Globo investiga vídeo vazado de Pelajo, e diretoria vê 'tentativa de fritura'

Foi com surpresa que a Globo encarou o vazamento do vídeo em que a jornalista Christiane Pelajo, da GloboNews, irritada com as falhas de seu telejornal, dá uma bronca na equipe. Compartilhadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, as imagens internas eram de abril de 2020 --ou seja, foram gravadas mais de um ano atrás. Diretores e colegas de Pelajo no canal de notícias viram o ocorrido como uma "tentativa de fritura" contra a jornalista. Ela tem fama de "pavio curto".

Como é de praxe neste tipo de situação, a Globo prometeu investigar e saber como o vídeo que estava oculto (ele não foi ao ar) foi parar nas redes sociais e virou de conhecimento público. O vazamento da imagem vai contra o Código de Ética e Conduta da Globo, que não permite que informações internas sejam tornadas públicas sem autorização. 

O Notícias da TV apurou que, nos próximos dias, profissionais que faziam parte da escala interna serão chamados para prestar esclarecimentos sobre aquele dia. Como a Globo informou em nota oficial, o caso já tinha sido superado fazia muito tempo.

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O contexto do que acontecia em abril de 2020 ajuda a explicar o motivo do estresse da âncora. Naquele momento, além da pandemia da Covid-19 em seu momento inicial,  o governo brasileiro vivia o auge de uma crise política envolvendo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro. 

Por tudo isso, a GloboNews passou a ficar praticamente 24 horas ao vivo todos os dias, o que aumentou o tempo de trabalho de todos --inclusive de Christiane Pelajo, que além do Edição das 16h apresentava o SP2, principal jornal local da Globo em São Paulo. 

Pelajo já teve outras reclamações vazadas

Tanto a Diretoria de Jornalismo da Globo quanto os colegas de trabalho de Christiane Pelajo estranharam o vazamento de um erro interno da jornalista depois de 14 meses, em um caso que já tinha ficado no esquecimento da Redação em São Paulo.

Seu jornal na GloboNews é líder de audiência e tem boa repercussão. Todos os profissionais ouvidos pela reportagem usaram o termo "tentativa de fritura" de alguém que não gosta da âncora, mas asseguram que o que aconteceu não é isolado. 

Os colegas de Pelajo ficaram ao seu lado no vazamento porque ela recebeu ataques de apoiadores do presidente. Mas todos os ouvidos pontuaram que a jornalista tem fama de "pavio curto" e de ser grossa internamente com a equipe técnica por causa de erros.

Em 18 de junho de 2019, por exemplo, durante uma entrada ao vivo de um repórter, o áudio de Christiane foi aberto antes da hora. Foi possível ouvir uma reclamação dela com a equipe. "Ninguém me ouve! Ninguém me...", afirmou ela. 

Evento que se repete semanalmente: pic.twitter.com/6NCP6SxwBi

— Bre (@BreHenrique_) June 17, 2019

Em 7 de outubro de 2016, algo ainda mais grave: Pelajo foi advertida pela então diretora da GloboNews, Eugênia Moreyra, por ter feito algo bem parecido e que vazou no ar. "Gente, eu não tenho condição de fazer o jornal", reclamou ela com a voz alterada para a equipe.

Dias depois, Eugênia ligou para ela e afirmou que Christiane não poderia falar daquele jeito no ar. Eugênia deixou a GloboNews no fim de 2017 --Miguel Athayde é o atual comandante. 

O caso do Edição das 16h tem um agravante: desde que estreou em 2015, o jornal é conhecido por sempre ter falhas técnicas pequenas, mas que chamam a atenção do espectador mais atento e que comenta o fato nas redes sociais. 

Christiane Pelajo é uma das pioneiras da GloboNews. Começou na estreia, em 1996, e ficou até 2005, quando assumiu o Jornal da Globo. Voltou para o canal de notícias em 2015 e segue na equipe desde então.