COMPLICADO
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Ana Clara Lima durante o Festival de terça-feira (17) do Estrela da Casa; reality não emplacou
Faltam menos de duas semanas para a primeira temporada do Estrela da Casa chegar ao fim, e o clima entre a equipe do reality é de uma Batalha a cada dia. Não para os confinados em busca da fama, que precisarão ser eliminados em ritmo acelerado, mas para o próprio programa. Fracasso retumbante na Globo, a competição musical já provocou a demissão de Boninho e virou uma batata-quente nos bastidores.
Até o momento, o Estrela da Casa acumula média de 11,6 pontos na Grande São Paulo, um índice considerado muito baixo para a faixa. A última temporada do The Voice Brasil (2012-2023), por exemplo, fechou em 16,6 pontos --mas nem os 5 pontos acima asseguraram vida extra ao formato comandado por Fátima Bernardes.
Para piorar sua situação, o reality de Ana Clara Lima já ficou na vice-liderança duas vezes: em 20 de agosto, quando bateu de frente com Corinthians x Red Bull Bragantino; e na última terça (17), contra Corinthians x Fortaleza. Na Globo, cair para o segundo lugar é como atestar uma sentença de morte.
E o Estrela da Casa não vai ter vida fácil em sua reta final: a competição com A Fazenda, da Record, deve tirar ainda mais público da líder de audiência. Afinal, para quem gosta de reality show, é inegável que o confinamento rural rende muito mais entretenimento do que a disputa musical.
A queda já pode ser sentida nos números: todas as edições desta semana tiveram menos audiência do que nos mesmos dias da semana anterior. O maior beneficiado foi o SBT, que cresceu com o futebol, mas a Record também disparou ao trocar sua linha de shows por Adriane Galisteu.
Até o momento, não se cogita cancelar o Estrela da Casa. Pelo contrário. Como o Notícias da TV adiantou no início do mês, uma segunda temporada já foi confirmada por Amauri Soares, diretor dos Estúdios Globo e responsável pela programação da emissora.
O que se questiona nos corredores da emissora é o que acontecerá nessa próxima edição. Patrocinadores estarão dispostos a voltar ano que vem, mesmo depois da baixa audiência e da repercussão quase nula do reality? E, quem quiser anunciar, topará bancar os preços cobrados pela Globo?
Afinal, não faz sentido para marca nenhuma pagar um valor de Big Brother Brasil por um retorno de Zig Zag Arena (2021). E, com os descontos que a emissora terá de oferecer para anunciantes, o Estrela da Casa vai se pagar?
Um dos fatores que jogou contra o Estrela da Casa foi o seu formato, parecido demais com o do BBB para evitar comparações --que, sem exceção, eram (muito) negativas. Até para entender o jogo, o público teve de fazer associações: a Batalha é o paredão, o Dono do Palco é o líder, e por aí vai.
Desenvolvido como um misto de Big Brother com Fama (2002-2005), o programa também falhou ao não se definir como uma coisa nem outra. Se a ideia do Estrela da Casa é encontrar o próximo cantor de sucesso do Brasil, por que os participantes precisam se vestir de cachorro-quente e levar jatos de ketchup e mostarda em provas que nada têm a ver com a indústria musical? Se é um programa de confinamento, por que as tretas ficam em segundo plano para uma visita constrangedora de Katy Perry?
Para o espectador comum, que não busca se informar muito e não sabe que o reality surgiu de uma encomenda do departamento comercial para movimentar as receitas do segundo semestre, o Estrela da Casa parece um BBB genérico, que só não leva o nome oficial para que a Globo não precise pagar os direitos da marca à Endemol Shine.
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