Protagonista da Globo e da Netflix já fez malabarismo na rua para ganhar dinheiro

O ano de 2024 tem tudo para ser decisivo na vida de Thomás Aquino. Já reconhecido pela classe artística por trabalhos relevantes no cinema nacional, como o premiado Bacurau (2019), o ator está em vias de se tornar uma personalidade bem mais popular. No ano que vem, ele gravará a segunda temporada de DNA do Crime, na Netflix, e estrelará a nova leva de episódios de Os Outros, série do Globoplay. Aos 37 anos, Thomás Aquino é o atual representante de uma nova geração de galãs.

"Venho emendando sempre um trabalho em outro, mas sinto mesmo que somente agora estou me tornando um ator mais popular, chegando mais ao grande público. Quero muito que as pessoas me reconheçam, reconheçam o meu trabalho. Ser protagonista, ver meu nome em um projeto é uma responsabilidade grande que eu adoro. Isso é fruto de uma pesquisa minha, no sentido de engrenar mais nesse objetivo, nesse estudo de mostrar meu trabalho como ator e me dedicar", disse ele em papo com o Notícias da TV.

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Natural de Recife, no Pernambuco, Aquino é do tipo que não recusa trabalho. "Toda vez que eu sou convidado ou que minha agência consegue um trabalho, eu vou fazer. Gosto de estudar e mostrar que eu estou disposto e apto a fazer aquele personagem porque é o que eu posso construir aqui. Esse momento de hoje é um reflexo do que eu venho estudando, pesquisando, crescendo e amadurecendo", explicou.

Nos últimos tempos, Aquino agradou tanto na Netflix, quanto no Globoplay. Na plataforma estrangeira, ele deu vida ao bandido Sem Alma na primeira temporada de DNA do Crime, série que já ganhou o sinal positivo para uma nova fase. O projeto é uma das produções mais caras da Netflix no Brasil.

Já no streaming da Globo, ele fez sucesso na pele do bondoso Amâncio em Os Outros, um dos poucos personagens do elenco original a voltar na segunda temporada, que já foi gravada. Ainda em 2024, Aquino continuará gravando Guerreiros do Sol, novela do Globoplay que ainda não tem data de estreia. Mais uma vez, será o protagonista da história.

"Sempre que eu faço um projeto, penso no quanto ele pode alcançar o mundo. Tenho essa ganância no bom sentido. Quero que essa arte ultrapasse todos os limites, que vá além, que ela chegue no outro lado do planeta. Se isso acontecer, eu vou ficar muito feliz", elogiou ele.

Aquino esteve no Festival de Cannes de 2019 para receber o Prêmio do Júri por Bacurau. Nada mal, aliás, para alguém que precisou se virar antes de poder viver do seu trabalho como ator.

"Minha trajetória não foi fácil, mas tive a sorte de ter tido os meus pais como grandes investidores da minha carreira. Meus pais não me abandonaram nessa empreitada. Tive momentos difíceis em que eu fazia uma peça cansativa de uma hora e 40 para ganhar R$ 7", lembrou.

"Já fiz pirofagia, que é o ato de cuspir fogo na rua, para ganhar uma grana extra. Já fiz malabares, já entrei pro circo... Mas graças aos meus pais que puderam me apoiar, que puderam me deixar tentar com tranquilidade de saber que eu tinha uma graninha, comida e lugar pra dormir", contou.

Formado longe da periferia, Thomás Aquino teve educação privilegiada: ele estudou em escolas particulares e cursou faculdade de Jornalismo em universidade privada. Apesar disso, o ator passou por situações que seus amigos brancos não passavam.

"Eu não entendia e nunca tive uma reflexão mais profunda sobre isso. Momentos de revistas policiais foram recorrentes na minha vida. Quando eu tinha 17 anos, fui ver um jogo de futebol com dois amigos que são pessoas brancas. Na fila, os dois passaram livremente e somente eu fui abordado pelos seguranças para ser revistado", disse ele.

Aquino se sente vitorioso em, atualmente, ver tantos colegas negros e nordestinos em papéis de protagonismo na arte: "Sem desmerecer ou menosprezar os atores do Sudeste, do Sul, mas desde a formação da TV eles é que são a ponta, né? São os rostos que a gente conhece. Fico muito agradecido de estar na geração agora, em que o Nordeste está mostrando mais a sua cara. Acho que não tem como andar para trás agora. Só pra frente".