MEMÓRIA DA TV
Divulgação/SBT
Gugu Liberato à frente do Viva a Noite na década de 1980: programa colocava em risco a vida das pessoas
THELL DE CASTRO
Publicado em 29/9/2019 - 5h50
Um dos programas mais marcantes dos anos 1980, o Viva a Noite, do SBT, tinha um quadro em que tudo podia acontecer. No Sonho Maluco, telespectadores enviavam cartas para realizarem os mais variados desejos. Mas algumas edições não saíram conforme o planejado e causaram acidentes que por pouco não terminaram em tragédia.
Os sonhos do público iam de coisas simples --como um garoto que queria conhecer o palhaço Bozo, estrela da grade infantil da emissora-- a algo polêmico ou perigoso.
Rita Cadillac, símbolo sexual da época, tomou banho no palco do programa juntamente com um rapaz que tinha essa fantasia --com direito ao olhar fulminante da mulher do sujeito, que via tudo da plateia. Muitos episódios também envolveram dois fenômenos musicais daquela década: Os Menudos e o grupo Dominó.
Gugu Liberato, apresentador da atração, era uma das principais vítimas. Certa noite, teve de entrar em uma banheira com a pessoa que enviou a carta, mas se esqueceu de levar uma troca de roupa e tinha um show após a gravação. Em outra ocasião, ele precisou resgatar uma moça descendo um prédio em uma corda, vestido de super-herói. A tarefa foi realizada com o auxílio dos bombeiros.
Mas, em 1987, dois acidentes sérios envolveram o próprio apresentador e o cantor Agnaldo Timóteo. Uma carta pediu que Gugu atravessasse um túnel em chamas. Ele cumpriu o prometido, para delírio do público, mas quase acabou asfixiado por conta do calor dentro da roupa especial que vestia.
"No momento em que eu saí e estava quase asfixiado, tentei tirar o capacete com muita vontade e acabei queimando os dedos. Eu estava desesperado, passei a mão na cabeça achando que não tinha mais cabelo", disse o apresentador no próprio programa.
Os bombeiros usaram água e pó químico para resfriar a roupa --nada mais grave aconteceu com Gugu, que mesmo assim foi para o pronto-socorro. No entanto, a entrada da sede da emissora, onde foi gravada a ação, ficou bastante danificada, as árvores pegaram fogo e um carro que estava estacionado próximo do local teve que ser pintado.
Posteriormente, foi solicitado que Agnaldo Timóteo atravessasse um outdoor dentro de um carro, a partir de uma rampa, como acontece nos filmes de ação. Acompanhado por um piloto profissional, o cantor foi cumprir o combinado, mas a aventura por pouco não terminou em tragédia.
Após subir uma rampa e passar pelo outdoor, o carro embicou, aterrissando com as rodas dianteiras. Timóteo, que apareceu no vídeo sangrando e sendo atendido pelos médicos de uma ambulância que estava de prontidão, havia sido jogado contra o painel do automóvel, sofrendo cortes e escoriações. Para completar, acabou quebrando alguns dentes e a quarta vértebra da espinha dorsal.
O Viva a Noite foi apresentado entre 1982 e 1992 nas noites de sábado --e tardes de domingo, durante um curto período, para combater a chegada de Fausto Silva na Globo. Após o fim do programa, Gugu conquistou o público dominical, durante anos, com o Domingo Legal. A antiga atração teve uma nova versão em 2007, comandada pela cantora Gilmelândia, que durou poucos meses no ar.
THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro
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