Morte nos bastidores e Oscar: Conheça Vitória, filme com Fernanda Montenegro

Vitória chegou aos cinemas com bastidores tão movimentados quanto a história que apresenta. Seu primeiro diretor, Breno Silveira (1964-2022), morreu durante as filmagens. Já Fernanda Montenegro interpreta uma personagem baseada em uma mulher preta --mesmo assim, entrega uma performance digna de nova indicação ao Oscar.

Baseado em uma história real, Vitória acompanha a jornada de uma aposentada que, com coragem e um gravador na janela do apartamento, desarticulou uma quadrilha de traficantes e policiais corruptos no Rio de Janeiro. Entre ameaças e dificuldades, ela persistiu na sua luta até ser ouvida, contando com o apoio de um jornalista.

Durante as filmagens, o diretor original Breno Silveira teve um infarto e não resistiu, deixando a produção sem rumo. Andrucha Waddington, genro de Fernanda Montenegro, assumiu a direção e deu continuidade ao projeto. O marido da Fernanda Torres foi responsável por dirigir o penúltimo filme da carreira brilhante da atriz de 95 anos.

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A escolha de Fernanda Montenegro como protagonista de Vitória gerou um debate sobre representatividade no cinema brasileiro. No longa, a veterana interpreta uma personagem inspirada em Joana da Paz (1925-2023), uma mulher preta, mas cuja identidade só veio a público após sua morte. A escalação, feita antes dessa revelação, reacendeu a discussão sobre diversidade no audiovisual.

A polêmica sobre a escalação de Montenegro se intensificou quando foi revelado que Joana era negra. Antes dessa informação vir à tona, a própria Joana teria indicado Fernanda como sua escolha para interpretá-la, o que gerou um paradoxo sobre representatividade. Para equilibrar a situação, o jornalista Fábio Gusmão, que na vida real é branco, foi interpretado pelo ator negro Alan Rocha.

Apesar das controvérsias, Vitória tem tudo para se tornar um dos filmes nacionais mais importantes do ano. E pode, inclusive, levar Fernanda de volta à corrida pelo Oscar. A atriz já foi indicada à estatueta por Central do Brasil (1998) e agora, com uma performance arrebatadora, pode conquistar uma nova chance.

No entanto, a trajetória até a premiação será desafiadora. O filme estreou logo após o Oscar 2025, o que deve dificultar sua permanência no radar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Histórias recentes mostram que lançamentos precoces, como Duna: Parte Dois (2024) e Rivais (2024), tiveram dificuldade para manter o fôlego até a temporada de premiações.

Mesmo assim, Vitória é um marco no cinema brasileiro. Assim como Ainda Estou Aqui (2024), que contou a história de Eunice Paiva (1929-2018), o longa traz reflexões profundas sobre coragem, justiça e os desafios da luta por um país mais justo.