SABATINA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Lula conversou com jornalistas do Jornal Nacional como candidato pela primeira vez desde 2006
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o candidato à presidência entrevistado pelo Jornal Nacional nesta quinta (25). William Bonner e Renata Vasconcellos questionaram o ex-presidente a respeito dos casos de corrupção em governos anteriores, abordaram a questão agrária e a crise econômica. Ele usou o momento para também criticar Bolsonaro, a quem chamou de "bobo da corte".
Bonner começou a entrevista falando sobre corrupção. O âncora lembrou que atualmente Lula não deve nada à Justiça, mas que isso não anularia os pagamentos a executivos da empresa e a políticos de partidos como o PT. Ele questionou o petista sobre como ele iria convencer os eleitores a respeito da não continuidade de tais escândalos.
O ex-metalúrgico afirmou que todo crime deve ser investigado. Ele ressaltou que, durante seu governo, foram criados diferentes projetos para tornar as contas públicas mais claras. "Foi a gente criou o Portal da Transparência, criou a Lei do Acesso à Informação", começou.
"Não há hipótese [de corrupção]. Eu quero voltar à presidência da República, se alguém cometer qualquer crime, por menor que seja, essa pessoa será punida", disse.
Lula criticou na sequência a Lava Jato, afirmando que, sob sua ótica, o "roubo era oficializado", porque, por conta da delação premiada, muitos se mantiveram em liberdade e ainda enriqueceram.
Renata o questionou a respeito da esquiva em responder se irá respeitar a lista tríplice da Procuradoria-Geral da República. Mais uma vez, o petista desviou da pergunta a afirmou não querer amigos. Ele disse ainda que não quer fazer planos enquanto não estiver eleito.
Diante da insistência, Lula afirmou que não vai interferir na Polícia Federal e citou o nome de Jair Bolsonaro, atual presidente, ao dizer que o candidato do PL troca diretores a qualquer momento, "quando quer".
Lula fez um comparativo nesse ponto às eleições de 2002, lembrando que a economia estava "quebrada" naquele ano. O candidato lembrou que, em seu primeiro mandato, reduziu a dívida pública e realizou a maior política de inclusão social do Brasil. Na sequência, destacou a necessidade de haver credibilidade, previsibilidade e estabilidade.
Ainda no tema, Bonner lembrou a recente explosão da inflação e a crise econômica e questionou Lula sobre qual receita ele adotaria se ganhasse as eleições --a que usou em seus governos anteriores ou a de Dilma Rousseff.
Lula reconheceu os equívocos de Dilma, lembrando os problemas da ex-presidente. Bonner insistiu na pergunta, e o candidato afirmou que a modo de lidar com a economia será diferente de ambos os casos, porque o cenário já é outro, embora planeje reduzir a inflação do mesmo modo que conseguiu fazer em 2002. "Pretendo fazer uma gestão de acordo com aquilo que nós construímos", avisou.
Renata citou o Centrão, e Lula lembrou que o bloco não é um partido político e que quem ganhar as eleições terá de lidar com os partidos e o Congresso. A jornalista questionou como combater a corrupção levando em consideração as relações políticas, e o candidato disse que as pessoas devem ser denunciadas e que, por isso, é a favor de imprensa livre.
O petista também disse que Bolsonaro não coordena o orçamento e o chamou de "bobo da corte". Renata o indagou conseguiria levar os parlamentares a abrir mão do orçamento secreto, e o candidato confirmou. "Pode me cobrar", disse.
Bonner emendou o tema político ao citar a não aceitação de alguns militantes seguidores do PT em relação a Geraldo Alckmin como vice-presidente. Lula elogiou o político e afirmou que ele irá ajudá-lo a governar no caso de uma vitória.
O ex-presidente lembrou que a polarização entre PT e PSDB era uma disputa saudável. Bonner insistiu, afirmando que, mesmo que respeitosa entre os políticos, a militância se mostrava agressiva. O candidato comparou a situação a torcida organizada de futebol e que isso não implica em uma polarização doente, mas sim saudável.
"O importante é que a gente não confunda polarização a estímulo ao ódio", acrescentou Lula, dizendo na sequência que os divergentes precisam estar juntos para derrotar os antagônicos --no caso, a extrema direita. "O fascismo", ressaltou.
Renata lembrou que o agronegócio não é contrário ao meio ambiente, e Lula discordou. Em relação ao MST (Movimento dos Sem Terra), ele disse que o órgão está "cuidando de produzir" e que a iniciativa é diferente de 30 anos atrás.
"O pequeno e médio produtor rural tem que viver bem galgando o negócio que o Brasil tem", frisou.. O candidato reforçou a convivência entre diferentes frentes do agro, a fim de incentivar a harmonia econômica interna.
Bonner perguntou se a política de Lula de se abster a criticar extremistas de esquerda não seria uma contradição em termos democráticos. O petista negou a contradição e disse que é necessário cultivar amigos em partidos discrepantes. Na sequência, afirmou ainda que, se for eleito, verá uma enxurrada de amigos desaparecidos novamente visitarem o país.
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