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Memória da TV

Nova novela das sete da Globo repete história de mocinho com doença do sono

Reprodução/Memória Globo

Marco Nanini em Andando nas Nuvens, de 1999: história da família que acorda após um século não é nova - Reprodução/Memória Globo

Marco Nanini em Andando nas Nuvens, de 1999: história da família que acorda após um século não é nova

THELL DE CASTRO

Publicado em 15/7/2018 - 7h51

No próximo dia 31, a Globo estreia sua nova novela das sete, O Tempo Não Para, que conta a história de uma família que sofreu um naufrágio em 1886 e ficou congelada durante mais de cem anos, despertando em uma nova realidade. O enredo não é tão original como pode parecer. A própria emissora teve outra novela das sete, há 19 anos, que mostrava o protagonista voltando à vida após um longo tempo desacordado.

Andando nas Nuvens, de Eyclides Marinho, exibida entre 22 de março e 5 de novembro de 1999, contava a história de Otávio Montana, que marcava a volta de Marco Nanini aos folhetins _seu último trabalho no gênero havia sido Pedra sobre Pedra (1992). Desde então, o ator só havia participado de minisséries, séries e especiais.

Na novela, em 1981, Otávio presenciou o assassinato do pai, lutou contra o criminoso e caiu da varanda, ficando inconsciente. Ele sofreu de encefalite letárgica, também conhecida como doença do sono. O personagem acordou somente 18 anos depois, em 1999.

"A princípio, ele passaria esse tempo em coma. Mas optei pela encefalite letárgica, que foi uma epidemia nos anos 20. Ficou mais verossímil", explicou Marinho ao Jornal do Brasil de 16 de março daquele ano.

De acordo com o autor, a ideia surgiu dois anos antes, quando um amigo entrou em coma. Ele ficou imaginando como seria despertar depois de muitos anos e se deparar com inúmeras novidades. Para isso, conversou com neurologistas, que recomendaram a encefalite letárgica para sua trama, já que a recuperação do coma costuma ser muito longa.

Na apresentação da novela, o diretor-geral Dennis Carvalho disse que a meta era alcançar 45 pontos e deter o crescimento do Cidade Alerta, da Record. "Eles estão dando uma audiência incrível. Mas eu quero crer que o interesse do público por programas desse tipo seja passageiro", falou ao JB.

Ao jornal O Globo de 17 de março de 1999, Nanini brincou que tinha muitas semelhanças com seu personagem. "Ele fica fazendo perguntas como quem sou, aonde estou. Também sou assim e isso facilita o trabalho. Apesar de não ter dormido por 18 anos, até hoje não sei programar um videocassete", explicou.

Otávio foi feito para o ator. O autor disse ao jornal O Estado de S. Paulo de 21 de março de 1999 que, se o protagonista não fosse Marco Nanini, o personagem seria morto. "Ele morreria no capítulo 15, a história seria descobrir quem o matou", contou. "Nanini é um dos melhores atores do mundo", completou.

Guardadas as devidas proporções, principalmente quanto ao tempo de hibernação, assim como os personagens de O Tempo Não Para, ao acordar Otávio se espantou com os avanços tecnológicos que encontrou em 1999, como telefone celular e a internet. Mas, ao contrário de Dom Sabino (Edson Celulari), da nova novela, Otávio concluiu que essas inovações pouco ajudaram o homem.

Ao voltar à realidade, Otávio se lembrou apenas de fatos ocorridos antes de 1968, muitos anos antes do acidente. Ao ver a data de 1999 em um jornal, pensou ter enlouquecido. E, no meio da trama, o protagonista foi mesmo tratado como louco.

Andando nas Nuvens passou longe dos 45 pontos pretendidos por Dennis Carvalho, mas também não foi um fiasco _ficou na casa dos 30, pouco acima do que alcança atualmente Deus Salve o Rei. Na época, a Globo passava por vários perrengues no Ibope, incluindo a então novela das oito, Suave Veneno.


THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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