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DIRETOR DEMITIDO

Justiça investiga denúncia de racismo na Globo contra atores de novela das seis

Retrato do diretor Vinicius Coimbra, ex-diretor artístico da Globo

Vinicius Coimbra foi demitido pela Globo após denúncias de racismo em Nos Tempos do Imperador

CARLA BITTENCOURT, colunista

carla@noticiasdatv.com

Publicado em 13/7/2022 - 14h06

Quatro meses após a demissão de Vinicius Coimbra, acusado de cometer racismo nos bastidores de Nos Tempos do Imperador (2021), o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) abriu uma investigação para apurar o suposto crime contra atrizes da novela das seis da Globo. A emissora foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos do Notícias da TV.

De acordo com a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o MPT já intimou cerca de oito pessoas, entre diretores e outros integrantes da produção da trama, para darem depoimentos. Cinnara Leal, Dani Ornellas e Roberta Rodrigues estão entre as testemunhas. Foram as três atrizes que procuraram a direção da emissora, em 2020, durante as gravações do folhetim de época para reclamar de posturas discriminatórias contra atores negros por parte de Coimbra e sua equipe.

A investigação, no entanto, não vai ficar restrita apenas ao ocorrido na novela dirigida por Vinicius Coimbra, demitido pela Globo em março passado sob a alegação de assédio moral.

O Ministério Público do Trabalho também vai investigar queixas de que atores brancos receberiam mais pelos mesmos trabalhos desempenhados pelo elenco negro. Ainda segundo a Folha de S. Paulo, uma atriz afirma ter sido remunerada com valores inferiores aos recebidos por atrizes brancas iniciantes.

A pedido do Notícias da TV, o advogado Matheus Falivene, doutor e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), explicou que assédio moral é uma questão trabalhista que engloba, entre outras práticas, ofensas raciais. Já o racismo é um crime da esfera penal e que deve ser investigado pela polícia. 

"A Globo foi prudente em não atribuir a demissão dele a racismo. Se houver um processo na esfera criminal, e ele for inocentado, por exemplo, ele pode processar a empresa por danos morais. O assédio moral é referente ao direito do trabalho, e o racismo ao direito penal, é um conceito criminal. Em regra, para não se comprometer, a empresa demite por assédio moral, que tem um conceito bastante amplo", explica Falivene.

Entenda o caso

Em fevereiro deste ano, Coimbra já havia sido afastado temporariamente de suas atividades na emissora. Na época, ele afirmou ao Notícias da TV que seu desligamento não foi provocado por preconceito racial: "Fui comunicado do meu desligamento da Globo por assédio moral". Já a Globo, em nota para a mesma reportagem, informou que "não tolera" preconceito racial.

"Nas últimas semanas, muito foi dito a meu respeito. Por isso, agradeço àqueles que prezaram por uma apuração responsável dos fatos, sem atribuir a mim atitudes que não condizem com a minha índole ou que não são da minha competência", disse também o ex-diretor. 

"Como homem branco, porém, reconheço minha responsabilidade por atitudes que reproduzem privilégios. Eu sinceramente não gostaria que isso tivesse acontecido e estou empenhado para que não se repita. Desculpei-me à época e me desculpo novamente. Reafirmo meu profundo respeito pelo elenco da novela. Quero poder contribuir para juntos repararmos esta situação e construirmos um futuro melhor", complementou Coimbra.

Coimbra estava à frente da próxima novela das seis, Mar do Sertão, e foi substituído por Allan Fiterman, que dirigiu Quanto Mais Vida, Melhor!

À época, procurada pelo Notícias da TV, a comunicação da emissora mandou um texto sobre a demissão do diretor. "Preconceito racial é uma prática não tolerada pela Globo. A fim de manter seu ambiente corporativo livre de discriminação, a empresa conta com um sistema de compliance atuante, com treinamentos de conscientização frequentes de seus colaboradores e um código de ética que proíbe a discriminação e pune severamente as violações apuradas", dizia a nota.

"Em relação à novela Nos Tempos do Imperador, a empresa acredita que poderia ter adotado precauções extras para abordar a temática racial, nas diversas dimensões que a produção exigia. Nesse sentido, foram identificadas oportunidades de aperfeiçoar nossos processos internos para tratar adequadamente esta e outras temáticas sensíveis, garantindo que sua abordagem contribua para o avanço no caminho da diversidade, preservando a sensibilidade do público e de nossos colaboradores", completou.


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