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MEMÓRIA DA TV

Perdida para sempre, novela da Globo teve nome definido após Pai Nosso

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Francisco Cuoco e Renata Sorrah em cena da novela Assim na Terra Como no Céu (1970)

Francisco Cuoco e Renata Sorrah em cena de Assim na Terra Como no Céu (1970), novela da Globo

THELL DE CASTRO

Publicado em 12/6/2022 - 6h15

Novela que marcou a estreia de Francisco Cuoco na Globo e de Renata Sorrah no gênero, Assim na Terra Como no Céu entrou no ar há quase 52 anos, em 20 de julho de 1970. Antes da estreia, no entanto, a emissora passou por um dilema, já que não conseguia achar um bom nome para a produção, que substituiu Verão Vermelho (1969) na faixa das 22h.

De acordo com o relato do diretor Régis Cardoso (1934-2005) no livro No Princípio Era o Som, o nome veio de uma forma inusitada depois de muito penar, tendo sido dado por Mauro Borja Lopes, o Borjalo (1925-2004), então executivo da Globo.

"Dias Gomes [1922-1999] apresentou uma novela sem título. Não sei se foi o Borjalo ou alguém que, muitas horas depois de uma reunião sem resultados positivos, resolveu, já que a novela era católica ou falava de padres, pedir a todos que começassem a rezar porque talvez encontrassem alguma ideia", relatou o diretor.

"Quando o Padre Nosso estava quase no final da primeira parte, que diz o seguinte: 'assim na terra como no céu'… Borjalo, então, grita: 'é esse o título, gente!'", completou.

Estreias na Globo

Cuoco, que viveu o padre Vitor Mariano, vinha de anos de sucesso na Excelsior (1960-1970), tendo estrelado Redenção (1966), novela de maior duração da história da televisão brasileira até hoje. Renata, aos 23 anos, estreava nos folhetins e ganhou o papel de Nívea. A personagem foi assassinada no capítulo 20, gerando um "quem matou" que alavancou a audiência.

Contudo, o público não gostou da saída da personagem, que passou, então, a aparecer em flashbacks ao longo da trama, quando outros nomes do elenco lembravam de Nívea. Após dois meses de espera, foi revelado o assassino: Mário Maluco, vivido por Osmar Prado, que hoje se destaca como o Velho do Rio em Pantanal.

Além dos dois, estrearam em novelas Sandra Bréa (1952-2000), Lídia Mattos (1924- 2013), Estelita Bell (1910-2005), Léa Garcia, Ivan Cândido (1931-2016) e Clementino Kelé.

'Nem sob tortura'

Outro fato curioso envolveu Dias Gomes, que recebeu uma intimação do Comando do Primeiro Distrito Naval para depor sobre supostas atividades subversivas --estávamos em plena Ditadura Militar (1964-1985).

O autor tentou adiar o processo, mas o capitão-tenente encarregado do caso recusou o pedido. No dia do depoimento, marcado no antigo Ministério da Marinha, no Rio de Janeiro, o oficial disse que aceitaria o pedido se Dias lhe revelasse o nome do assassino de Nívea. Na ocasião, o autor brincou com a inusitada situação: "Isso eu não confesso nem sob tortura".

O público, no entanto, nunca mais poderá ver a novela, já que suas imagens foram perdidas pela Globo, provavelmente num dos incêndios sofridos pela emissora nos anos 1970.


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