Mauro Salles, jornalista que fez parte da fundação da TV Globo, morre aos 90 anos

Jornalista e publicitário, Mauro Salles morreu vítima de falência múltipla dos órgãos, no sábado (11). Ele tinha 90 anos e estava internado desde dezembro no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O empresário foi um dos mais importantes chefes da Globo na década de 1960, sendo o primeiro diretor de Jornalismo e de Programação da emissora. Colaborou para a criação da TV que se tornou líder de audiência no Brasil.

Nascido em 1932 em Pernambuco, passou a morar no Rio de Janeiro em 1942 com a família. Salles entrou para o jornal O Globo em 1955, a convite do próprio Roberto Marinho (1904-2003). Segundo o site Memória Globo, Trabalhou no veículo durante 11 anos, como repórter e diretor de Redação; no período, chegou a se afastar da empresa para assumir cargos públicos.

"Mauro Salles teve participação fundamental na concepção e no lançamento da TV Globo, como diretor de Jornalismo e diretor de Programação, cargo que assumiu até as vésperas da inauguração da emissora, em 1965", registra o site sobre a história da empresa.

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Ele participou das negociações para a compra da TV Paulista, canal 5 de São Paulo, pela Globo. E ainda é considerado um dos responsáveis pela contratação de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.

Salles comandou o programa Câmara Indiscreta na década de 1960, que era apresentado por Renato Consorte (1924-2009), Gracinda Freire (1925-1995), Paulo Roberto e Augusto César Vannucci (1934-1992).

foto: acervo globo

Mauro Salles em 1964; trabalhava na Globo

O jornalista saiu da Globo em 1966 para fundar sua própria empresa, a Mauro Salles Publicidade. Em 1978, novamente convidado por Roberto Marinho, retornou às Organizações Globo.

Dessa vez, assumiu uma das vice-presidências do grupo, ficando responsável pela rede de televisão, pelas emissoras de rádio e pela sucursal do jornal O Globo em São Paulo. Saiu do cargo menos de um ano depois para se dedicar ao jornal Latin America Daily Post.

Mauro Salles trabalhou na Fundação Cásper Libero (dona da TV Gazeta), em campanhas políticas e no mercado de importação e exportação de filmes e programas para TV. Teve um papel importante na publicidade brasileira, como presidente da Associação Brasileira de Propaganda (ABP) e da Federação Brasileira de Publicidade (FEBRASP).

Na década de 1980, liderou a criação do Código de Ética da Publicidade Brasileira e ocupou o cargo de diretor do Conselho Nacional de Propaganda (CNP).

"Conheci Mauro Salles ainda menino. Mauro foi, obviamente, o meu professor, de publicidade e de vida", lamentou o publicitário Washington Olivetto ao jornal O Globo. Mauro Salles deixa sua mulher, Tereza, três filhos e dez netos.