FÓRMULA DO SUCESSO
REPRODUÇÃO/RECORD
Adriane Galisteu na final de A Fazenda 14; todos os reality shows perderam audiência em 2022
A audiência de todos os reality shows diários e de confinamento da TV aberta sofreu uma queda considerável de 2021 para 2022. O fim da pandemia foi um fator de peso, mas o interesse do público pelo conteúdo realmente diminuiu. Sendo assim, como as emissoras podem evitar um novo fracasso em 2023?
O Big Brother Brasil foi o programa que menos sofreu com a queda de audiência, mas ainda assim, viu parte do público derreter. Foi um queda de quase seis pontos da edição de Juliette Freire para a de Arthur Aguiar; a média foi de 28,1 pontos para 22,9.
A Fazenda, por outro lado, teve a pior média da história, caindo de 9,2 para 7,3 pontos. O Power Couple Brasil e a Ilha Record, que já tinham índices baixos, passaram ainda mais vergonha. O reality de casais foi de 6,9 para 4,8 pontos, enquanto o programa gravado perdeu quase 50% da audiência ao cair de 7,0 para 3,4.
Como já mencionado, o fim da pandemia foi um dos pesos na queda de audiência, já que os brasileiros voltaram a desligar a televisão para sair de casa. Mas houve também uma mudança de comportamento do público que causa um fenômeno chamado monopólio social.
A cada quatro anos, no Brasil, acontecem as eleições presidenciais e a Copa do Mundo, dois assuntos de interesse do público. Acontece que, com as redes sociais, esses assuntos viraram o objeto máximo de interesse da maior parte da população, ou seja, os temas monopolizaram a comunicação e os meios sociais.
"Isso prejudicou demais a audiência. A tendência é que os patamares habituais retornem em 2023", afirma o sociólogo e professor de marketing Gabriel Rossi em conversa com o Notícias da TV.
Durante a pandemia, sem outros grandes acontecimentos, o monopólio social foi tomado principalmente pelos reality shows. "As pessoas tinham que assistir ao Big Brother, por exemplo, porque não queriam ficar de fora dos assuntos com os amigos. As pessoas tinham que falar pelo WhatsApp sobre o que estava acontecendo no programa", explica Rossi.
O mesmo acontece em uma roda de bar, ninguém quer ficar de fora do assunto. É por isso que, a cada quatro anos, o futebol vira o assunto preferido até mesmo de quem não gosta de esportes.
Um outro problema foi o conteúdo saturado, principalmente na Record, que sofreu bem mais com a debandada do público do que a Globo. A emissora de Edir Macedo emendou um reality no outro durante quase nove meses diariamente, com dinâmicas parecidas, tanto em 2021 quanto em 2022.
"As pessoas ficaram cansados do formato, tudo muito parecido. Tirou o foco da grande carta da Record, que é A Fazenda. Acaba saturando, não é benéfico", analisa o sociólogo.
Dois mil e vinte e três vai ser um ano sem Copa do Mundo e sem eleições, o que naturalmente direcionará o interesse do público para outros temas --e reality show é um deles, pelo menos no caso da Globo, já que o Big Brother é o programa do nicho de maior audiência no país.
Mas também dá estimular o público a ter mais interesse em vez de só esperar um fenômeno natural. "A melhor estratégia e injetar coisas novas nesse formato, que está ficando cansado. Precisa de novas dinâmicas, novos jogos, novas interações com as redes sociais e elementos que surpreendam o consumidor", afirma Gabriel.
E ainda um olhar mais cauteloso na hora de escolher o elenco também é válido, levando mais em consideração a personalidade dos participantes do que o engajamento deles nas redes sociais --que vai acontecer naturalmente, de acordo com o desempenho deles, como foi com Juliette Freire.
"Como é a mesma coisa todo ano, a gente fica esperando protagonistas fortes, que tragam coisas novas sobre eles para a conversa. Essa também é uma forma de injetar dinamismo no formato", explica o sociólogo.
Além disso, nem tudo foi culpa dos eventos citados. No caso da Record, uma boa solução seria abrir mão de um dos programas de formato parecido. "No marketing, o foco é tudo. Quando você concentra foco de divulgação em uma coisa só, você tem melhores resultados. Eu não colocaria tantos reality shows juntos, acaba confundindo o consumidor", opina o professor.
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