CARLOS LOMBARDI
Reprodução/YouTube
Carlos Lombardi em entrevista na época de lançamento de Pecado Mortal, sua única novela na Record
Custou caro para a Record a passagem de quatro anos do autor Carlos Lombardi por lá. Além do salário, a emissora bancou uma multa de quase R$ 3,5 milhões pelo rompimento do acordo que ele tinha com a Globo. No período em que ficou contratado, o escritor de Kubanacan (2003) colocou apenas uma novela no ar, a violenta Pecado Mortal (2013).
O Notícias da TV teve acesso ao processo movido pela Globo contra Lombardi em 2012 e que só foi arquivado em definitivo em dezembro do ano passado. Na ação, a emissora pedia para ser recompensada pela quebra de contrato. O acordo com o autor era válido até 30 de abril de 2013, mas ele anunciou a rescisão unilateral em 6 de setembro de 2012, quase oito meses antes do fim.
A emissora pediu uma indenização de 50% do valor de todo o contrato, mas a Justiça determinou que Lombardi deveria pagar apenas os oito meses restantes dos 84 no acordo total --ou seja, 9,5% do total que receberia em sete anos. Esse valor, com juros e correção, chegou a R$ 3.451.142,60, apurou a reportagem.
Mas Carlos Lombardi não precisou mexer na sua poupança. O bispo Marcelo Silva, vice-presidente artístico e de programação da Record, fez sua emissora assumir a multa para poder contar com o autor em seu casting. Em novembro de 2015, foi paga a maior parte, R$ 3.334.137,08. O valor restante, R$ 117.005,52, foi quitado em agosto de 2018, quando Lombardi já nem era mais contratado da casa.
"A Record tinha pago 97% da multa, estava questionando uma fração. E aí eu falei com o diretor artístico, o Marcelo Silva, e ele foi falar com o Jurídico, que pagou o resto. Ele disse: 'Lombardi, uma decisão nossa [de questionar a fração] não pode prejudicar você'", conta o novelista ao Notícias da TV.
Antes da indenização ser totalmente quitada, Lombardi chegou a apresentar o projeto de uma série sobre um jogador de futebol em fim de carreira à Globo. "A Gloria [Perez, então coordenadora do núcleo de criação de séries] aprovou, mas a direção acima dela [Silvio de Abreu], não. A Gloria até chegou a pedir uma segunda ideia, mas ela saiu do departamento antes disso", lembra Lombardi.
Com a multa resolvida, ele está pronto para voltar à ativa. "Está tudo zerado. Pelo que eu entendi, as contas passadas estão pagas. Está tudo tranquilo com relação à pessoa jurídica. O que não foi aprovado foi com a direção artística, um veto de lá, que não tinha nada a ver com contrato, com multa... Se 97% tinha sido pago, e quitaram os outros 3%, pronto, completou", resume.
O autor de 61 anos celebra a torcida nas redes sociais para que Kubanacan seja reprisada na faixa das sete depois de Totalmente Demais (2015) até que a Globo possa voltar com capítulos inéditos de Salve-se Quem Puder, mas acha difícil que a trama do pescador parrudo Esteban (Marcos Pasquim) volte ao ar no horário nobre.
"Tem uma questão técnica, nenhuma das minhas novelas na Globo era em HD [alta definição], e acho que esse vai ser um dos critérios na hora de escolher as reprises. Então eu fico muito feliz com o carinho do público por Kubanacan até hoje, mas acho bem difícil que a direção escolha ela, por aspectos técnicos mesmo", lamenta.
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