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Memória da TV

Maior sucesso de Lucélia Santos, Escrava Isaura quase foi vivida por outra atriz

Divulgação/Globo

Os atores Lucélia Santos e Edwin Luisi formaram par romântico na novela Escrava Isaura (1976), da Globo - Divulgação/Globo

Os atores Lucélia Santos e Edwin Luisi formaram par romântico na novela Escrava Isaura (1976), da Globo

THELL DE CASTRO

Publicado em 14/10/2018 - 6h51

Maior sucesso da carreira da atriz Lucélia Santos, o papel de Escrava Isaura na novela homônima da Globo, apresentada com grande sucesso entre 1976 e 1977, quase pertenceu a outra atriz. Inicialmente, a personagem seria de Débora Duarte, mas ela ficou grávida. O autor Gilberto Braga queria Louise Cardoso.

A trama retratava a luta abolicionista no Brasil, tendo como fio condutor uma paixão doentia: a de um senhor de escravos, vivido por Rubens de Falco (1931-2008), por uma cativa de pele alva.

Exibida entre 11 de outubro de 1976 e 5 de fevereiro de 1977, em cem capítulos, no horário das seis, foi uma adaptação do romance de Bernardo Guimarães, a partir de sugestão de uma antiga professora de português de Gilberto Braga.

O jornal O Globo de 15 de agosto de 1976 anunciou que a Globo havia batido o martelo e a protagonista da trama havia sido definida. Trata-se de Débora Duarte, que havia acabado de gravar uma participação especial na primeira versão de Anjo Mau (1976).

"Confirmado o seu nome na tarde de sexta-feira, o autor Gilberto Braga e o diretor Herval Rossano (1935-2007) reuniram-se nesta mesma tarde para decidirem o resto do elenco", destacou a publicação.

Mas a atriz não conseguiu atender à escalação da emissora. Aos 26 anos, casada com o cantor Antônio Marcos (1945-1992), Débora estava morando em São Paulo e grávida. Em 21 de junho de 1977, nasceria Paloma Duarte.

O casal Débora Duarte e Antonio Marcos em 1976

A própria atriz conta o fato no livro Débora Duarte – Filha da Televisão, de Laura Malin. "Eu estava namorando o Toninho e engravidei da Paloma. A mídia explorou bem o assunto, o que me deixou chateada, mas, enfim, pelo Toninho ter uma veia mais popular também se falava bastante. A gente nunca posou para nada. O que saiu, saiu porque saiu. O Boni me escalou para fazer Escrava Isaura, mas eu já estava grávida da Paloma e o Toninho não podia mudar de São Paulo, aí eu acabei não fazendo para ficar em São Paulo até o nascimento dela".

Ainda no livro, Débora conta que não ficou muito tempo sem trabalho. "Meses depois do nascimento, a Tupi me chamou para fazer O Profeta (1977). Acho que foi um dos últimos grandes sucessos da emissora, que já estava com problemas financeiros e sofrendo com a pressão que a Globo vinha fazendo", relembrou.

Depois de viver Carola em O Profeta e participar de Cara a Cara, na Band, a atriz só voltaria para a Globo em 1980, quando viveu a polêmica Catucha de Coração Alado.

Aposta
Com a recusa de Débora Duarte, Gilberto Braga sugeriu o nome de Louise Cardoso, que só despontaria em 1978, com Gina, outra produção das seis da Globo. Mas o papel acabou ficando mesmo com Lucélia Santos, aposta de Herval Rossano, que a convidou após assistir seu desempenho na peça Transe no 18.

A novela obteve grande sucesso no Brasil e em diversos países do mundo, especialmente em Cuba, onde o racionamento de energia chegou a ser suspenso para os telespectadores não perdessem os capítulos, e na China, onde Lucélia recebeu prêmios e tem fãs até os dias de hoje.

Na Polônia, os protagonistas foram recebidos pelo público de forma emocionante, com centenas de pessoas lotando o aeroporto e as ruas para vê-los.

Passados mais de 40 anos da exibição original (a Record fez um remake entre 2004 e 2005) Escrava Isaura ainda está na lista das novelas mais vendidas pela Globo para o exterior: nada menos que 104 países já a exibiram pelo menos uma vez.


THELL DE CASTRO é jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira (Editora InHouse). Siga no Twitter: @thelldecastro

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