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CLARICE CARDOSO
Publicado em 7/12/2018 - 11h06
Um dia depois do anúncio de que o humorista Kevin Hart seria o apresentador da cerimônia de entrega do Oscar em 2019, o comediante teve que desistir do cargo por conta de mensagens homofóbicas em suas redes sociais. Trechos de apresentações de 2010 e tuítes antigos traziam frases como "um dos meus maiores medos é o de o meu filho ser gay". O caso expôs uma crise que se constrói há anos: a cerimônia do Oscar é uma bomba da TV americana em que ninguém quer colocar a mão.
A apenas três meses da cerimônia, os produtores acumulam "nãos" das celebridades que convidam para a vaga de apresentador e quebram a cabeça para tentar dar um ar mais atraente para o que, na verdade, é uma cerimônia que se tornou engessada, burocrática e previsível. Por mais que se tente, é difícil conduzir o show dentro de um formato que permite pouca inovação.
A dificuldade em se renovar é sentida na carne com a queda de audiência. Só nos últimos quatro anos, ela caiu foi de 43,7 milhões de espectadores para 24,5 milhões nos Estados Unidos. É uma curva descendente que mostra a fuga do público jovem, especialmente, e mostra a urgência de renovação.
É também por conta desse público, normalmente o mais engajado em redes e causas sociais, que a Academia não poderia se dar ao luxo de manter Hart. Pelo menos desde 2015, a cerimônia enfrenta consecutivas polêmicas envolvendo a falta de diversidade, como o #OscarsSoWhite (contra as poucas indicações de negros) e o #AskHerMore (contra perguntas supérfluas feitas às mulheres).
Envolver-se com acusações de homofobia a essa altura seria loucura, e assim Hart se foi tão rápido quanto chegou. Em anos anteriores, as críticas ignoradas nas redes sociais rapidamente tomaram o tapete vermelho e deram tom de comício a muitos discursos de aceitação. Um bom apresentador, poderia, em tese, neutralizar isso.
Assim, para 2019, a Academia tenta encontrar um apresentador que seja: amplamente reconhecido (se houver projeção internacional, melhor), engraçado, não muito controverso, não muito político, não muito jovem, não muito velho e que carregue a audiência nas costas. A cada ano, isso fica mais complicado.
A selfie de Ellen DeGeneres ao vivo em 2014 com a nata do cinema americano parece um ponto fora da curva nesse cenário. Talvez por saber disso, ela, Chris Rock ou Jon Stewart, que fizeram bons trabalhos, não pretendem repetir a dose. Muito menos Jimmy Kimmel, que em 2017 teve de salvar a cerimônia da gafe histórica de anunciar o prêmio para o filme errado.
Mesmo celebridades que já demonstraram desenvoltura no Globo de Ouro, como Tina Fey e Amy Poehler, disseram não para novos convites. A dupla seria uma aposta relativamente segura e já testada num momento em que o que se espera do Oscar é justamente aquilo que a Academia cobra dos filmes que julga: originalidade.
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