É seguro dizer que Fernanda Montenegro é a maior atriz brasileira do último século. Aclamada na televisão, no rádio, cinema e teatro, ela possui uma longa lista de personagens marcantes, prêmios e o carinho eterno do público que a acompanha. Fernanda também é locutora, radialista e apresentadora.
Seu nome foi registrado como Arlette Pinheiro Esteves da Silva. Ela nasceu no bairro do Campinho, subúrbio do Rio de Janeiro em 16 de outubro de 1929. Filha de um mecânico, Vitório Esteves da Silva, e uma dona de casa, Carmen Nieddu Pinheiro Esteves da Silva, a atriz tem apenas uma irmã, que se chama Aida Pinheiro Costa.
A primeira vez que pisou em um palco foi aos oito anos para participar de uma peça na igreja. Aos 12 começou um curso de secretariado, e aos 15 conseguiu seu primeiro emprego, porém, como locutora, redatora e radioatriz da Rádio Ministério da Educação e Cultura, no Rio, após ganhar um concurso para radialista. Inclusive, foi nessa rádio que a atriz adotou o nome artístico 'Fernanda Montenegro'.
Ao lado da rádio funciona a Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e foi lá que Fernanda teve seu primeiro contato com um grupo de teatro amador. Estreou em uma peça chamada 'Nuestra Natascha' e depois, a convite do coordenador do grupo, Adauto Filho, começou a participar de atividades no Teatro Ginástico.
Na rádio, Fernanda interpretou seu primeiro papel na radionovela intitulada 'Sinhá Moça Chorou' (1940), de Ernani Fornari. Nessa época ela também dava aulas de português para estrangeiros na escola de idiomas Berlitz para complementar a renda familiar.
Sua estreia profissional no teatro ocorreu em dezembro de 1950, ao lado do marido Fernando Torres, no espetáculo 3.200 Metros de Altitude, de Julian Luchaire.
Pioneira, Fernanda foi a primeira artista a ser contratada pela antiga TV Tupi, emissora que inaugurou a transmissão televisiva no Brasil em 1950, onde atuou por dois anos, em cerca de 80 peças, exibidas nos programas Retrospectiva do Teatro Universal e Retrospectiva do Teatro Brasileiro. Seu primeiro papel em telenovela foi na trama A Muralha, escrita por Ivani Ribeiro, em 1954, e exibida pela RecordTV.
Também em 1954, a atriz entrou na Companhia Maria Della Costa e do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Em 1959, Fernanda fundou o Teatro dos Sete ao lado de seu marido, Fernando Torres, e de dois amigos atores: Sérgio Brito e Ítalo Rossi. A estreia da Companhia foi a peça Mambembe (1954) e fez muito sucesso no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em 1963, estreou na TV Rio, com as novelas Amor Não é Amor e A Morta sem Espelho, ambas de Nelson Rodrigues. Na recém-criada TV Globo, nesse período, fez participação na série de teleteatro 4 no Teatro (1965), dirigida por Sérgio Britto. Em 1967 também integrou o elenco da TV Excelsior: interpretou a personagem Lisa, em Redenção, de Raimundo Lopes.
Na década de 70 a atriz preferiu se manter afastada da televisão e participou apenas do teleteatro A Cotovia (1971), de Jean Anouilh, da TV Tupi, e do Caso Especial da Globo, Medeia (1973), uma adaptação de Oduvaldo Vianna Filho da tragédia de Eurípedes.
Sua primeira novela na TV Globo foi Baila Comigo (1981), a convite do autor Manoel Carlos, que criou a personagem Silvia Toledo especialmente para Fernanda interpretar. Ela não deixou a emissora desde então. Fernanda teve destaque nas novelas Baila Comigo (1981), Brilhante (1981), Guerra dos Sexos (1983), Cambalacho (1986), Zazá (1997), e As Filhas da Mãe (2001).
Na novela das 21h Belíssima, exibida em 2005, ela desempenhou o papel da vilã Bia Falcão, uma personagem marcada pelas maldades na trama, Fernanda conquistou o público com bordões como 'pobreza pega' da personagem. Depois vieram os papéis em Passione (2010), Babilônia (2015), e O Outro Lado do Paraíso (2017). Em 2019 a atriz dá vida à personagem Dulce na novela A Dona do Pedaço, de Walcyr Carrasco.
Além de Dora de 'Central do Brasil' (1998), outro grande sucesso de Fernanda nas telonas foi ao interpretar a Nossa Senhora da "Compadecida" de 'O Auto da Compadecida' (2000), dirigido por Guel Arraes. O filme foi a produção brasileira de maior bilheteria no ano em que foi lançado, assistido por cerca de dois milhões de pessoas só nos cinemas.
Seu currículo cinematográfico possui dezenas de filmes, com destaque para 'Casa de Areia' (2005), dirigido por Andrucha Waddington, e Olga (2004), do diretor Jayme Monjardim.
Conhecida como primeira-dama do teatro, Fernanda atuou em mais de 20 peças pelo Brasil, em que foi dirigida por grandes nomes: Gianni Ratto, Celso Nunes, Gerald Thomas, Adolfo Celi, e até por seu próprio marido, o diretor Fernando Torres. Destaque para A Moratória (1955), de Jorge Andrade, O Beijo no Asfalto (1960), de Nelson Rodrigues, É (1977), de Millôr Fernande.
A atriz se casou aos 23 anos com o ator, diretor e produtor de teatro Fernando Torres (1927-2008) e ficaram juntos até a sua morte, em 2008. O casal teve dois filhos: Cláudio Torres (1962-), que se tornou diretor e produtor de cinema, e Fernanda Torres (1965-), que seguiu os passos da mãe e também é atriz.
Em 1999, Fernanda Montenegro foi condecorada com a maior comenda que um brasileiro pode receber da Presidência da República, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, “pelo reconhecimento ao destacado trabalho nas artes cênicas brasileiras”, entregue pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.
A atriz também já foi convidada para ocupar o cargo Ministra da Cultura do Brasil duas vezes, nos mandatos de governos de José Sarney (1985-1990) e Itamar Franco (1992-1995), mas recusou as duas propostas.
Fernanda Montenegro foi a única atriz brasileira a ser indicada ao prêmio norte-americano Oscar. Pelo papel de Dora Teixeira do filme Central do Brasil (1998), dirigido por Walter Salles, ela concorreu ao prêmio de melhor atriz na 71ª edição do Oscar (1999). A atuação também rendeu indicação ao Globo de Ouro. Apesar de não ter vencido nessas duas premiações, Fernanda venceu outras sete, entre elas o Urso de Prata, do Festival de Cinema de Berlim, da Alemanha.
Em 2013 a atriz ganhou um Emmy Internacional de Melhor Atriz pelo papel de Dona Picucha no Especial de Fim de Ano da Globo intitulado Doce de Mãe (2012), escrito e dirigido por Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo.
Novelas:
Baila Comigo (1981)
Brilhante (1981)
Guerra dos Sexos (1983)
Cambalacho (1986)
Sassaricando (1987)
Rainha da Sucata (1990)
O Dono do Mundo (1991)
Renascer (1993)
O Mapa da Mina (1993)
Zazá (1997)
As Filhas da Mãe (2001)
Esperança (2002)
Belíssima (2005)
Passione (2010)
Saramandaia (2013)
Babilônia (2015)
O Outro Lado do Paraíso (2017)
Minisséries:
Riacho Doce (1990)
Incidente em Antares (1994)
O Auto da Compadecida (1999)
Um Só Coração (2004)
Hoje é Dia de Maria (2005)
Hoje é Dia de Maria - Segunda Jornada (2005)
Queridos Amigos (2008)
O Tempo e o Vento - 2ª versão (2014)
Seriado:
Doce de Mãe (2014)
Infantojuvenil:
O Natal do Menino Imperador (2008)
Especiais:
Doce de Mãe (2012)
Teleteatro:
4 no Teatro (1965)
Diversos:
Caso Especial: Medeia (1973)
A Comédia da Vida Privada: A Casa dos Quarenta (1995) e As Idades do Amor (1996)
Brava Gente Especial: Pastores da Noite (2002)
Você Decide: Assim é Se Lhe Parece (1999)
MARCOS PASQUIM
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