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COINCIDÊNCIAS...

Globoplay alfineta Bolsonaro e governo federal em propagandas; veja como

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Sinhozinho Malta (Lima Duarte) e viúva Porcina (Regina Duarte) lado a lado em cena externa Roque Santeiro; ele de terno, gravata e chapéu, ela de vestido azul brilhante

Sinhozinho Malta (Lima Duarte) e viúva Porcina (Regina Duarte) em Roque Santeiro

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 23/6/2021 - 6h20

O Globoplay tem chamado a atenção nas redes sociais com a propaganda de uma estreia recente de seu catálogo. A novela Roque Santeiro (1985) ficou disponível na segunda (21), e a plataforma, para divulgá-la, usou um vídeo com toques de ironia e alfinetadas que fazem relações entre o governo federal, o presidente Jair Bolsonaro e os personagens da novela.

Esta, no entanto, não é a primeira vez que uma chamada de novela do Globoplay se refere à realidade do Brasil. As propagandas das novelas antigas que estreiam no catálogo têm se destacado por serem criativas, espirituosas e fazerem críticas veladas.

Ao anunciar O Bem-Amado (1973), por exemplo, houve uma clara referência à maneira com que o governo tem lidado com a pandemia (deixando muito a desejar). Já em Os Maias (2001), a propaganda se baseou numa nota de repúdio, uma relação às diversas do gênero emitidas pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) contra Bolsonaro.

Veja cinco propagandas do Globoplay que alfinetam políticos:

Roque Santeiro (1985)

Roque Santeiro tem como personagem central Roque (José Wilker), um homem que todos achavam que havia morrido ao defender a cidade. Por isso, ele havia se tornado um mito. Mas surpreendeu muita gente (negativamente) ao retornar ao local e provar que está bem vivo.

O vídeo de divulgação usa a história do protagonista para fazer referência a Bolsonaro, chamado por seus apoiadores de "mito" também. A propaganda exibe a frase "A verdade é que mitos não existem". Ainda há outras alfinetadas em relação ao presidente e seu governo, como: "Eu quero te subornar", "O povo precisa acreditar em alguma coisa" e "Dizem que é 17" (número do partido pelo qual ele se elegeu).

Sobra também para Regina Duarte. Após ela aparecer em cenas como a viúva Porcina, um personagem diz: "Em qualquer cidade normal, essa mulher estaria ou na prisão ou então num hospício". Regina Duarte foi secretária especial de Cultura do governo Bolsonaro em 2020.

Roda de Fogo (1986)

A trama central de Roda de Fogo traz assuntos complexos, como tentativas de corrupção envolvendo o sistema judiciário. A chamada faz muitas referências a isso, com temática de investigação e muitos dossiês.

Em um determinado momento, o vídeo exibe um infográfico igual ao que o procurador Deltan Dallagnol usou em 2016 para acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de participar de um esquema de corrupção (o caso do triplex do Guarujá), numa fase da Operação Lava Jato.

Os Maias (2001)

A brincadeira entre a minissérie e a política brasileira veio logo pelo nome. Na chamada, um personagem aparece escrevendo uma carta, com narração em off com sotaque português, dizendo que se trata de uma nota de repúdio. Essa piada se refere às muitas missivas do gênero que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, publicava em suas redes sociais declarando-se contra a conduta de Jair Bolsonaro.

Maia foi criticado por parte de seus seguidores por deixar clara sua indignação apenas por essas notas, sem aprovar ao menos um dos tantos pedidos de impeachment contra o presidente.

Vale Tudo (1988)

O mote de Vale Tudo era uma questão: "Vale a pena ser honesto no Brasil?". Vários personagens achavam que não, cometiam crimes, eram corruptos e constantemente detonavam o país e seu povo, como Odete Roitman, interpretada por Beatriz Segall (1926-2018), e Marco Aurélio (Reginaldo Faria).

A propaganda coloca em dúvida se as falas dos vilões são de 1988 ou de 2020, pois ainda são usadas por uma parcela arrogante da população e dos políticos. "2020 nunca foi tão 1988", alfineta o vídeo.

O Bem-Amado (1973)

A primeira frase da propaganda de O Bem-Amado é: "Este vídeo é baseado numa história de ficção". Isso porque o telespectador mais desavisado poderia achar que se trata de uma sátira de Bolsonaro.

A novela retrata uma cidade, a fictícia Sucupira, em que acontece uma epidemia. O prefeito tem conduta incompetente, criminosa e não compra vacinas para a população. No final do compilado de cenas, há uma em que um personagem diz: "Vamos torcer para que ele não chegue à presidência de uma grande potência".


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