RICARDO WADDINGTON
DIVULGAÇÃO/TV GLOBO
Ricardo Waddington: executivo deixa a Globo depois de 40 anos após gestão questionável
Diretor de Entretenimento da Globo desde dezembro de 2020, Ricardo Waddington teve sua saída anunciada nesta terça (14) após dois anos de uma gestão com mais erros do que acertos. Nos bastidores, havia reclamações sobre a forma como Waddington se relacionava com os seus comandados. Ele perdeu lugar para Amauri Soares, considerado um executivo mais conciliador e que tomou decisões acertadas recentemente.
Segundo apurou o Notícias da TV, o clima nos bastidores das novelas e produção de programas é de satisfação pela troca. Waddington era considerado um chefe que a emissora não queria mais ter por causa das novas políticas de governança da empresa. Além de ser considerado centralizador, o executivo acumulava reclamações de não ouvir a equipe e de interferir no trabalho de comandantes de novelas.
Um exemplo disso foi a saída de Rogério Gomes, o Papinha, da direção do remake de Pantanal (2022). Houve uma briga com Waddington por divergências artísticas e questionamentos de seu método de trabalho. O diretor saiu da Globo após gravar 60 capítulos da trama e foi substituído por Gustavo Fernandez, homem de confiança do executivo.
Recentemente, houve um outro desentendimento envolvendo Waddington, mas dessa vez com Leonardo Nogueira, que era diretor de Fuzuê, novela das sete da Globo que substituirá Vai na Fé. Fabrício Mamberti assumiu o seu lugar.
Por fim, os casos de racismo em Nos Tempos do Imperador (2021) também pesaram. Nos bastidores, afirma-se que Waddington soube do problema entre atrizes da novela e o diretor Vinicius Coimbra, mas demorou para agir. O diretor só foi desligado da Globo quando o caso veio a público.
Segundo comunicado da Globo, a saída de Waddington já estava prevista em 2020, quando ele assumiu o Entretenimento. Na ocasião, de acordo com a versão oficial, combinou que iria deixar a emissora quando completasse 40 anos de casa.
Waddington e Amauri Soares vão dividir o comando dos Estúdios Globo até junho, em um período de transição e de passagem de bastão. Depois disso, o atual diretor da TV assumirá as funções sozinho. Soares seguirá como diretor-geral da Globo. Ou seja, além de definir detalhes da programação, ele passa a ser o homem que aprova novelas, séries e projetos para TV aberta e Globoplay.
Como diretor responsável pela aprovação de projetos, Waddington era mais questionado ainda. Durante sua gestão, apenas Pantanal (2022) foi um êxito. Travessia, atualmente na faixa das nove e uma aposta pessoal do executivo, é um fracasso de público e crítica.
O modo como o diretor agiu no caso Cassia Kis também foi muito criticado. Foi Waddington quem decidiu segurar a atriz, que criticou o Jornalismo da Globo e defendeu um golpe após a vitória de Lula nas eleições.
Já Amauri Soares só cresceu em prestígio nos últimos dois anos. Foi ele quem escolheu as reprises de novelas que deram certo durante o auge da pandemia de Covid-19, como Totalmente Demais (2015) e Fina Estampa (2011).
Outro golpe de mestre foi a criação da Edição Especial, que reprisa novelas leves no início da tarde, como Chocolate com Pimenta (2003). A decisão acabou com um problema histórico da Globo, que perdeu no Ibope durante anos para o quadro A Hora da Venenosa, do Balanço Geral, da Record.
As reprises no início da tarde são uma mostra de como Amauri Soares comanda seus subordinados na Globo. O projeto saiu do papel após um estudo na área de inteligência, que sugeriu essa decisão. Ele acatou a ideia e colheu os frutos. Mesmo com a fama de ser um chefe que cobra resultados, Soares também é visto como alguém mais conciliador e moderno. Perfeito para a Globo em tempos de lacração.
Confira o comunicado da saída de Ricardo Waddington e da promoção de Amauri Soares na íntegra:
"Assumi a liderança da empresa no começo do ano passado com a segurança de ter ao meu lado um grupo de diretores talentosos, criativos e competentes. Um time forte que tinha pela frente a tarefa de levar adiante a transformação da Globo já formada por todas as nossas plataformas e negócios integrados.
No momento em que o Ricardo Waddington me procurou para falar dos seus planos de encerrar seu bonito ciclo na Globo quando completasse 40 anos de empresa, o que acontece este ano, não tive dúvidas de que encontraria, neste grupo, o seu sucessor.
À frente dos Estúdios está um profissional com o currículo de sucessos de Ricardo Waddington e, no comando da TV Globo, outro com a vasta experiência de Amauri Soares, dois grandes executivos da televisão brasileira. Um privilégio para qualquer empresa de comunicação.
Assim, foi natural escolher Amauri para se unir à competente equipe montada por Ricardo e avançar em nosso permanente projeto de modernizar e reforçar os Estúdios Globo como o maior centro de criação e produção audiovisual do Brasil --e um dos maiores do mundo. Um grande cliente e parceiro dos Estúdios Globo, Amauri Soares terá muito a contribuir na valorização da nossa produção de entretenimento para todas as plataformas da Globo.
Ricardo gosta de lembrar que chegou aqui garoto. Com 22 anos, assinou seu primeiro contrato com a Globo. De lá até aqui foram 40 anos de uma jornada contada por grandes e importantes histórias em novelas, séries e programas de variedades que marcaram não só a sua trajetória, mas a da Globo e de todos os brasileiros. Quatro por Quatro, História de Amor, Por Amor, Laços de Família, Mulheres Apaixonadas, Cabocla, A Favorita, Cordel Encantado e Avenida Brasil são só algumas das novelas que ele dirigiu.
Além de séries e minisséries como Presença de Anita, Mad Maria, A Cura e Por Toda a Minha Vida, obra com várias indicações ao Emmy, Ricardo também se dedicou a outros gêneros. Entre os programas de Variedades, esteve à frente de Amor e Sexo, Domingão do Faustão e Altas Horas, entre outros.
Ricardo foi assistente de direção, diretor de programa, diretor de núcleo, diretor de gênero, diretor da produtora e, desde 2020, é diretor dos Estúdios Globo. Neste papel, combinou sua visão artística com as necessidades do negócio para que os Estúdios dessem uma contribuição fundamental à nossa jornada de transformação.
Demonstrando também grande capacidade de gestão, levou a produtora a buscar excelência e atualizou os processos de criação e produção dos nossos conteúdos, resultando na versão mais moderna e eficiente que conhecemos hoje dos Estúdios Globo. As marcas que Ricardo deixa nesta empresa são para sempre.
Já Amauri Soares conta com carinho que, quando entrou no Jornalismo da Globo em 1987, a emissora exibia a novela O Outro, dirigida por Ricardo. Em 15 anos de atuação no Jornalismo, Amauri foi chefe de Redação do Fantástico, editor-executivo do Jornal da Globo, editor-chefe do Jornal Nacional, diretor de Jornalismo em São Paulo e diretor-executivo da Central Globo de Jornalismo.
Durante seis anos, foi diretor executivo da Globo Internacional em Nova York. De volta ao Brasil, criou e liderou a diretoria de Eventos da Globo e, na sequência, foi diretor de Programação por sete anos. Com a integração das empresas, assumiu a direção do Canal TV Globo, comandando também a rede formada por nossas regionais e afiliadas em todo o país. Irá agora acumular essa missão com a de líder dos Estúdios Globo, colocando seu profundo conhecimento do público brasileiro e vasta experiência no audiovisual a serviço de todas as plataformas e canais da Globo.
Durante os próximos meses de transição, Ricardo e Amauri vão trabalhar juntos. A partir de junho, Amauri assumirá a liderança dos Estúdios Globo e tanto os Estúdios como a TV Globo continuarão operando como unidades independentes dentro da estrutura da empresa.
Em meu nome e da minha família, agradeço aos dois pela dedicação e pela parceria, essenciais para os próximos passos dessa empresa que estamos transformando juntos, todos os dias.
Paulo Marinho."
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