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ANÁLISE

Fracassos, estratégias erradas e demissões: O que está acontecendo na Globo?

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Montagem com fotos de Ana Clara Lima no reality Estrela da Casa, Chay Suede em Mania de Você, e Renata Lo Prete no Jornal da Globo

Estrela da Casa, Mania de Você e Jornal da Globo têm registrado audiência muito aquém do esperado

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 24/9/2024 - 6h10

A Globo vai celebrar 60 anos em 2025, mas o clima nos corredores da emissora passa longe de qualquer festa. A novela Mania de Você, uma aposta da casa para reerguer os índices de Renascer (2024), conseguiu afastar até o público do remake e registrar uma sequência de recordes negativos. Já o reality Estrela da Casa, desenvolvido para repetir a repercussão do BBB no segundo semestre, não alcança sequer os números do The Voice Brasil (2012-2023), que saiu do ar por baixa audiência.

Contudo, a Globo não tropeça apenas na audiência. A direção tem tomado decisões questionáveis, com estratégias que não fazem o menor sentido para quem acompanha tudo do lado de fora. Há até quem aposte em sabotagem interna no conglomerado de mídia --uma espécie de "vou colocar fogo no meu apartamento só para receber o dinheiro do seguro".

Como explicar, por exemplo, que o remake de Renascer tenha sido escolhido para suceder Terra e Paixão (2023), outra trama rural sobre um fazendeiro que rejeitava o filho por ter perdido a mulher amada no parto? Nem que Bruno Luperi jogasse fora a sinopse original do avô, Benedito Ruy Barbosa, seria possível se afastar o suficiente da novela de Walcyr Carrasco.

Impossível justificar a tentativa de contornar a baixa audiência de Mania de Você acelerando a trama na segunda semana para chegar logo ao "quem matou Molina (Rodrigo Lombardi)?". Se o público nem conhece os personagens direito, que diferença faz quem é o culpado? Aliás, o ritmo acelerado não permitiu sequer que os espectadores se importassem com o empresário assassinado. A sensação geral foi de "morreu, e daí?".

Ainda é preciso colocar em xeque a decisão da programação de exibir, nas últimas duas semanas, compactos do Rock in Rio logo após o Estrela da Casa. Claro, na teoria, unir duas atrações musicais faz sentido, mas o reality é mais focado na convivência e nas provas do que no talento de seus confinados.

Além disso, fãs das atrações do festival já estavam acompanhando tudo na própria Cidade do Rock, pelos canais pagos da Globo ou pelo Globoplay, que fizeram a transmissão ao vivo. Ninguém ia mudar para a TV aberta só pelo prazer de ver Marcos Mion --já que nem no Caldeirão ele tem atraído o público.

Em anos anteriores, o Rock in Rio cumpriu muito bem o seu papel ao ser exibido mais tarde, para os insones. No novo horário, acabou sabotando o Jornal da Globo --a âncora Renata Lo Prete, coitada, além de trabalhar madrugada adentro, teve a pior audiência do noticiário em 15 anos.

Até a ascensão e a queda dos executivos no alto comando da emissora parecem ser fruto da "metralhadora de aleatoriedades" que assola os bastidores da Globo. Ricardo Waddington durou menos de três anos como diretor dos Estúdios Globo. Ao sair, alegou que pretendia se aposentar ao completar quatro décadas na casa --se esse já era o seu plano, por que assumiu um cargo tão importante em primeiro lugar? Não faz sentido.

A demissão de Boninho, no último dia 13, também veio acompanhada de uma  história mal explicada. Amauri Soares, o todo-poderoso da Globo, chegou a oferecer ao marido de Ana Furtado um contrato para que ele continuasse na emissora como um talento à frente das câmeras, mas sem nenhum poder. Além de a proposta ser ofensiva para um profissional com quatro décadas de casa, qual era exatamente o plano para o diretor nesse novo acordo? Apresentar o Domingão com Boninho? Virar galã de novela? Ganhar um quadro no BBB em que colocaria uma peruca e incorporaria a psicóloga dos participantes --tal qual a imagem que circulava com frequência no X?

Aliás, se a rede social ainda estivesse funcionando no Brasil, um meme popular da plataforma seria a melhor definição do momento atravessado pela Globo. Trata-se da imagem que une a foto do empresário Roberto Marinho (1904-2003) com a frase "O que estão fazendo com a minha emissora?". O público se questiona a mesma coisa. E, pelo jeito, nem os diretores sabem responder mais.


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