JORNAL NACIONAL
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista ao Jornal Nacional nesta quinta (25)
DANIEL FARAD e GABRIELA RODRIGUES
Publicado em 25/8/2022 - 21h03
Atualizado em 25/8/2022 - 22h44
Os escândalos de corrupção durante os governos do PT (Partido dos Trabalhadores) foram os assuntos centrais da sabatina de Luiz Inácio Lula da Silva no Jornal Nacional nesta quinta (25). William Bonner confrontou o candidato à presidência sobre desvios na Petrobras, mas reconheceu os erros no processo que levaram o ex-presidente à prisão por 580 dias.
"O STF [Supremo Tribunal Federal] lhe deu razão, considerou o juiz Sergio Moro parcial, anulou a condenação do caso do triplex e outras ações por ter considerado a Vara de Curitiba incompetente. Portanto, o senhor não deve nada à Justiça", reconheceu o apresentador.
"Mas houve corrupção na Petrobras. Segundo a Justiça, com pagamentos a executivos da empresa a políticos de partidos como PT, PMDB e o PP. Como o senhor vai convencer os eleitores de que esses escândalos não vão se repetir?", acrescentou.
Lula afirmou que foi massacrado e que a entrevista é a primeira oportunidade de falar abertamente sobre o tema ao vivo com o povo brasileiro:
Primeiro que a corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada. Eu queria começar dizendo que foi no meu governo que a gente criou o Portal da Transparência, que colocou a CGU [Controladoria-Geral da União] para fiscalizar, que a gente criou a Lei de Acesso à Informação. A gente criou a Lei Anticorrupção, a lei contra o crime organizado, contra a lavagem de dinheiro. Nós criamos a Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] para cuidar de movimentações financeiras atípicas, o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] para combater cartéis.
O político também falou abertamente sobre o mensalão, que é considerado um dos pontos fracos de sua candidatura. "Você está lembrado que, em 2005, quando surgiu a questão do mensalão, eu falei: 'só existe uma possibilidade de alguém não ser investigado nesse país, que não é cometendo erro'", disparou.
"Qual foi o equívoco da Lava Jato? Foi que a Lava Jato se enveredou por um caminho político delicado, a Lava Jato ultrapassou o limite da investigação, e o objetivo era tentar condenar o Lula", concluiu o ex-metalúrgico.
Bonner insistiu para que Lula fosse mais objetivo em falar sobre mecanismo de controle de corrupção para evitar novos escândalos em grande escala. "Então eu retorno a pergunta original: como o senhor pode assegurar que elas não se repetirão?", reforçou.
O petista fez críticas diretas a Jair Bolsonaro, lembrando que sempre respeitou a lista tríplice na escolha do procurador-geral da União. "Eu poderia ter feito isso, mas não fiz. Eu poderia ter pedido que a Polícia Federal tivesse um delegado que eu pudesse controlá-lo, mas não fiz. Permiti que efetivamente as coisas acontecessem do jeito que precisassem acontecer", explicou.
"A corrupção só aparece quando você governa de forma republicana e permite que as pessoas sejam investigadas independentemente de quem sejam. Eu tive a sorte de ter um ministro do porto do Márcio Thomaz Bastos, que era uma figura inatacável neste país. Pode ficar tranquilo, quem cometer erro, pagará", arrematou ele.
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