RODRIGO TERNEVOY
Divulgação/Arquivo pessoal
Rodrigo Ternevoy em cena do longa de terror Red Room, que estreia no fim do mês na Irlanda
Rodrigo Ternevoy ainda não é um nome conhecido no Brasil, mas já faz sucesso na televisão. Em Dublin há uma década, ele está no elenco da novela Fair City, exibida há 27 anos pela RTÉ One, a emissora mais popular da Irlanda. Também já fez teste para atuar na série Game of Thrones e chegou perto de ser escalado para o fenômeno da HBO.
"A cena que eu tinha que apresentar era do personagem em um cavalo. Cheguei no local e tinha uma cadeira no meio da sala. Eu não sabia se sentava, se ficava em pé nela, se montava como se ela fosse o cavalo (risos). Ainda assim, me chamaram de volta para a próxima etapa", lembra ele, que ainda dava os primeiros passos na carreira artística na época do teste.
Mesmo sem fazer parte do sucesso mundial, o brasileiro de 33 anos está feliz com a exposição conquistada na Irlanda: a novela é uma das maiores audiências locais, vista por mais de 1 milhão de espectadores em um país que tem 4,7 milhões de moradores. "As pessoas me param na rua, dá para ver que estão curtindo", conta.
Na novela há nove meses, Rodrigo já precisa lidar com o assédio dos fãs. "Fui para Galway para a exibição em um festival de um curta em que atuei e foi uma loucura, as pessoas gritavam o nome do personagem", diverte-se.
Curiosamente, Ternevoy não foi para a Irlanda com a intenção de virar ator. Funcionário no Brasil de um banco multinacional com sede nos Estados Unidos, ele viajou para a Europa para aprimorar seu inglês. "Tirei um ano sabático para estudar. Quando cheguei aqui, gostei tanto que acabei ficando", diz.
Rodrigo (à dir.) em cena da novela Fair City, um dos programas mais vistos da Irlanda
E, já que tinha abandonado um emprego estável para reiniciar a vida do outro lado do oceano, ele decidiu também se reinventar como ator. "Eu sempre tive esse sonho, mas sinto que, no Brasil, quem vem de família pobre não tem muito incentivo para correr atrás daquilo que deseja", explica.
Rodrigo começou a fazer figuração e a atuar de graça em filmes universitários para conseguir alguns contatos no meio e ganhar experiência. Enquanto isso, estudava técnicas na Bow Street Academy, onde teve aulas com diretores como Jim Sheridan (indicado a seis Oscars) e John Carney (do premiado Apenas Uma Vez).
No ano passado, fez seu primeiro teste para Fair City. Ficou entre os três finalistas. O personagem acabou nem entrando na trama, mas os produtores gostaram tanto de sua audição que criaram outro papel especialmente para ele.
"É um chileno, o Cristiano, que chega em Dublin para procurar o irmão. Inicialmente, eu ficaria só três semanas, mas foram renovando meu contrato. Agora, meu acordo vai até novembro, quando completo um ano. Mas, como ele e o irmão abriram uma cafetaria na cidade, não acho que eu vá embora tão cedo", comemora.
O ator brasileiro no curta de época Desire, exibido no Festival do Minuto da cidade de Galway
Sempre o estrangeiro
Ternevoy não se incomoda por conseguir papéis de estrangeiro nas produções irlandesas. "Não tenho a aparência dos locais, então não vou ficar batendo cabeça com eles para disputar esses papéis se eu posso interpretar o latino, o alemão, o russo. Vou valorizar o que tenho de diferente", explica.
Ele também não vê sua herança latina como um obstáculo para uma eventual carreira em Hollywood. Afinal, na Irlanda, se prestigia séries como Narcos e A Rainha do Sul, estreladas por Wagner Moura e Alice Braga, respectivamente. "E tem 3% também, que muita gente aqui viu sem nem saber que era brasileira."
E, embora o inglês tenha melhorado bastante desde sua chegada no país, ele ainda não capturou completamente a forma peculiar de falar dos irlandeses. "Mas isso não me frustra. Quando estou chateado por causa do meu sotaque, vejo a Sofia Vergara em Modern Family, e a tristeza passa na mesma hora", brinca, em referência à atriz de fala carregada que interpreta a voluptuosa Gloria na série.
Mas Rodrigo confessa que gostaria mesmo é de trabalhar no país onde nasceu. "Seria um sonho poder atuar em português, na minha língua. Fazer uma novela na Globo, mesmo que um papel pequeno. Ou atuar em um filme brasileiro. Assisti a Aquarius [2016] aqui na Irlanda e saí da sessão apaixonado", valoriza.
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