A Casa das Sete Mulheres
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Juliana Paes e Mariana Ximenes durante as gravações de A Casa das Sete Mulheres
REDAÇÃO
Publicado em 5/1/2018 - 6h22
Com trama do século 19 e elenco estrelado, A Casa das Sete Mulheres impressionou pela superprodução e pelos dramas de suas personagens. A minissérie, que estreou em 7 de janeiro de 2003, retratava as lutas da Revolução Farroupilha (1835-1845) e a solidão das mulheres e filhas dos militares.
Nesse contexto, cada uma tinha tramas bem diferentes e complexas, desde a lenda gaúcha que transformava a personagem de Juliana Paes em lagartixa até a paixão que fazia uma jovem, interpretada por Mariana Ximenes, se encantar por um fantasma.
A Casa das Sete Mulheres foi baseada no romance homônimo de Leticia Wierzchowski, que vendeu mais de 30 mil exemplares só nas primeiras três semanas da minissérie.
A trama se passava principalmente em uma estância no Rio Grande do Sul em que viviam mulheres parentes dos militares gaúchos que comandavam a batalha. O objetivo deles era o de adquirir melhores condições e maior autonomia para o Estado e, conforme o movimento evoluiu, de tornar o Rio Grande do Sul independente do Brasil.
A estância era cenário de revelações e amores proibidos. As jovens não queriam se casar com seus pretendentes e arrumavam pares mais controversos, como o soldado inimigo de Rosário (Mariana Ximenes), que morre e ela nem percebe, e o guerreiro italiano Giuseppe Garibaldi (Thiago Lacerda), paixão de Manuela (Camila Morgado, que fez sua estreia na TV na minissérie).
Relembre esses e outros detalhes de A Casa das Sete Mulheres:
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A atriz Juliana Paes representava a lenda gaúcha de Teiniaguá em A Casa das Sete Mulheres
Teiniaguá, a princesa-lagartixa
Além do livro que inspirou a história principal, a Globo também utilizou na minissérie a lenda gaúcha A Salamanca de Jaraú. Segundo o mito, Teiniaguá era uma princesa moura transformada em lagartixa pelo Diabo. Ela veio da Espanha para o Brasil disfarçada e aparecia às vezes como mulher, às vezes como réptil, sempre com um rubi na cabeça e com fama de atrair os homens.
Em A Casa das Sete Mulheres, Teiniaguá (Juliana Paes) atraía o tenente Bento Manuel Ribeiro (Luis Melo), personagem que existiu de verdade. Acreditava-se que o militar tinha um pacto com o demônio, e na trama ele ia sempre pedir proteção à princesa-lagartixa nas montanhas.
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A jovem Rosário e o soldado Estêvão viveram um amor sobrenatural na minissérie da Globo
Rosário, a sensitiva
Todas as jovens da Estância da Barra sofreram por amores proibidos, mas o de Rosário era realmente impossível. A jovem se apaixonou por Estevão (Thiago Fragoso), soldado inimigo dos farroupilhas. Ela cuidou dele quando estava ferido, mas se recusou a acreditar que o jovem havia morrido. Rosário passou a ver o fantasma de Estevão, e os dois viveram um romance sobrenatural.
No final da minissérie, sem querer se casar com o pretendente arranjado pela família, Rosário morreu e ninguém descobriu a causa. De acordo com o diário de sua irmã Manuela (Camila Morgado), ela "morreu do desejo de morrer".
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Telespectadores torceram pelo romance entre Manuela e Giuseppe Garibaldi na minissérie
Manuela, a preferida do público
A narradora da história era Manuela, que escrevia um diário contando o cotidiano das mulheres da estância. Logo no início da trama, ela se encantou por Giuseppe Garibaldi, guerreiro italiano que foi chamado para lutar na Revolução Farroupilha.
Os dois tiveram um romance e ele até prometeu se casar com ela, mas os planos mudaram pelo caminho. Garibaldi conheceu Anita (Giovanna Antonelli) em Santa Catarina, uma mulher casada. O encontro dos dois foi ainda mais apaixonante, e Anita largou tudo para acompanhar o italiano em suas batalhas.
Mas o público de A Casa das Sete Mulheres não queria aceitar a história real dos dois. Muitas pessoas mandaram cartas para a Globo pedindo para que trocassem o final e deixassem a ruiva terminar feliz com o guerreiro. A emissora, no entanto, não cedeu ao clamor popular e manteve a versão histórica.
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Globo usou rodas gigantes e 48 bois para puxarem navios por terra em cena da minissérie
Navio com rodas e outros "pequenos" detalhes
A Casa das Sete Mulheres teve uma superprodução. Foi gravada ao longo de 40 dias em quatro cidades do Rio Grande do Sul para onde se deslocaram cerca de 2.500 profissionais. As cenas de batalhas, por exemplo, exigiam muito da equipe e envolviam 150 figurantes por dia.
Mas nada se compara ao esforço de puxar dois navios por terra. Isso de fato aconteceu na época retratada, e a produção da minissérie reproduziu dois navios de 12 metros de altura que foram levados por terra pela tropa de Garibaldi. Para o trajeto, foram usadas rodas de 1,80 metro de altura, puxadas por parelhas de 48 bois. E os navios ainda foram levados sob chuva, criada com a água de oito carros-pipa.
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O personagem real Bento Gonçalves gerou controvérsia na trama de A Casa das Sete Mulheres
Bento Gonçalves bonzinho?
A minissérie foi bem recebida por público e crítica, mas um fator irritou alguns historiadores. A trama claramente era favorável à causa dos farroupilhas e colocava os soldados imperiais como vilões.
Além disso, retratava o líder do movimento gaúcho, Bento Gonçalves (1788-1847), como um homem bom, decidido a colocar fim nas injustiças sociais, enquanto outros relatos históricos colocam o mesmo coronel como um homem muito rico, ambicioso, que queria fazer fortuna com menos impostos e mais trabalho escravo (apesar de fazer discursos pregando a liberdade).
A Globo afirmou que fez uma pesquisa rigorosa para a reconstituição dos fatos de A Casa das Sete Mulheres.
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