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FRUSTRAÇÃO

Jornalistas se demitem da CNN após entrevista chapa-branca com Bolsonaro

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Renata Agostini (à esquerda) e Thaís Arbex (à direita)

Renata Agostini e Thaís Arbex: funcionárias da CNN se frustraram com documentário sobre golpe

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 2/2/2024 - 15h31

A CNN Brasil enfrentou uma crise nos bastidores da produção do documentário sobre os atentados golpistas de 8 de janeiro de 2023 em Brasília. As jornalistas Renata Agostini e Thaís Arbex, responsáveis pelo projeto, ficaram frustradas com a edição que foi ao ar e pediram demissão do canal. Uma entrevista chapa-branca com Jair Bolsonaro foi a gota d'água.

Renata, Thaís e Jussara Soares encabeçaram Ataque aos Poderes: Um Breaking News que Abalou a Política Brasileira, documentário exibido em cinco partes pelo canal de notícias. De acordo com o colunista Gabriel Vaquer, do site F5, as idealizadoras ficaram de fora da edição final do material e não gostaram do resultado.

A produção solicitou uma entrevista com o ex-presidente, que aceitou falar, mas o canal escalou o âncora Leandro Magalhães para conduzir a conversa em vez de uma das três idealizadoras. Renata, Thaís e Jussara não gostaram do tom adotado. Elas sentiram falta de firmeza nas perguntas sobre o envolvimento de Bolsonaro nos atos antidemocráticos, cujo objetivo era um golpe de Estado que o beneficiaria.

Na entrevista, Jair Bolsonaro se disse inocente da acusação e não foi rebatido pelo âncora. As investigações são citadas de forma vaga em uma narração. O Notícias da TV confirmou a insatisfação das criadoras do documentário, que pediram que o crédito fosse retirado após a exibição da primeira parte --o que foi acatado pela CNN Brasil.

Nos bastidores, profissionais do canal ponderam que o projeto não era autoral das três jornalistas, mas um trabalho coletivo. Segundo fontes, um documentário desse tipo precisa de mais de uma dezena de profissionais para ser colocado no ar.

Notícias da TV procurou a CNN Brasil e questionou o canal sobre as queixas das jornalistas a respeito da frustração com a edição do documentário. A empresa confirmou os pedidos de demissão, mas não deu informações sobre os motivos.

Clima na CNN já não era favorável

Notícias da TV apurou que Thaís Arbex e Renata Agostini já estavam insatisfeitas e falavam em sair do canal de notícias havia algum tempo. A edição do documentário foi a gota d'água para que elas pedissem o desligamento.

Thaís saiu oficialmente da emissora na quarta (30) e foi convidada para trabalhar no Ministério da Justiça, com Ricardo Lewandowski. Já Renata Agostini foi desligada na quinta (1º). A analista de política e economia já não aparecia na programação da CNN desde o início do mês. 

"A decisão de sair foi minha. Agradeço à CNN por esse período. Desejo sucesso aos muitos amigos que ficam. Vocês brilham! Chegou o momento de novos ares, de novos projetos... No jornalismo, claro! Não largo essa mania de amar esse ofício. Vou tirar uns dias para descansar com família e amigos", comunicou Renata no Instagram, nesta sexta (2).

CNN passa por reestruturação

A reportagem apurou que as decisões de João Camargo, presidente da CNN Brasil, também têm desagradado funcionários contratados no projeto inicial do canal, que abriu suas portas no Brasil em 2020. A franquia brasileira passou por um período conturbado entre 2022 e 2023, com cortes de gastos, reajustes salarias, reformulação de programas, fechamento de sucursais e saídas de medalhões do canal como Monalisa Perrone e Gloria Vanique.

Camargo afirmou que a expectativa é de que a CNN Brasil comece a se reerguer a partir deste ano. Ele renovou contrato por mais 12 anos com a matriz norte-americana do portal de notícias. Segundo ele, o objetivo é de que a empresa se torne um canal forte de hard news, deixando de lado o tom crítico e opinativo.

"Está tudo azeitado. Foi um ano difícil de arar e de carregar o arado nas costas. Renovamos o contrato com a CNN, reduzimos (cortes) a casa e deixamos saudável... Agora é só colher", contou ele em entrevista ao site Na Telinha, em dezembro.

"Estamos muito animados. A casa está boa. Quem ficou e o salário era muito caro, renegociamos os contratos. Ninguém ficou aqui com salário de 2022. Quando eu entrei aqui e vi, era qualquer coisa menos uma empresa. Então, fiquei em 2023 consertando a casa, mudando, entendendo, tirando os adjetivos, treinando os redatores e jornalistas", concluiu João Camargo.


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