FERNANDO PELEGIO
REPRODUÇÃO/SBT
Fernando Pelegio em evento de lançamento de A Infância de Romeu e Julieta para a imprensa
Na última quarta (24), a saga de Poliana (Sophia Valverde) finalmente chegou ao fim, somando um total de 871 capítulos --564 de As Aventuras de Poliana (2018) e mais 307 de Poliana Moça (2022). O desfecho, contudo, foi decepcionante. O último capítulo somou apenas 6 pontos de audiência na Grande São Paulo, bem longe dos 15 marcados na estreia da novela --quando chegou a ficar apenas 5 pontos atrás da Globo.
Ainda assim, Fernando Pelegio, vice-presidente do departamento artístico e diretor criativo da emissora, não pretende diminuir a duração das novelas infantis. Para ele, quaisquer críticas nesse sentido não correspondem ao mercado mundial. "[As críticas só existem] Porque no Brasil não se tem esse costume [de fazer novelas longas]. A Globo não tem esse costume", cravou.
O diretor deu a declaração durante a coletiva de imprensa para o lançamento de A Infância de Romeu e Julieta, novo produto da emissora em parceria com o Prime Video. Ele se incomodou quando um jornalista comparou a duração das tramas do SBT com um "padrão mundial".
Deixa eu só corrigir um pouquinho: nós temos novelas norte-americanas que estão há 40 anos no ar. General Hospital [1963-] está há 60 anos no ar. Então nossas novelas, que tem 300, 350 capítulos, não são nada [perto das demais]... Não é um padrão mundial. Na Alemanha, tem uma novela que está cinco anos no ar. É porque no Brasil não se tem esse costume. A Globo não tem esse costume. Mas não quer dizer que a gente precise respeitar. Nós temos o sistema brasileiro de fazer telenovela.
De fato, outros países exibem produções enormes --embora divididas em temporadas, num estilo mais semelhante ao de séries. Outra questão é que, nesses locais, as telenovelas não são os principais produtos artísticos e comerciais, como no Brasil.
A própria General Hospital, citada como exemplo por Pelegio, está longe de alcançar o público de outrora. Se em 1981 um capítulo do produto alcançava 30 milhões de pessoas, em 2010 apenas 3 milhões acompanhavam a novela. Verbotene Liebe (1995-2015), por sua vez, era como uma versão alemã de Malhação (1995-2020). Voltada para o público jovem, ela era dividida em temporadas e mudava constantemente o elenco.
Apesar de defender a longa duração, Pelegio admitiu que ainda não há uma previsão de capítulos para A Infância de Romeu e Julieta. Tudo depende da recepção do público. A autora Iris Abravanel fez questão de tirar o seu da reta. "Eu respeito a direção. O que eles me pedem, eu faço. Quando está dando certo [a direção fala]: 'Olha, aumenta mais os capítulos'. E para formar novos núcleos, novas histórias, é um trabalho tremendo".
Ela, inclusive, culpou o diretor Reynaldo Boury (1932-2022) pela saga interminável de Poliana. "Ele ficava: 'Iris, faça aquilo, faça mais isso, vamos duplicar, vamos triplicar', e aconteceu... Foi graças ao Boury mesmo que nós chegamos ao 560", ressaltou a novelista. "Ele já tinha um recorde em Redenção [1966-1968, da TV Excelsior, com 596 capítulos], e queria bater o recorde dele mesmo", completou Pelegio.
A grande novidade é a parceria com o Prime Video, que assina o novo folhetim como coprodutor. Mas nem isso deve alterar a longevidade das novelas. António Forjaz, country manager da Amazon (ou seja, o gerente que representa a empresa no Brasil) admitiu que a enorme quantidade de horas de reprodução é benéfica para os resultados na plataforma. "Existem provas de que esse tipo de conteúdo funciona", declarou, também no evento.
De fato: produções infantis do SBT, como Carrossel (2012) e Chiquitas (2013), costumam figurar entre as obras mais vistas mundialmente na Netflix --embora estejam disponíveis apenas no Brasil.
A Infância de Romeu e Julieta conta as histórias das famílias Monteiro e Campos, cuja rixa prevaleceu por gerações. As coisas só começam a mudar quando Romeu (Miguel Ângelo) e Julieta (Vittória Seixas) se apaixonam.
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