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NOVO MERCADO

Netflix vira opção de trabalho para atores dispensados pela Globo e Record

Fotos de Divulgação

Fora da TV aberta, Maria Flor, Leonardo Brício e Fernanda Vasconcellos vão para a Netflix - Fotos de Divulgação

Fora da TV aberta, Maria Flor, Leonardo Brício e Fernanda Vasconcellos vão para a Netflix

LUCIANO GUARALDO

Publicado em 30/8/2017 - 5h15
Atualizado em 30/8/2017 - 10h43

A política da Globo, da Record e do SBT de fazer contratos por obra com boa parte de seus elencos gerou uma revolução no mercado da atuação. Depois de migrarem para as séries da TV paga, os atores agora começam a encarar a Netflix como uma nova opção para fugir do desemprego e continuar na ativa. Fernanda Vasconcellos, que já foi estrela na Globo, e Leonardo Brício, ex-protagonista na Record, estão entre os que encontraram trabalho na plataforma de streaming.

A série O Mecanismo, que a Netflix prepara para 2018 e tratará dos bastidores da Operação Lava Jato, terá como uma das protagonistas Carol Abras, que atuou em Avenida Brasil (2012) e roubou a cena em I Love Paraisópolis (2015). Sem contrato longo com a Globo, a atriz encontrou na Netflix um novo mercado.

O protagonismo de Carol será dividido com Selton Mello, que por opção própria faz contrato com a Globo apenas por obra para poder se dedicar a outros trabalhos, como a direção de O Filme da Minha Vida, em cartaz nos cinemas, ou da série Sessão de Terapia (2012-2014). Mello mantém boa relação com a emissora, na qual gravou a produção 13 Dias Longe do Sol, ainda sem previsão de estreia.

O elenco conta ainda com Lee Taylor (Velho Chico), Enrique Dias (Felizes Para Sempre?) e Leonardo Medeiros (Em Família e O Rico e o Lázaro). Leonardo Brício, que saiu da Record por não querer ficar marcado como ator de tramas bíblicas, voltará à TV depois de cinco anos fora do ar na mesma produção.

A segunda temporada de 3% também é um bom indício de como os atores têm encarado a Netflix de forma favorável. No primeiro ano, os nomes mais conhecidos eram Bianca Comparato e João Miguel, acompanhados de vários novatos, como Michel Gomes, Vaneza Oliveira, Rodolfo Valente e Rafael Lozano.

Já os novos episódios contarão com Fernanda Vasconcellos (Haja Coração), Maria Flor (A Lei do Amor), Laila Garin (Rock Story), Cynthia Senek (Malhação), Sílvio Guindane (Vai que Cola) e Bruno Fagundes (Meu Pedacinho de Chão). Todos eles não têm mais contrato com a Globo e viram no streaming uma boa oportunidade.

divulgação/netflix

3% terá Fernanda Vasconcellos (de blusa listrada, ao fundo) e Bruno Fagundes (de rosa, à dir.)

"Eu fiz Pedacinho há três anos e não tive mais chances na Globo. As séries da Netflix vieram em ótima hora, são uma oportunidade incrível de mostrar meu trabalho", valoriza Bruno, que antes de atuar em 3% fez uma participação rápida em um episódio de Sense8 (2015-2017), também na plataforma.

Filho de Antônio Fagundes, contratado da Globo há 40 anos, o jovem de 28 anos encara um panorama bem diferente do vivido pelo pai. "Acho que produções como 3% são um marco. Acredito inclusive que isso vai mexer com a produção da própria Globo, entusiasmada para criar novos conteúdos, novos formatos", opina.

Com Sense8, o ator já sentiu um gostinho do potencial do novo mercado. "Colocar minha cara lá, em um produto que é exibido no mundo todo, é uma experiência incrível. Para nós, atores, isso muda tudo, você pode ser conhecido muito além do Brasil. Eu já tive um retorno bem positivo e agarro o papel em 3% com sangue nos olhos e muita empolgação", diz ele, proibido de dar qualquer detalhe sobre a trama.

O ritmo de produção de uma série, bem menos intenso que o de uma novela diária, também dá aos atores a chance de fazer outros trabalhos. Fagundes, por exemplo, concilia as gravações de 3% com duas peças de teatro: Baixa Terapia, em cartaz no Tuca, em São Paulo, e o musical Senhor das Moscas, em temporada gratuita no Sesi e pelo qual concorre ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem.

"São universos bem diferentes, três personagens muito distintos, é um exercício incrível poder transitar entre esses papéis. Eu encaro isso como um grande desafio. Faço teatro profissional desde os 16 anos, me sinto meio retribuído em ver que o palco está pedindo minha presença e que eu posso conciliar essas jornadas. É intenso, eu trabalho muito, mas não posso reclamar", encerra.

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