Com vampiros e robôs, Turma da Mônica mostra que não é fácil ser adolescente

Conhecida por leitores de todo o Brasil há mais de 50 anos, a Turma da Mônica encanta o público com histórias de quatro amigos no bairro do Limoeiro. Com o passar do tempo, Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão viraram adolescentes. Na fase jovem, eles encaram os dilemas típicos da idade, como namoros, ciúme e corações partidos. Enfrentam também desafios nada comuns, como vampiros e robôs descontrolados.

Essas são algumas das novidades da nova leva de episódios da Turma da Mônica Jovem, que estreia no Cartoon Network nesta segunda (13), às 18h. Logo no primeiro capítulo, o inimaginável acontece: Xaveco, o eterno coadjuvante das HQs, ganha destaque e fica popular no colégio.

"A gente gosta de dar protagonismo para além dos quatro principais também, a Turma da Mônica é rica em personagens, e tem alguns que são muito queridos. Já tivemos o Jeremias, o Titi... O Xaveco e a Denise, sempre que aparecem, são ovacionados. Então a ideia é continuar expandindo esse universo criado pelo Mauricio de Sousa, ainda tem muita coisa para explorar", adianta Marcos Saraiva, produtor executivo da animação, ao Notícias da TV.

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A primeira leva de capítulos, lançada em 2019, mostrou Mônica dividida entre Cebolinha e Do Contra --que, na fase teen, são chamados de Cebola e DC, respectivamente. Contrariando todas as expectativas, a protagonista escolheu o irmão de Nimbus. Os novos episódios mostrarão o desenvolvimento desse romance e como o garoto que fala "elado" vai lidar com essa derrota --será que vem algum plano infalível aí?

Narrativa contínua

Ao contrário da maior parte das animações existentes, Turma da Mônica Jovem tem um arco narrativo que se estende por vários episódios, em vez de tramas que começam e terminam em 12 minutos. A estratégia de contar histórias mais longas surpreendeu até os executivos do Cartoon.

"Não é o padrão do [canal] linear ter essa continuidade, mas a gente já teve experiências bem positivas. E a primeira leva de episódios mostrou que dá para quebrar esse paradigma dos conteúdos self contained, que terminam em si mesmos. No caso da Turma Jovem, foi natural, os quadrinhos já têm esse arco, a gente acompanha a evolução dos personagens", explica Marina Filipe, gerente sênior de produções originais da WarnerMedia Kids & Family.

Por tratar de adolescentes, é natural que Turma da Mônica Jovem aborde relacionamentos amorosos --além do triângulo amoroso Cebola-Mônica-DC, Cascão segue firme no seu namoro com Maria Cascuda, Magali divide sua fixação por comida com o padeiro Quim, e Franjinha e Marina tentam superar a dicotomia ciência x arte com uma paixão arrebatadora. Não espere, porém, que a narrativa avance para terrenos mais espinhosos para as crianças.

"Nunca vamos ter sexo, sangue, violência. Os conteúdos têm que ser para toda a família, é uma das premissas do Mauricio e dos gestores. A gente tenta retratar a sociedade, os assuntos que os adolescentes vivem, senão cria um distanciamento com o público. A Turma da Mônica Jovem fala de relações, sejam amorosas, familiares, de amizade, mas sempre de uma maneira leve", justifica Saraiva.

O foco no público infantil não impede, no entanto, que temas importantes sejam levantados pela animação. No segundo episódio, por exemplo, Marina fica frustrada quando percebe que Franjinha não ouve o que ela tem a dizer. O comportamento machista do inventor vem à tona quando ele ganha uma robô experimental para testar, e a ginoide confunde a pintora com uma máquina tão submissa ao seu "dono" quanto ela. É o bastante para a adolescente iniciar uma revolução no namoro --e na vida.

Os 13 novos episódios de Turma da Mônica Jovem serão exibidos em maratonas diárias até quinta-feira (16). A partir do dia 21, o Cartoon terá reapresentações semanais, todas às terças-feiras, às 17h45.