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Guerras Alheias

Documentário da HBO mostra que combate ao narcotráfico pode causar câncer

Divulgação/HBO

A camponesa colombiana Luz Marina chora em entrevista ao documentário Guerras Alheias - Divulgação/HBO

A camponesa colombiana Luz Marina chora em entrevista ao documentário Guerras Alheias

FERNANDA LOPES

Publicado em 13/6/2016 - 5h28

A HBO estreia nesta segunda-feira (13), às 22h, o documentário Guerras Alheias, que mostra uma perspectiva ainda não explorada na TV sobre um dos conflitos mais complexos da América Latina, o narcotráfico na Colômbia. A produção aborda a questão da pulverização aérea com glifosato, herbicida que tem consequências sérias tanto para os guerrilheiros e traficantes quando para os moradores de regiões rurais do país. O produto causa câncer.

Em 2000, a Colômbia assinou um acordo com os Estados Unidos (o Plano Colômbia) para lutar contra o narcotráfico. Uma das medidas que o governo colocou em prática foi pulverizar o herbicida glifosato na fronteira com o Equador, para matar as folhas de coca que servem de base para a produção de cocaína.

No entanto, além de não apresentar resultados efetivos contra os criminosos, essa medida causou danos graves à saúde dos camponeses das áreas pulverizadas, que tiveram sérios problemas de pele, viram suas plantações lícitas serem destruídas e foram obrigados a se mudar para outras regiões do país. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 2015, que havia evidências suficientes para considerar a substância cancerígena.

Em cerca de uma hora e 20 minutos de documentário, o diretor Carlos Moreno reúne 30 entrevistas, imagens de arquivo de telejornais colombianos e estatísticas recentes para mostrar como, ao longo de 16 anos, o glifosato se tornou mais um problema do que uma solução.

"Nós ficamos no meio dos dois lados do problema [o do governo e o dos camponeses]. Esse foi o desafio mais forte. O conflito tem mudanças todos os dias, nós estávamos quase terminando e havia várias coisas acontecendo. Isso deixou o projeto quase obsoleto. Foi um desafio encontrar o ponto onde poderíamos parar", explicou o diretor, que trabalhou no documentário durante dois anos e meio.

Apesar de ter de fato ouvido os dois lados, o documentário deixa claro quem são os vilões da situação para o diretor: os governantes, tanto dos Estados Unidos quanto da Colômbia. Em determinada cena, o então ministro da saúde colombiano, Alejandro Gaviria, afirma que nunca leu o relatório completo da OMS para saber os reais efeitos da substância _só leu um resumo. Logo no início, o sociólogo Alfredo Molano explica a realidade da questão que dá título à produção: "Para os camponeses, o problema é social e econômico. Para o governo, sempre foi um problema de guerrilha".

Divulgação/HBO

Alejandro Gaviria, que já foi ministro da saúde na Colômbia, em entrevista ao documentário

Narcotráfico na TV

A questão do narcotráfico na Colômbia ganhou evidência no ano passado com a série Narcos, da Netflix, protagonizada pelo ator brasileiro Wagner Moura. A produção conta a história de Pablo Escobar, colombiano que foi um dos maiores traficantes do mundo nos anos 1980 e 1990.

Para o diretor Carlos Moreno, o entretenimento ganhou má reputação por causa das produções que mostram as drogas em um universo de glamour, mas afirma que, como profissional, sua intenção é chamar a atenção do mundo para o problema.

"Esse assunto esteve nos jornais, mas nunca saiu da Colômbia na dimensão que a HBO oferece, de mais de 40 países. Mais do que importante e democrático, ele é necessário. É entretenimento também, ao mesmo tempo em que é informativo", declara.


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