Herdeiro da revista Penthouse critica sites pornôs e defende imprensa erótica

Criada em 1965, a Penthouse foi uma das principais revistas masculinas nos Estados Unidos. A publicação foi a maior rival da Playboy e colocou o seu fundador, o fotógrafo Bob Guccione (1930-2010), na lista dos homens mais ricos do país. Porém, com o avanço da era digital, a versão impressa da publicação perdeu espaço para sites pornográficos e deixou de ser produzida em 2016. O herdeiro de Bob, Nick Guccione, afirma que o atual consumo de conteúdo sexual provocou uma queda de qualidade na indústria.

Em um evento que contou com a participação do Notícias da TV e que divulgou a minissérie Segredos da Penthouse, que estreia neste domingo (21), Guccione criou expectativas para o futuro do mercado de imagens sensuais. Inicialmente, o diretor fez questão de corrigir um falso consenso entre o público: a Penthouse não era uma revista pornográfica.

"A revista do meu pai não era pornográfica. Só no final, quando ele ficou louco e começou a mostrar material pornográfico. Por muitos anos, só mostramos a nudez de mulheres bonitas, e não há nada de errado com isso", explica.

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"Acredito que a pornografia não é um exemplo verdadeiro de sensualidade e sexo, porque ela deixa tudo barato. Objetifica as mulheres. Nunca quis isso. Nós não fazíamos pornografia", continuou.

Guccione espera que as próximas gerações possam transformar o mercado atual, com a retomada da valorização ao nu. "Acho que o futuro está no fim de sites com pornografia explícita. Deveríamos voltar à beleza da nudez feminina. Ou masculina, porque homens são bonitos também. Não para mim, mas depende do que você gostar", riu. "Nudez é uma coisa bonita."

O diretor, porém, mostrou-se um entusiasta da inteligência artificial. Nick tem desenvolvido o site Fem Diva, que descreve como "uma linda coleção de mulheres maravilhosas" criada, em sua maioria, por computadores.

"É sobre inteligência artificial e avanços técnicos, mulheres bonitas e artigos e entrevistas com as melhores mentes tecnológicas", adiantou. "Acho que abre uma nova porta e vitrines para a beleza feminina."

Opiniões contrárias

Sheila Kennedy é uma das principais ex-Pets --como eram chamadas as garotas que foram capas da revista. A modelo tem uma perspectiva negativa sobre o uso de inteligência artificial na indústria do erotismo. "Não há nada como uma mulher natural", pontuou.

"Tudo o que [Bob] Guccione queria era apresentar mulheres em sua forma natural. Você nunca pode tirar sua visão e suas ideias. Ele era um ícone e nunca teremos outro como ele. Ele era um artista e acreditava em mulheres naturais e inteligentes", declarou.

A modelo celebra que a atual juventude não enxergue mais o sexo como um tabu. No entanto, Sheila analisou uma relação caótica com o tema. "As pessoas olham para as Kardashians e pensam: 'Quero ser como elas, quero mudar completamente minha aparência'. Estão em seus 20 anos e elas são suas modelos. Não é algo ruim, mas é muito diferente."

"Parece que agora todo mundo é influenciador ou cam girl [modelo de webcam que realiza serviços sexuais ou disponibiliza conteúdo erótico], e estão conseguindo dinheiro. Eu não vou dizer que é errado, porque as pessoas diriam que o que eu fazia nos anos 1980 era errado", continuou.

Queria que vivessem um pouco do meu tempo, porque foi completamente educacional. Aprendemos com os nossos erros. Seja com drogas, bebidas ou nudez, as pessoas eram livres nos anos 1960. É só se lembrar do [festival] Woodstock.

Série do A&E

O canal A&E investiga a ascensão e o declínio da revista na minissérie Segredos da Penthouse, que estreia neste domingo (21), às 23h. Com quatro episódios, a produção revela a trajetória de Bob Guccione, que morreu sem a sua fortuna.

Em agosto de 2003, a General Media, controladora da revista, entrou com um pedido de proteção contra falência. Em outubro do mesmo ano, a Penthouse foi colocada à venda como parte de um acordo com seus credores. No mês seguinte, Bob Guccione renunciou ao cargo de presidente e CEO da empresa.

Assista ao trailer da série: