Do mundo cão para o poder: telejornais policiais elegem até governadores

Você já imaginou viver em um local governado por um jornalista que dividia palco com um anão enquanto apresentava notícias policiais? Essa é a nova realidade de quem mora no Amazonas. Wilson Lima, apresentador da edição local do Balanço Geral, da Record, foi eleito governador no último domingo (28) com 58,5% dos votos válidos. Ele é apenas um dos vários nomes que chegaram ao poder em 2018 graças aos anos de exposição na TV popular.

Além do Amazonas, as maiores redes do país estão por trás de governadores de mais três Estados. Rio de Janeiro, Paraná e Pará serão governados nos próximos quatro anos por nomes diretamente relacionados ao SBT e a Band.

Outros apresentadores, fenômenos de audiência em suas regiões, também conseguiram cadeiras no Senado e na Câmara dos Deputados.

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A seguir, dez nomes da TV que conseguiram se sobressair no pleito e que garantiram espaço na política a partir de 2019. Confira: 

Amaro Neto, deputado federal (ES)
Titular da versão capixaba do Balanço Geral desde 2009, o radialista se aventura na política há quatro anos. Em 2015, foi eleito deputado estadual. Agora, vai para Brasília como o deputado federal mais votado do Estado, com 181 mil votos. Ele se tornou conhecido nacionalmente pelas bizarrices. Na foto ao lado, imita um personagem de Os Dez Mandamentos.

Carlos Viana, senador (MG)
O jornalista de 55 anos apresentou o MG Record, principal noticiário da Record Minas, durante dez anos. Fenômeno de audiência, impôs a primeira derrota da história do MG2, telejornal da Globo local. Pediu demissão no início do ano para disputar uma vaga ao Senado pelo PHS. Com mais de 3 milhões de votos, conseguiu se eleger logo na sua primeira disputa.

Gilberto Ribeiro, deputado estadual (PR)
Nome mais conhecido da RICTV, Ribeiro é titular da versão curitibana do Balanço Geral. Costuma se fantasiar (foto ao lado) e esbravejar contra bandidos. Teve um momento de relevância nacional em 2017, após chamar a atenção para sua genitália ao publicar fotos só de sunga em uma rede social. Foi eleito com mais de 60 mil votos.

Hélder Barbalho, governador (PA)
Membro do clã Barbalho, um dos mais influentes da política paraense, Hélder é uma exceção nesta lista: é um político que migrou para a televisão para se tornar ainda mais relevante. Nos últimos anos, fazia comentários no Barra Pesada (foto ao lado) e no Brasil Urgente local, na RBA TV, emissora pertencente ao seu pai. Elegeu-se governador com 55,4% dos votos.

Hélio Costa, deputado federal (SC)
Jornalista com mais de 40 anos de estrada, Hélio Costa era responsável pela maior audiência da RICTV, afiliada da Record em Florianópolis. À frente da versão local do Cidade Alerta, ele chegava a alcançar médias de 12 pontos, enquanto o restante da programação da emissora mal passava de 4. Foi eleito deputado federal com pouco mais de 179 mil votos.

Joice Hasselmann, deputada federal (SP)
A nova representante de São Paulo na Câmara não teve muita sorte em seus empregos. No Paraná, passou por Band, SBT e Record, onde foi âncora do matinal Paraná no Ar (foto ao lado). Acusada de plágio, foi demitida da revista Veja. Seu último trabalho em um veículo de mídia foi na Jovem Pan, à frente do programa Os Pingos nos Is.

Ratinho Júnior, governador (PR)
Herdeiro da Rede Massa, afiliada do SBT no Paraná, Carlos Roberto Massa Júnior ganhou notabilidade utilizando o apelido que tornou seu pai conhecido nacionalmente. Eleito para o governo do Estado com 59,99% dos votos, ele usava a emissora de sua família como uma espécie de "Diário Oficial". Ao lado, foto de uma participação no Tribuna da Massa, noticiário da hora do almoço.

Rosana Valle, deputada federal (SP)
Repórter e apresentadora da TV Tribuna, afiliada da Globo no litoral de São Paulo, a jornalista era figura frequente em links do Bom Dia São Paulo (foto ao lado). Quando pediu demissão, em maio, estava havia 18 anos comandando o programa Rota do Sol, nas tardes de sábado. Foi eleita deputada federal pelo PSB com mais de 106 mil votos.

Wilson Lima, governador (AM)
Titular do Alô Amazonas, que equivale ao Balanço Geral na TV A Crítica, o jornalista de 42 anos conseguiu se eleger ao maior cargo estadual logo em sua primeira disputa. No programa policial, ele tinha um anão como coapresentador (foto ao lado). Apoiado pela emissora, voltou ao ar ontem (28) para se despedir da atração que comandou durante oito anos.

Wilson Witzel, governador (RJ)
Além do apoio de Jair Bolsonaro, eleito presidente da República, o ex-juiz federal Wilson Witzel também contou com anos de visibilidade no SBT Rio. Ele era comentarista político do telejornal local que a emissora veicula na hora do almoço. No domingo, quase cinco milhões de pessoas, ou 59,87% dos votos válidos, o elegeram ao Palácio Guanabara.