'Rival' de Tiazinha
Arquivo pessoal
Índia Aigo em praia de Alagoas, em abril; fora da TV, ex-musa da Band vende roupas no Rio de Janeiro
PAULO PACHECO
Publicado em 3/10/2014 - 18h43
Atualizado em 7/10/2014 - 6h00
RESUMO: Descendente de uma tribo do Mato Grosso, Índia Aigo fez sucesso ao aparecer na Band com os seios de fora, em 2000, superando Tiazinha e Feiticeira. Uma briga com a direção da rede e o apresentador Otaviano Costa, hoje na Globo, deram fim precoce à carreira da musa. Aos 38 anos, ela vende roupas no Rio de Janeiro e decidiu afastar-se da TV
Em 2000, uma índia de seios cobertos apenas pelos cabelos era a sensação do O+, principal programa do horário nobre da Band. Então com 23 anos, Índia Aigo fazia a cabeça dos homens e desbancava Tiazinha e Feiticeira, criações de Luciano Huck. A carreira da musa, no entanto, caiu em desgraça após uma briga com o apresentador Otaviano Costa. Após passagens por Gazeta e RedeTV!, a descendente da tribo Bororo, do Mato Grosso, decidiu sumir da mídia e arriscou-se nos negócios. Hoje, aos 38 anos e há dez longe da TV, vários quilos a mais na balança, ainda usa o nome artístico que lhe deu fama em sua loja de roupas.
Como vendedora, Aigo volta às "origens". Foi trabalhando no setor de vendas de uma empresa de equipamentos de ginástica, em São Paulo, que foi descoberta por um produtor da Band, no final da década de 1990. Impressionado pelo sotaque e o brinco de pena da comerciante, ele a convidou para um especial sobre os 500 anos do Descobrimento do Brasil, no início de 2000. Acabou tirando a roupa no programa O+, de Otaviano Costa.
"Em uma semana pedi as contas do trabalho porque me falaram que eu ia ganhar muito dinheiro. Perguntei: ‘É para fazer o quê?’ O produtor falou: ‘Imagine como se você estivesse na tribo caçando com arco e flecha’. Pensei: ‘Que povo maluco! (risos)’. Tiazinha e Feiticeira usavam biquíni e eu fui com peito de fora. Não tive problema com isso porque para mim era normal", recorda Índia Aigo ao Notícias da TV.
Enquanto Suzana Alves (Tiazinha) e Joana Prado (Feiticeira) usavam máscaras e véus para esconder o rosto, Aigo seduzia os homens encobrindo os seios apenas com os longos cabelos negros. A nudez da indígena chamou a atenção do público. A audiência do programa da Band saltou de 3 para 7 pontos, segundo dados do Ibope da época.
Reveja a participação de Índia Aigo no programa O+, em 2000:
Briga com Otavano Costa
Com o sucesso, vieram os desentendimentos. Aigo e seu ex-marido, também seu empresário, pediram à Band uma nova divisão dos lucros previstos no contrato. A emissora negou, e o casal discutiu com a direção e Otaviano Costa, com direito a ameaças do apresentador no camarim e boicote à índia no programa.
"Tive uma grande briga com o Otaviano Costa. Ele nunca escondeu, foi ao meu camarim e falou isso [que me boicotaria]. Não aceitei o que me propuseram. Era questão de percentual do que ganhávamos. Falei: 'Não vou discutir valores, porque não vim pedir emprego. Vocês que foram atrás de mim. Se não for do meu jeito, estou fora'. Tiveram que me segurar durante um ano para cumprir o contrato", relembra.
Após a saída da Band, Aigo passou por Gazeta e RedeTV!. Posou nua duas vezes e foi musa do Carnaval em São Paulo e no Rio de Janeiro. Chegou até a ser convidada para trabalhar com Sérgio Mallandro, mas rejeitou a proposta.
"O diretor da Gazeta queria que eu fosse Mallandrinha. Queria me dar um quadro em que eu aparecesse como índia. Falei que não tinha nada a ver. Para ganhar pouco e me expor dessa forma, não aceitei. Sou uma índia capitalista (risos)!", conta.
Índia Aigo em 2000, no auge da fama, e em 2014 (Foto: Montagem Reprodução/Arquivo Pessoal)
Vida de madame
Aigo nasceu no Mato Grosso como Shirley Cristina Rocha e conseguiu o direito de usar o nome indígena da avó, da tribo Bororo. Filha de mãe índia e pai branco, teve que comprovar a ascendência por meio de testes de DNA. A mãe, aliás, vai tomar conta da Loja da Índia, novo comércio da filha. Ironicamente, a musa que aparecia nua na TV vende roupas no Rio de Janeiro. O trabalho, porém, é encarado por ela como hobby.
"Não é uma fonte de renda, não dependo disso. É para não ficar inteiramente como madame (risos). Tem que ter uma ocupação, né. Faço artesanato no meu ateliê na minha casa para passar o tempo. Pelo meu marido eu nem trabalhava, mas eu não consigo ficar parada", conta Aigo.
Longe da fama, Aigo virou empresária. Com o ex-marido, administrou uma pousada em Paraty, no Rio de Janeiro. Com o atual companheiro, viajou pelo mundo e largou a dieta. Também decidiu não ter filhos. Apesar de lembrar com carinho a época em que era musa da TV, sente-se aliviada por finalmente ter uma vida normal.
"Saí da televisão e relaxei. Não preciso ter aquela obrigação que eu tinha de academia, de alimentação. Ganhei 10 quilos no casamento. Eu era bem magrinha, e a TV te exige ser mais magro, porque ela te engorda cinco quilos. As pessoas me viam como mulherão, mas não era tudo aquilo", minimiza.
O investimento que a deixa mais orgulhosa, entretanto, não está no comércio, e sim em seu próprio corpo. Há três anos, realizou um sonho e turbinou os seios, incentivada pelo marido. "Coloquei 300 mililitros de silicone e foi uma coisa que ele me apoiou muito, mas eu tinha muito medo da cirurgia. O peito é dele (risos)", comemora.
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