspiração. Nenhum homem vai abalar isso", afirma ela.

Assista ao trailer da segunda temporada:


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