Por que novela turca vai tapar o buraco de A Rainha da Pérsia em vez de reprise?

A Record vai repetir uma estratégia bem-sucedida para tapar o buraco que A Rainha da Pérsia vai deixar em seu horário nobre. A emissora optou pela novela turca Força de Mulher (2017-2020), inédita na TV aberta, para substituir a história de Ester (Nathalia Florentino). Sem uma nova temporada de Reis, o enlatado é uma solução melhor do que outra reprise.

O retrospecto joga a favor da rede de Edir Macedo, já que alguns episódios de Quando Chama o Coração chegaram a registrar mais audiência do que A Fazenda 15 (2023).

Força de Mulher segue o mesmo modelo "água com açúcar" da série canadense, em que quase não há beijos de tirar o fôlego ou cenas de sexo. As produções da Turquia evitam grandes demonstrações de afeto entre os personagens, diante de uma sociedade que acabou ficando ainda mais conservadora com o governo de Recep Erdoğan.

O produto é perfeito para uma audiência que sistematicamente rejeita as novelas da Globo justamente por alguma abordagem mais progressista. Temas como transexualidade ou casais homoafetivos são considerados imensos tabus na Turquia.

A Netflix, por exemplo, cancelou as filmagens da série turca If Only após censura oficial do governo a um personagem LGBTQIA+.

A Record também acabou ficando sem opções de reprise entre seus folhetins bíblicos. Os Dez Mandamentos (2015) e Gênesis (2021) já foram reexibidos três vezes pela emissora, que chegou até a apostar na malfadada Jezabel (2019) para tapar o buraco de Reis no final do ano passado. O resultado foi uma catástrofe nos números do Ibope.

Entre as contemporâneas, Pecado Mortal (2014) foi tão mal de audiência frente ao BBB 24 que foi amplamente picotada. Outras trazem temas considerados espinhosos (como a transexualidade de Vidas em Jogo, de 2012) ou muito pesados (o nazismo em Vitória, de 2014).