BASTIDORES
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Alexandre (Guilherme Fontes) em A Viagem: perfil do vilão foi inspirado no de produtor cultural
O produtor cultural Heitor Werneck, de 57 anos, trabalhou com caracterização e cenografia na Globo, em especial na novela A Viagem (1994), que está de volta à TV no canal Viva. Ele revela detalhes dos bastidores da trama espírita, que completa 30 anos e é muito presente em memes da internet e na memória dos telespectadores. O perfil do vilão Alexandre (Guilherme Fontes), por exemplo, foi inspiração nele, que é ligado ao movimento punk e tem um perfil alternativo desde aquela época.
Responsável pelo umbral no qual o espírito desencarnado e perturbado "vivia" após se enforcar na cadeia, Werneck entrega que a inspiração do inferno de Alexandre era as ruas da região central de São Paulo, quando se via o início de uma tragédia anunciada: a cracolândia, que atualmente é um dos grandes problemas de saúde, segurança pública e social da capital paulista.
"Toda a caracterização dele, do inferno, do umbral... Foi feita pensando em um quadro do Hieronymus Bosch, o Purgatório. Toda a construção do inferno foi baseada no Inferno de Dante. Eu fiz todo o inferno com roupas claras, baseado no centro de São Paulo, no começo da cracolândia. Eu fui à Praça da Sé e me inspirei, tirei fotos da população de rua", lembra o produtor, antes de continuar:
A gente construiu esse inferno com roupas claras para tirar esse aspecto do preto, do sombrio. A gente fez com roupas claras e beges, sujas e esfarrapadas, completamente inspiradas no centro de São Paulo.
Werneck se recorda que Guilherme Fontes descoloriu o cabelo, porque ele tinha cabelo descolorido. "A fonte de inspiração fui eu. Eu tive completa liberdade para a construção, quando fui sondado para fazer esse inferno, as almas e o figurino do Guilherme Fontes", lembra.
paulo pinto/divulgação
O produtor cultural Heitor Werneck
Ele criou um perfil para afrontar e diz que até os acessórios usados por Alexandre nas cenas de A Viagem venderam bem na época. Ele tinha um brinco, um piercing em formato de caveira, que virou uma marca registrada.
"Todas as joias dele foram feitas [para a novela]. Foi a primeira vez que teve uma travesti fazendo joalheria [de novela], que foi Charlotte Maluf, do estúdio Vulcano", conta.
Werneck trabalhou nos bastidores de Pecado Capital (1998) e Hilda Furação (1998), entre outros produtos da Globo. Mais recentemente, ele contribuiu com a série Bom Dia, Verônica (2020-2024), da Netflix. O produtor também é ativista em direitos humanos e diretor da Parada Gay.
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