MANTERRUPTING
REPRODUÇÃO/RECORD
Mussunzinho e Erika Schneider em A Fazenda 13; ator não aceitou ser acusado de machismo
A terceira semana de A Fazenda 13 foi marcada especialmente pelo embate de quase todos os homens com Erika Schneider. Depois que ela virou fazendeira, os garotos se juntaram, insatisfeitos com seu jeito, e a rotularam como mandona e abusada. Mussunzinho foi um dos peões que fez isso.
Além de usar adjetivos pejorativos, a maioria dos peões ignorou a autoridade de Erika nas vezes em que ela pediu que alguma tarefa fosse feita, principalmente as domésticas --coisa que não aconteceu com Gui Araujo em nenhum momento de suas duas semanas como fazendeiro.
Mussunzinho, no entanto, não aceitou a justificativa de Erika ao colocá-lo na roça, pois não identificou em si qualquer atitude machista. A psicóloga Laís Nicolodi, membra do Coletivo Feminista de Mulheres Analistas do Comportamento, explica ao Notícias da TV que mesmo que homens não sejam agressivos e não alterem a voz, ainda podem ter atitudes machistas.
"Ela está gritando e apontando o dedo na cara de alguém, ou só está sendo assertiva? Mulheres, quando são assertivas, são punidas. E homens na mesma posição, emitindo o mesmo comportamento, dificilmente são chamados de mandões ou abusados", avalia a psicóloga.
Portanto, quando Erika disse que se viu acuada e não se sentiu ouvida como mulher, ela não inventou que foi vítima de machismo, como sugeriram Mussunzinho e outros confinados. Revoltado com a "acusação" da bailarina, que nem chegou a usar a palavra machismo, o ator mostrou um comportamento ainda mais polêmico ao exigir um pedido de desculpas.
A negação do filho de Mussum (1941-1994), mesmo diante dos argumentos de Erika, mostra que ele invalidou a dor dela como mulher em vez de tentar compreender que ele mesmo poderia ter falhado. "Os homens podem entender que a palavra 'machista' é sinônimo de homem que bate em mulher, mas machismo não é só isso", afirma Laís.
"Ele não se dispôs a refletir com um pouco mais de hospitalidade sobre os comportamentos dele que machucaram a mulher e se defendeu de uma acusação que achou injusta", discorre a terapeuta, sobre a possibilidade de Mussunzinho saber que não é alguém agressivo e, portanto, se considerar alguém livre de atitudes machistas.
O manterrupting é uma prática comum do machismo. Ao tentar se defender do rótulo que recebeu de Erika, Mussunzinho foi mais uma vez descuidado ao lidar com uma mulher. A ex-bailarina do Faustão o chamou para conversar e ouviu com atenção tudo o que ele tinha a dizer. Mas na vez dela de falar, foi interrompida diversas vezes.
"O manterrupting é uma função silenciadora. Uma coisa é ele rebater o argumento, outra coisa é interrompê-la no meio de uma palavra. Ele não estava se colocando em um lugar de escuta", explica Laís. "Não era uma conversa horizontal, de igual para igual. Ele se preocupou tanto em se defender, que não a escutou", avalia ela.
"A única forma de saber como eles se sentiram é perguntando. O que a gente vê é que tem duas pessoas tentando comunicar um incômodo, ao mesmo tempo que estão tentando se defender. Ele interrompe ela, está muito mais preocupado em não parecer machista", observa Laís.
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