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Minissérie intensa

Engraçadinha volta ao ar e desafia conservadorismo com evangélica pecadora

Reprodução/TV Globo

A atriz Claudia Raia em caracterizada como a protagonista da minissérie Engraçadinha

A atriz Claudia Raia provou que pode fazer uma personagem dramática na minissérie Engraçadinha

FERNANDA LOPES

Publicado em 9/1/2020 - 5h12

A minissérie Engraçadinha (1995) é baseada na obra original de Nelson Rodrigues (1912-1980), publicada há 50 anos, mas provavelmente seria considerada "subversiva" demais para exibição na TV aberta atualmente. A atração está de volta ao ar pelo canal Viva desafiando o conservadorismo com uma história intensa e cheia de pecados.

Engraçadinha estreou na Globo em 1995 e foi um marco para as carreiras de duas atrizes: Alessandra Negrini e Claudia Raia. A primeira teve na minissérie seu primeiro papel de destaque na emissora. Já a segunda conseguiu provar que era capaz de encarar um papel mais dramático depois de anos na comédia escrachada.

A Engraçadinha de Alessandra era a personagem na versão jovem, filha de um deputado moralista no Rio de Janeiro dos anos 1940. A vida da jovem de 18 anos era atormentada por interesses amororos diversos: ela estava noiva do simplório Zózimo (Pedro Paulo Rangel), ao mesmo tempo em que era verdadeiramente apaixonada por seu primo Silvio (Ângelo Antônio) e levava cantadas de sua melhor amiga, Letícia (Maria Luisa Mendonça).

A história se complicou (muito) quando Engraçadinha e Silvio foram para a cama. O pai dela descobriu e revelou que o suposto sobrinho, na verdade, era seu filho. Muito abalado pelo incesto cometido, Silvio se matou. Nesse período, Letícia também declarou sua paixão gay e não correspondida pela amiga.

Após a tragédia, Engraçadinha se torna uma mulher recalcada, evangélica e reprimida. Dezessete anos se passam, e a personagem na versão madura é interpretada por Claudia Raia. Ela é então uma mulher casada, muito religiosa e muito rígida na criação dos filhos.

A trama fica ainda mais interessante quando Engraçadinha reencontra pessoas de seu passado e fica tentada a viver seus desejos e o que considera serem pecados da carne.

Engraçadinha fez sucesso na exibição original, e Claudia Raia foi muito elogiada pelo papel. No programa Conversa com Bial, ela contou que insistiu para fazer o teste e foi "disfarçada" com uma peruca, porque os diretores não acreditavam que uma comediante como ela poderia se dar bem numa personagem tão dramática.

A minissérie foi reprisada na Globo duas vezes depois disso, em 1998 e em 2002. Mas, no Brasil de 2020, é difícil até imaginar a emissora colocando no ar uma obra de Nelson Rodrigues tão intensa e com referências tão claras à repressão e à hipocrisia relacionadas à religião.

No Viva, Engraçadinha está um tanto escondida na programação. Estreou no último domingo (5) e irá ao ar semanalmente, com episódios até 17 de maio, às 23h45.

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