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ACUSAÇÃO DE ASSÉDIO

Repórter que denunciou Datena desiste do jornalismo: 'Caí totalmente'

Reprodução/Band

A repórter Bruna Drews em gravação do quadro A Fuga, do extinto Agora É com Datena, na Band - Reprodução/Band

A repórter Bruna Drews em gravação do quadro A Fuga, do extinto Agora É com Datena, na Band

DANIEL CASTRO

Publicado em 19/1/2019 - 6h54

A repórter Bruna Drews não trabalha desde julho e não tem a menor perspectiva de  voltar ao batente. Só tem certeza de que não será mais como jornalista. Em denúncia formal ao Ministério Público, ela acusou José Luiz Datena, com quem trabalhou nos últimos quatro anos, de tê-la assediado sexualmente, conforme publicou ontem (18), em primeira mão, o Notícias da TV.

Bruna, 35 anos, já vinha tendo crises de pânico e depressão desde 2017, por causa de ameaças que recebia de bandidos e da pressão do trabalho no Brasil Urgente, da Band. As palavras de Datena, no entanto, mudaram sua vida, segundo ela. "Depois do assédio, caí totalmente. Eu pensei: Caramba, estou trabalhando com um cara que não me vê como profissional, mas como um pedaço de carne", diz.

A jornalista já lidava com as "cantadas" que levava de Datena no ar. Diz que não reclamava porque precisava do salário da Band. Em 7 de junho do ano passado, na comemoração do fim das gravações do quadro A Fuga, do extinto Agora É com Datena, em um bar na região central de São Paulo, Datena teria extrapolado os limites.

Em representação protocolada no Ministério Público, Bruna afirma que o titular do Brasil Urgente teria lhe dito, na frente de algumas testemunhas, que ela não precisava emagrecer porque já "era muito gostosa", que diversas vezes teria se masturbado pensando nela e que achava "um desperdício" a profissional "namorar uma mulher".

A suposta revelação de Datena (ele nega; leia abaixo) abalou Bruna. "Eu não consegui trabalhar mais. Comecei a ter ataque de pânico ao entrar em link com ele [Datena]. Cortava caminho para não ter que cruzar com ele. Só aguentei duas semanas, até o dia em que tive um ataque de pânico ao entrar na Band", conta.

Nos três meses seguintes, Bruna mergulhou numa profunda depressão. Mesmo assim, decidiu mover uma ação trabalhista contra a Band, na qual cita o suposto assédio e acusa a emissora de ter sido conivente com Datena.

Esse processo corre em segredo de Justiça. Na semana que vem, o Ministério Público Estadual deve analisar a denúncia de Bruna e decidir se instaura uma investigação policial ou se pede diretamente a abertura de um processo criminal.

Bruna, que ainda é funcionária da Band (ela está afastada para tratamento médico), já decidiu mudar de profissão. "Não quero mais ser jornalista. Me dói falar isso, mas todo o carinho que tive trabalhando na Record [como repórter de Gugu Liberato], tive o contrário na Band. Esses quatro anos destruíram minha carreira".

A jornalista ainda não sabe o que irá fazer. "Primeiro, eu pretendo me recuperar da saúde. Perdi 13 quilos, cheguei a pesar 49, quase fui internada porque não conseguia comer. Ainda não consegui parar para pensar no que vou fazer no futuro", afirma.

Bruna emagreceu antes do suposto assédio de Datena. Sua visível perda de peso, aliás, foi o gatilho da fatídica conversa de mesa de bar.

José Luiz Datena nega as acusações e cita testemunhas que afirmam não terem visto qualquer conversa de teor sexual entre ele e Bruna. Ele nega ter falado palavras chulas ou flertado com a jornalista.

"Na comemoração, repeti a ela que ela era muito bonita e que não precisava emagrecer, porque ela já era competente. Tirando isso, todo o resto é mentira, calúnia e delírio", disse Datena ao Notícias da TV.

Datena sustenta que nunca nunca tocou em Bruna. "Jamais faria isso. Sou um homem casado, tenho cinco filhos e seis netos", diz. "Poucas vezes tive conversas privadas com essa moça. Nunca avancei qualquer sinal, inclusive, depois do Boteco do Tunico [onde houve a comemoração], ela veio me agradecer."

O advogado de Datena, Luiz Eduardo Leite, diz que irá processar Bruna por calúnia.

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