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Memória da TV

Em 1990, Carlos Alberto de Nóbrega tentou tirar Silvio Santos dos domingos na TV

Divulgação/SBT

Silvio Santos no Topa Tudo por Dinheiro, que apresentava nos anos 1990, quando ameaçou se aposentar - Divulgação/SBT

Silvio Santos no Topa Tudo por Dinheiro, que apresentava nos anos 1990, quando ameaçou se aposentar

THELL DE CASTRO

Publicado em 10/2/2019 - 6h55

O ano de 2019 começou e Silvio Santos segue a todo vapor na televisão, comandando seu programa dominical com quatro horas de duração. No entanto, de acordo com planos do próprio apresentador, ele deveria ter se afastado gradualmente da televisão a partir de 1990.

De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo de 18 de janeiro daquele ano, o SBT estava planejando o afastamento gradual de seu proprietário da programação de domingo, quando ele ficava boa parte do dia no ar.

"Ele faria um novo programa para ir ao ar durante a semana. O programa faz parte de uma série de mudanças em diferentes setores do SBT", informou ao jornal Carlos Alberto de Nóbrega, que além de comandar A Praça É Nossa, era diretor artístico do canal e encabeçava o projeto.

"Sugerimos ao Silvio. Ele está pensando se aceita ou não. Seria um programa de uma hora e vinte minutos de duração, nos moldes do quadro Show de Prêmios, com farta distribuição de eletrodomésticos, bicicletas, motos, casas e automóveis, entremeado com a parte musical. Ele gostou da ideia", afirmou Nóbrega.

"Porque o programa de domingo deixou de ser do Silvio desde que o Gugu passou a dividir a sua apresentação", completou.

A reportagem apresentou algumas razões para Silvio Santos deixar os domingos --a previsão era que a transferência para um dia da semana ocorresse dentro de seis meses.

O primeiro era o fator saúde. Silvio, que estava com 60 anos, havia acabado de passar por um problema nas cordas vocais que quase o tirou da televisão. Foi por esse motivo, inclusive, que ele barrou a ida de Gugu para a Globo e dividiu o comando do seu programa com o pupilo.

Outro importante ponto era a política. Em 1989, Silvio Santos decidiu, repentinamente, ser candidato à Presidência da República, mas acabou impugnado. Em 1990, queria ser candidato a governador de São Paulo; em 1992, quase tentou a prefeitura da capital paulista.

Caso fosse eleito, o SBT precisaria sobreviver sem seu criador. "Aos pouquinhos, a emissora deveria contratar outros animadores, como César Filho e Nei Gonçalves Dias para dividir com Silvio a carga do programa. Porque amanhã, se ele quiser ser governador, presidente ou senador, ele só fará falta por uma hora", explicou Nóbrega.

"Imagina se o Silvio deixar o programa amanhã, que prejuízo causará para a emissora? O Programa Silvio Santos é responsável por 30% do faturamento da casa", emendou.

Novo anúncio oito anos depois
Silvio voltou a anunciar que iria deixar a televisão alguns anos depois, em 1998. Em 24 de maio daquele ano, O Estado de S. Paulo informou: "Começou a contagem regressiva para Silvio Santos sair do ar. O apresentador, que está há 39 anos na TV, marcou a data de sua aposentaria em programas de auditório".

"Quero sair de cena em um ano e meio ou dois", disse o próprio ao jornal. "Se a repercussão de minha saída e a vaidade dos meus possíveis sucessores atrapalharem, posso adiar os planos, mas não gostaria", completou.

Os nomes para ocupar seu lugar eram naturais para a época --Gugu Liberato, que vivia grande fase no Domingo Legal, e Celso Portiolli, que despontava em diversos programas e havia comandado o Tempo de Alegria.

Na mesma reportagem, Silvio anunciou que o SBT provavelmente faria uma fusão com algum grupo estrangeiro no futuro. Ele estava embarcando para o México, onde negociaria com a Televisa, sua eterna parceira.

"Fazer fusões é o destino de toda emissora. Pode não ocorrer agora, pode nem ser com a Televisa, a Disney ou outra empresa, mas a fusão será inevitável no futuro do SBT", declarou.

Como sabemos, as tentativas de aposentaria não deram em nada. Silvio Santos continua firme e forte, aos 88 anos, no comando do SBT e de seu programa. E o SBT, até o momento, não passou por essa fusão que seria inevitável. A conferir no futuro.


THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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