NO ENCONTRO
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Naiara Azevedo no Encontro; sertaneja abriu o coração sobre relacionamentos abusivos no matinal
Naiara Azevedo abriu o coração sobre suas vivências com relacionamentos abusivos no Encontro desta segunda (25). A sertaneja, que colocou o ex-marido na Justiça por violência doméstica, desabafou com Patrícia Poeta sobre as marcas deixadas por um casamento traumático. "Só nós sabemos o que passamos dentro de casa", lamentou.
A apresentadora do matinal da Globo reuniu na plateia mulheres com cartazes com frases que ouviram durante relações abusivas que viveram em suas vidas. Naiara Azevedo se identificou com o tema, e pediu licença para poder compartilhar sua história mais uma vez.
"Nisso eu acho que eu tenho propriedade de fala", afirmou a cantora. "O maior problema, talvez todas concordem comigo, que nos faz permanecer tanto tempo nessas relações abusivas, é a descredibilidade da sociedade, das pessoas para com o nosso sentimento, para com a nossa verdade", iniciou ela.
Só nós sabemos o que passamos dentro de casa, e o quanto os agressores são uma pessoa dentro de casa para a gente, e quanto eles transparecem ser do lado de fora. A mulher sempre é colocada como errada, [perguntam] 'o que você fez para que ele fizesse isso?'. É como se a gente tivesse provocado isso de alguma forma.
"De fato, não só o agressor tenta nos manipular psicologicamente, que eu falo que é agressão psicológica. A gente fica se perguntando: 'o que eu fiz?', 'onde foi que eu errei?', 'será que de fato eu provoquei essa ira?', 'eu provoquei tanto com palavras quanto fisicamente?'", relembrou.
Naiara afirmou que constantemente era questionada por pessoas próximas e autoridades quando resolveu trazer seu relato a público. "Quantas pessoas não falam para a gente: 'será que é tudo isso mesmo?', 'por que você aguentou tanto tempo?', 'se não tava bom, por que você não foi embora?', 'mas quando você estava com ele, não era isso que você transparecia'", disse.
"É quase uma lavagem cerebral. Eu lembro que, há um ano, quando você sentou nesse sofá, logo depois de você ter compartilhado sua história com a gente, uma história forte, e ter se tornado voz potente nessa luta, você chegou a comentar que, mesmo vivendo todo tipo de violência... Psicológica, física, patrimonial... Você ainda pensava nas pessoas ao seu redor. Inclusive na imagem do ex-companheiro", relembrou Patrícia Poeta.
"Sim, porque é uma forma de manipulação. [Ele dizia] 'você não pode falar isso, o que minha mãe vai pensar disso? Sua família? Eu tenho uma filha!'. A gente é manipulada de uma forma tão suja, que ele nos faz pensar em tudo o que pode prejudicar ele, ao redor dele, mas nunca o nosso sentimento", concordou Naiara.
Mais tarde na atração, a ex-BBB comentou que passou a estudar muito sobre o assunto depois de vivenciar experiências traumáticas e se tornar um exemplo para outras mulheres.
"A violência não é só física. Antes do primeiro tapa, do primeiro empurrão, da primeira agressão física, sempre vem a psicológica e a verbal", relatou. "Posso dizer por mim, é a que mais dói. É algo que ecoa na nossa mente todos os dias. Não importa quantos anos se passem, quanta terapia você faça", complementou ela.
É uma cicatriz, é um gatilho, eu não sei explicar, talvez um dia isso acabe, eu extermine isso de vez dentro de mim, mas em alguns momentos, quando eu vou tomar uma decisão importante na minha vida, parece que lá no fundo, eu escuto uma voz ecoar: 'você não é capaz, não vai conseguir, sem mim você não é nada, eu vou acabar com a sua vida, ninguém nunca vai te querer'.
"O que os agressores mais fazem é te colocar de uma forma como se você não fosse nada, nem ninguém. Como se você não existisse se não for eles", avisou a cantora.
A apresentadora questionou como Naiara se sente depois de expor o que passou e ter se tornado uma voz potente nessa luta. "Hoje eu entendi que eu só comecei a viver dos meus 34 anos em diante. Eu falo que tenho um aninho de vida", contou, emocionada.
"Um ano que eu estou me descobrindo como mulher, descobrindo o que de fato é um relacionamento saudável, o que é trabalhar de forma saudável, fazer as minhas escolhas. Eu falo que é uma coisa tão boba, mas sabe quando você respira, enche o pulmão e o ar vem? Respirar com liberdade", contou.
"Me sinto assim. Hoje eu dou valor nas pequenas coisas, que antes eu não conseguia enxergar, porque eu estava tão bitolada no meu mundo de 'meu Deus, como vai ser?', nós nos sentimos tão sufocadas nessas relações que a gente deixa de viver. Hoje eu sinto que eu tô viva", finalizou ela.
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