CADÊ QUALIDADE?
Reprodução/Gazeta
Ronnie Von no Todo Seu, que trocará as noites da Gazeta pela faixa das 13h30: 'macho feminino'
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 29/3/2019 - 6h21
Atualizado em 29/3/2019 - 14h00
Com mais de 50 anos de carreira em frente às câmeras, Ronnie Von não está nada contente com o que tem visto na televisão brasileira. "Só tem escatologia, pornografia e sangue... Isso tem sido o tripé da audiência", critica o cantor da jovem guarda e apresentador, que a partir de segunda (1º) trocará as noites da Gazeta pela faixa das 13h30.
Segundo Ronnie, a mudança de horário é encarada como uma promoção. "Todo mundo vai dizer: 'Poxa vida, você saiu do prime time [horário nobre]. Mas na Gazeta o prime time é à tarde. Eu acho que o tiroteio e a pancadaria que existem à noite [na TV] são absolutamente perversos, e isso muitas vezes compromete uma programação de qualidade", pondera o artista de 74 anos.
Há 15 anos à frente do Todo Seu, que era exibido às 22h e agora será veiculado logo depois do almoço, o apresentador promete que nunca vai baixar o nível de sua atração para aumentar a audiência: "Vocês jamais verão esse tipo de coisa na nossa programação. Aqui a coisa é diametralmente oposta".
O programa, aliás, manterá o formato já consagrado à noite: discussões sobre saúde, comportamento, gastronomia e moda dividirão espaço com entrevistas e números musicais. Entre as mudanças, além do novo horário, estão a saída do músico Caçulinha e o fato de que o Todo Seu agora será apresentado ao vivo.
"Basicamente, vai ser o Todo Seu de sempre, mas à tarde. É claro que vai ter que se adequar ao horário em que será exibido. Muitas pautas que teriam uma densidade psicológica maior não poderão ser levadas ao ar agora, porque eu estaria nadando contra a maré. Mas é o mesmo programa, com as pautas que já existiam", define.
A exibição mais cedo colocará Ronnie Von no meio de uma verdadeira "maratona feminina" --das 10h30 às 17h50, a Gazeta terá quatro programas na sequência com foco na mulher. Além do Todo Seu, entram nesse pacote o Revista da Cidade, o De A a Zuca e o Mulheres. Por dia, 11 horas de conteúdo serão voltadas a esse público.
Em sua relação com as mulheres, o apresentador se resume como um paradoxo ambulante. "Eu sou macho, mas minha visão de mundo é totalmente feminina. Eu fui pai com guarda de filhos, e isso fez que eu me aproximasse do universo das mulheres. Conheço ponto de renda, de bordado, lavo, passo, cozinho... E ninguém sabe trocar fralda melhor do que eu", diz.
Apesar dessa identificação (ou talvez por causa dela), Ronnie não esconde que tem pavor das mulheres. "Eu morro de medo de vocês, porque convivi com vocês o tempo inteiro, e aprendi que a determinação feminina é infinitamente maior do que a masculina. Tenho uma baita confiança e, ao mesmo tempo, esse medo", filosofa.
Em tempo: o descontentamento de Ronnie com a televisão brasileira vem de longa data. Em 2015, em entrevista ao colunista Mauricio Stycer, do UOL, o apresentador já havia definido o tripé da audiência como "escatologia, pornografia e sangue".
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