APONTOU ERROS
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Jair Bolsonaro no pronunciamento em que atacou a Globo; presidente reforçou críticas nas redes sociais
VINÍCIUS ANDRADE
Publicado em 25/5/2020 - 18h20
Incomodado com a abordagem dos telejornais da Globo em relação ao Governo Federal, Jair Bolsonaro não deixa escapar oportunidades de criticar a emissora e seus jornalistas. O presidente da República virou um tipo de "ombudsman", profissional contratado por um jornal para analisar o trabalho do próprio veículo de imprensa.
Nos últimos dois dias, Bolsonaro compartilhou dois vídeos diferentes em que ataca o Jornalismo da líder de audiência. Em um deles, o político questiona na legenda: "Qual o limite da Globo?". O vídeo acusa a emissora de "teatro", "manipulação" e vem com a frase "Globo lixo" no final.
O conteúdo compara uma mesma chamada nas edições do Jornal Nacional e no Jornal da Globo de sexta (22). Tanto o âncora William Bonner (no Jornal Nacional) quanto o repórter Vinícius Leal (no Jornal da Globo) anunciam uma fala de Jair Bolsonaro, em que ele teria dito que pediu para "o ministro Moro para ser blindado".
Na sequência, entra o vídeo com a entrevista do presidente em coletiva, em que o chefe do Executivo alega sofrer perseguição do governador Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, e que provas poderiam ser plantadas em operações de busca e apreensão envolvendendo seus filhos. "Eu falei: 'Moro, eu não quero que me blinde, mas você tem a missão de não me deixar ser chantageado'".
Minutos depois, após a exibição de outros conteúdos, o Jornal Nacional e o Jornal da Globo corrigiram a informação sobre a blindagem com o mesmo texto.
"Agora há pouco, eu disse erroneamente que o presidente Bolsonaro havia pedido ao então ministro Moro para ser blindado, mas como nós mostramos na voz do próprio presidente, foi ao contrário. Ele disse a Moro que não queria ser blindado, mas que o ministro tinha a missão de não deixar que ele fosse chantageado. Está feita a correção", falaram Bonner e Leal nos respectivos noticiosos.
Assista abaixo ao vídeo, que foi compartilhado por Bolsonaro em suas contas no YouTube, no Twitter, no Facebook e no Instagram:
Em uma publicação de domingo (24), Bolsonaro voltou a mencionar "manipulação" no vídeo com o erro da informação de William Bonner, que foi corrigido no próprio telejornal. Veja abaixo:
- Obrigado meus amigos Policiais Civis e Militares do Rio de Janeiro. pic.twitter.com/ksjJNRLJwZ
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 24, 2020
Procurada pelo Notícias da TV para responder as críticas do presidente, a Globo não se manifestou até a publicação deste texto.
Na mesmo pronunciamento de sexta-feira (22), Bolsonaro chamou a Globo de "TV Funerária" e se referiu à jornalista Renata Vasconcellos como "freira arrependida". "Morreu mais tantos, aquela cara de freira arrependida. O outro lá, o William Bonner: 'Ah, morreu não sei quem lá'".
"Até hoje eu tô aguardando ele [Bonner] dizer se o Roberto Marinho [1904-2003] era ditador ou democrata, vocês sabem a história. Ninguém tá zombando com nada não, é a realidade", complementou o presidente.
Minutos antes, Bolsonaro afirmou que recebeu um vídeo no qual o filho de Bonner, Vinícius Bonemer, teria fraudado o auxílio emergencial do governo. "Tem agora um vídeo rolando na internet que o filho do William Bonner recebeu o auxílio de R$ 600. Eu não sei se é verdade ou não é, eu não vou acusá-lo. Com toda a certeza, isso é fraude. Tenho quase certeza que é fraude", apontou.
"Agora ele [Bonner] tá sentindo na pele o que é ter um filho caluniado, como tenho o tempo todo. Agora, bota no Jornal Nacional o filho dele recebendo os R$ 600, depois explique lá na frente. Dois, três, quatro anos que ele não tentou fraudar, que ele respondeu um processo no tocante a isso", questionou o presidente, em referência às denúncias contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Um dia antes, Bonner explicou que seu filho tinha sido vítima de fraude no programa do auxílio governamental. Segundo ele, golpistas usaram dados de Vinícius e foram aprovados para receber o benefício.
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