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GUSTAVO REIZ

Novo autor de novela da Globo já se aventurou como ator: 'Era muito canastrão'

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

De bigode, Gustavo Reiz está sorrindo; ao fundo há uma estante com livros

Gustavo Reiz é aposta da Globo para a faixa das sete em 2023: contrato foi até renovado

CARLA BITTENCOURT, colunista

carla@noticiasdatv.com

Publicado em 4/1/2023 - 6h35

Quando criança, Gustavo Reiz tinha uma questão com os colegas na escola: enquanto os meninos falavam sobre futebol, ele queria mesmo era comentar as novelas que via na TV. A escolhida para o papo era a antiga professora de História, com quem trocava impressões sobre as tramas que eram exibidas. Não foi surpresa para ninguém quando ele se tornou ator de novela e mais tarde autor, que estreará na função na Globo depois de ter se destacado na Record durante 12 anos.

Reiz está escrevendo Fuzuê, novela das sete que tem estreia prevista para julho --antes vem Vai na Fé, de Rosane Svartman, que substituirá Cara e Coragem. Ele foi contratado pela emissora em 2019, mas seu primeiro projeto na nova casa teve que ser adiado por causa da pandemia de Covid-19. Apesar de ser estreante na Globo, o autor tem muita experiência no ramo.

Antes de se aventurar nos bastidores, Reiz já atuou na frente das câmeras. Aos 9 anos entrou em um curso de teatro e chegou a fazer algumas participações em Malhação (1995-2020), que era celeiro de novos atores. Apesar de ter feito cerca de 20 peças, sua carreira decolou mesmo na escrita.

"Acho que sempre fui muito canastrão como ator! Eu era cria do teatro, gostava do exagero, do caricato. E comecei a escrever minhas peças justamente para atuar. Não podia esperar convites, precisava criar minhas oportunidades. E foi o que fiz. As participações na TV surgiram assim, por meio do teatro", conta o autor em entrevista ao Notícias da TV.

Aos 24 anos, Reiz, que é historiador por formação, assinou sua primeira novela, Os Ricos Também Choram (2005), no SBT. Mas apesar da jovialidade, ele era praticamente um veterano no ramo da escrita. Com apenas 12 anos, o fluminense nascido em Niterói (RJ) teve o seu primeiro texto encenado no teatro e nunca mais parou.

"Eu comecei a fazer teatro com 11 anos. Escrevi minhas primeiras peças nessa época. Escrevi meu primeiro livro com 13, para depois publicar mais cinco. Desde que me entendo por gente, vivo de histórias. Preciso delas, isso faz parte de mim", explica.

Durante algum tempo, ele foi considerado um autor teen, uma espécie de Thalita Rebouças de calças, por causa da irreverência e da leveza de suas histórias. No teatro, Reiz participou de mais de 20 montagens teatrais, entre elas o musical Tudo Por um Popstar, baseado no livro da escritora, que é sua amiga. Possui cinco títulos juvenis: Bate Coração, Sonhos de umas Férias de Verão, Proibida pra Mim, Confidências, Confusões e… Garotas e Confidências, Confusões e… Mais Garotas!.

"Participei de mais de 20 montagens como ator. E hoje percebo o quanto essa experiência me ajuda bastante como autor. Escrevo atuando, lendo as cenas em voz alta. Se gaguejo numa fala, eu mudo na mesma hora, pois certamente o ator também teria dificuldades com aquele texto. De certa forma, nunca atuei tanto. Mas, nesse caso, me contento que seja só para mim!", explica.

Aposta em autor é alta

Na Record, assinou seu primeiro trabalho como autor titular: a minissérie Sansão e Dalila (2011), com Mel Lisboa como protagonista. Desde então, o autor emplacou praticamente um projeto por ano na emissora: a série Fora de Controle (2012), a novela Dona Xepa (2013), Milagres de Jesus (2014), a novela Escrava Mãe (2016) e Belaventura (2017).

Ele estava à frente da sinopse de Gênesis, em 2019, quando se desentendeu com a direção sobre os caminhos da novela e decidiu deixar a Record. No mesmo ano, assinou com a Globo, mas quase deixou a nova casa sem ter feito nenhum projeto por lá. É que, por causa da pandemia, sua novela para a faixa das sete foi empurrada para frente e, com isso, não foi produzida antes do fim do seu contrato, em julho de 2022. Nada que tenha tirado a calma do profissional.

A aposta em Reiz é alta. O vínculo com o novelista foi renovado, e Fuzuê, que havia sido aprovada pela antiga gestão de Silvio de Abreu, foi muitíssimo bem avaliada pela nova chefia, que deu a ele sinal verde. Durante a pandemia, o autor, casado com a atriz Manuela Duarte e pai de Theo, de seis anos, e Miguel, de oito meses, escreveu praticamente a metade da novela, que terá cerca de 161 capítulos.

"Todo mundo ficou bastante apreensivo no período da pandemia. Nunca vivemos algo parecido, a ponto de paralisar estúdios, não ter novela inédita para exibir, foi um turbilhão de emoções. Mas o projeto de Fuzuê nunca parou. Continuei dedicado à novela e em conversas constantes com o Léo Nogueira, diretor artístico e grande parceiro", conta.

"Aproveitamos esse tempo para trocar muitas ideias, alinhar caminhos, pesquisar e acompanhar as tendências. Não me dou muito tempo para sentir qualquer receio; prefiro canalizar minha energia nas histórias, nos personagens, nos projetos", assegura.

História de Fuzuê

A descoberta da localização de um lendário tesouro em pleno centro do Rio de Janeiro é o ponto de partida e principal condutor de Fuzuê. Trata-se de uma fortuna bilionária, escondida por um espião francês no período colonial, mas que jamais chegara a ser resgatada por seus compatriotas, após fracassadas tentativas.

Três séculos depois, a valiosa informação chega às mãos de Preciosa (atriz não escalada), dona de uma rede de joalherias e filha do explorador que fizera tal descoberta antes de desaparecer no mar e ser dado como morto. Pela indicação do mapa deixado por ele, a fortuna estaria no ponto em que se situa uma popular e brasileiríssima loja de departamento, a Fuzuê, que a vilã toma para si a missão de derrubar.

"Curto o momento da criação, me divirto e me emociono enquanto escrevo. Mas ver alguém rindo ou se emocionando com algo que criei, me traz a sensação de dever cumprido. Por isso me identifico tanto com a novela, que é uma obra aberta e conta com o feedback do telespectador. Nesse sentido, prefiro oferecer boas sensações e emoções ao público. A vida real já costuma ser pesada, vejo a ficção como um momento de alívio para quem assiste", define.


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