Negócio milionário
Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Malcom, revelação da base do Corinthians, disputa lance com jogador do Atlético-PR em partida ontem
DANIEL CASTRO
Publicado em 28/9/2014 - 18h27
Atualizado em 29/9/2014 - 6h31
Principais armas da Globo para sustentar a audiência do futebol no maior mercado do país, Corinthians e São Paulo receberam luvas da emissora para ignorar propostas da Record e assinar contrato de cessão de direitos de imagem até 2018. É o que sugere uma detalhada análise econômico-financeira do futebol brasileiro feita pelo Itaú BBA, banco de atacado e investimentos do Grupo Itaú, um dos patrocinadores das transmissões de futebol da Globo.
Ao lado do Flamengo, maior receita do futebol com TV em 2013, o Corinthians ajudou a Globo a implodir o modelo vigente até 2011, em que uma entidade (o Clube dos 13) repassava cotas aos clubes. Para não correr o risco de perder os direitos para a Record ou RedeTV!, uma vez que o Clube dos 13 teve obrigatoriamente que fazer concorrência entre as TVs, a Globo passou a negociar diretamente com os clubes. O São Paulo era favorável a negociar com o Clube dos 13.
O novo acordo foi bom para o futebol. As receitas com TV saltaram de R$ 591 milhões em 2010 para R$ 1,3 bilhão em 2012, mais do que o dobro. Mas recuaram 15% em 2013, para R$ 1,1 bilhão. Além de Corinthians e São Paulo, teriam recebido luvas em 2012 o Internacional, o Atlético-MG, o Santos e o Grêmio, indica o estudo, obtido com exclusividade pelo Notícias da TV.
Sem luvas, o Corinthians foi o time que mais "perdeu" receita com televisão no ano passado. Depois de receber R$ 154 milhões em 2012, ano em que ganhou a Libertadores e o Mundial de Clubes, viu em 2013 somente R$ 103 milhões da TV, uma redução de R$ 51 milhões (33%).
Para César Grafietti, gerente de crédito do Itaú BBA e responsável pelo estudo, mais do que a perda de receitas por não ter disputado finais importantes em 2013, o que pesou no caso do Corinthians foram luvas pagas pela Globo. O caso do Atlético-MG ilustra bem essa tese: mesmo ganhando a Libertadores em 2013, o clube recebeu R$ 17 milhões a menos de direitos de TV do que em 2012.
"Acreditávamos que os números de 2012 refletiam a nova realidade de receitas com TV. Mas os números ora apresentados nos indicam que em 2012 haviam receitas não recorrentes, possivelmente fruto de 'luvas' referentes à assinatura de contratos de longo prazo", diz relatório do Itaú BBA. "As oscilações de Corinthians, Internacional, São Paulo e Santos são tão significativas que só se explicam dessa forma".
Grafietti afirma que os valores de 2013 é que são a nova realidade dos direitos de TV do futebol nacional. Ele salienta que trabalhou com hipóteses, uma vez que teve acesso apenas aos balanços publicados pelos clubes; não houve uma checagem direta com as agremiações. Confira as receitas de TV dos clubes, desde 2010.
O estudo do Itaú BBA mostra que o futebol brasileiro é hoje um dos mais dependentes das receitas de TV do mundo. "A receita com TV representa de 40% a 50% da receita total dos clubes brasileiros. Lá fora, os clubes têm uma divisão maior. Na Europa, a TV representa 30%. Na Argentina, a venda de jogadores ainda é a principal fonte das agremiações.
No ano passado, as vendas de jogadores cresceram 36% e voltaram a ser a segunda principal fonte dos times nacionais. Impulsionadas pelas transações ao exterior de Lucas, pelo São Paulo, e Neymar, pelo Santos, renderam R$ 661 milhões, mais do que publicidade, que também cresceu, mas menos (15%), graças à ofensiva da Caixa Economica Federal, que estampa seu logotipo em sete das 20 camisas analisadas. As receitas com bilheterias também tiveram alta em 2013 (veja tabela abaixo). Procurada, a Globo não se manifestou.
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