Ator afastado da Globo há dez anos explica como conseguiu papel em Vale Tudo

O ator Luis Salem apareceu na Globo pela última vez em 2014, como parte do elenco de Zorra Total (1999-2015). De lá para cá, fez projetos sociais, peças de teatro e outros trabalhos artísticos, mas nunca mais teve trabalhos de destaque na televisão. Isto vai mudar no ano que vem, quando ele interpretará o mordomo Eugênio no remake de Vale Tudo. Ele foi convidado pessoalmente por Manuela Dias, autora que conhece "desde menina".

"A primeira peça que ela escreveu fui eu que dirigi. E desde então nunca mais trabalhamos juntos. Mas eu acompanho o sucesso e o desenvolvimento dela como autora. Para mim, foi uma alegria quando ela lembrou de mim e me convidou para fazer o personagem", contou o artista, em entrevista à coluna Play, do jornal O Globo.

Ele discorda das críticas de parte dos noveleiros, que temem as mudanças que a autora tem feito na trama de Gilberto Braga (1945-2021), Leonor Bassères (1926-2004) e Aguinaldo Silva. "A minha expectativa é a melhor possível. A Manuela vai ter a sensibilidade de se adaptar e adequar a história aos nossos tempos. Acho que vai ser maravilhoso", avaliou.

Salem herdou o personagem de Sergio Mamberti (1939-2021), um dos mais queridos da trama. Eugênio é mordomo de Celina (Nathalia Timberg na versão original; Malu Galli no remake) e não tem papas na língua nem com Odete Roitman (Beatriz Segall em 1988; Debora Bloch na nova versão), a grande vilã da história.

"Eu conheci [Sergio Mamberti], assisti aos trabalhos dele e tinha muita admiração. É muito emocionante fazer um personagem que foi vivido por ele. Foi marcante. A presença do Sergio como Eugênio é lembrada até hoje. Espero corresponder à expectativa e estar à altura do desempenho dele", desejou o ator, que foi parceiro de Miguel Falabella em várias produções.

Salem começou na TV em 1989, um ano depois da estreia de Vale Tudo. Ele fez participações no Tele Tema (1987-1990) e na novela Kananga do Japão.

Depois, integrou o elenco de Salsa e Merengue (1996), Anjo Mau (1997), Um Anjo Caiu do Céu (2001), A Lua me Disse (2005) e Aquele Beijo (2012), além de participações nos humorísticos Sai de Baixo (1996-2002) e Toma Lá Dá Cá (2007-2009). Ainda fez parte de duas temporadas de Malhação (1995-2020): a de 2006 e a de 2012.

Ele, no entanto, preferiu se dedicar ao teatro e a projetos sociais na Bahia, onde mora há sete anos. Recentemente, deu aulas de atuação para detentos no Centro de Ressocialização do Conjunto Penal de Itabuna.

"Nunca fiz nada assim. Trabalho social eu já tenho feito há um tempo, mas não com presos. Não dá para dizer que é igual, porque as pessoas estão vivendo um momento dramático de suas vidas ali, privadas da liberdade", contou ele.

"Eu não quis me informar sobre o porquê de cada um estar ali. Eu encarava cada um deles como o que eles são mesmo, seres humanos. Mas a realidade é outra, eles são mais carentes, têm outros anseios. Acho que eles curtiram também, porque buscamos trabalhar as emoções", arrematou o ator.