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MEMÓRIA DA TV

Nos anos 1980, enchentes destruíram cenários e tiraram programas do SBT do ar

ARQUIVO/SBT

Antiga sede do SBT na Vila Guilherme

Antiga sede do SBT na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo; estúdios sofreram alagamentos há 30 anos

THELL DE CASTRO

Publicado em 16/2/2020 - 5h35

Se teve uma emissora de televisão que já sofreu com as constantes enchentes e alagamentos de São Paulo (SP), como a ocorrida na última segunda (10), foi o SBT. A antiga sede da rede de Silvio Santos, na Vila Guilherme, bairro da zona norte próximo ao rio Tietê, foi alagada diversas vezes nos anos 1980 e 1990. Programas ao vivo foram interrompidos, gravações foram canceladas e arquivos se perderam.

Lançado em 2017, o Almanaque do SBT, escrito por Tony Goes, Elmo Francfort e Alan Gomes, listou seis grandes incidentes ocorridos na emissora. O primeiro deles foi em 1982, quando uma enchente destruiu totalmente o cenário da novela Destino, estrelada por Ana Rosa e Flávio Galvão.

Na mesma ocasião, a exibição ao vivo do programa O Povo na TV foi interrompida para que as pessoas que estavam no auditório, que ficou completamente inundado, pudessem ser retiradas com segurança.

Estúdio de programa infantil ficou alagado em 1987

Ainda de acordo com o livro, em janeiro de 1987 o SBT sofreu a maior inundação de sua história, que acarretou na destruição de todos os arquivos e documentos dos setores administrativos e de produção. O programa infantil Bozo, que estava sendo gravado naquele momento, foi interrompido, e as crianças participantes tiveram que subir à sala de controle do canal, com a ajuda dos bombeiros, para aguardar o escoamento da água.

No ano seguinte, as águas voltaram mais uma vez. Dessa vez, a maior vítima foi o cenário do telejornal Noticentro, que, pouco tempo depois, seria substituído pelo TJ Brasil. O Show Maravilha, programa infantil comandado por Mara Maravilha, também sofreu --o trem que era um dos destaques da atração teve o mecanismo quebrado. Boletins informativos mostraram ao público o que acontecia na própria emissora.

Alguns anos depois, em 1991, outra enchente afetou o funcionamento do canal. O Aqui Agora, no auge do sucesso, foi ancorado pelos repórteres Carlos Cavalcante e Célia Serafim diretamente do controle-mestre da casa, já que o estúdio estava com água até a metade da mesa. Com um bote, o telejornal mostrou os prejuízos da casa.

Estúdio tomado pela enchente na antiga sete do SBT

De acordo com Hebe Camargo (1929-2012), em depoimento ao SBT, essa foi a única vez que ela faltou ao trabalho. "São Paulo estava absolutamente inundada. Então a gente não tinha como sair. Eu ligava e dizia que estava indo. Chorei demais, porque não me conformava, odeio faltar à responsabilidade que a gente tem com o público", disse a apresentadora.

O canal ainda teve mais dois grandes incidentes: em 1992, durante o TJ Brasil, Boris Casoy pediu para que as câmeras mostrassem o nível de água do piso do estúdio; já em 1994, uma gravação do programa infantil Casa da Angélica foi cancelada.

"Por causa das enchentes, há pouco arquivo da TVS Rio [emissora antecessora do SBT, criada no Rio de Janeiro (RJ) em 1976], dos programas produzidos pela ESS e dos filmes publicitários da Marca Filmes. Cerca de 10% dos dez primeiros anos do SBT também foram perdidos para a água", informou o livro.

Corredores do SBT pareciam rios durante enchentes

O drama com alagamentos terminou quando o SBT abandonou a sede da Vila Guilherme e se mudou para o Complexo Anhanguera, em Osasco (Grande São Paulo), oficialmente a partir de 19 de agosto de 1996 --algumas novelas já utilizavam o local para montagem das cidades cenográficas antes da mudança.

Veja o vídeo em que Hebe Camargo comenta o alagamento do SBT:

TV Cultura alagada

Outra emissora que fica próxima ao rio Tietê e sofre até hoje com enchentes é a TV Cultura. Em janeiro de 2010, um mês depois de sofrer um alagamento, dois estúdios e a sala de figurinos da TV pública foram invadidos pelas águas. Também foram danificadas salas da administração das rádios da Fundação Padre Anchieta.

Na última segunda (10), o jornalista Aldo Queiroga apresentou o Jornal da Cultura diretamente do estúdio do programa Metrópolis e usando galochas.


THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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